Crédito privado: o que saber antes de investir no setor de petróleo e distribuição de combustíveis

Com baixo custo de exploração, empresas brasileiras devem mostrar resiliência diante da expectativa de queda do preço do petróleo neste ano e no próximo, diz Itaú BBA

A expectativa de desaceleração da economia global, que já pressionava o preço do petróleo na virada do ano, deu uma guinada e tende a reduzir a geração de caixa do setor. Enquanto isso, as distribuidoras continuarão sofrendo com as importações de combustíveis fora dos padrões regulatórios. É o que aponta o Itaú BBA em relatório sobre investimento em crédito privado.

A Inteligência Financeira fez um resumo de relatório do Itaú BBA com 50 empresas de 15 setores; confira.

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De todo modo, o baixo custo de extração — especialmente no pré-sal — confere resiliência operacional e ajuda a preservar os fundamentos de crédito das petroleiras no curto prazo.

Individualmente, a diferenciação entre emissores em relação ao perfil financeiro tende a se intensificar. O Itaú BBA destaca o caso da Vibra (VBBR3), que agora direciona esforços para sinergias com a Comerc, enquanto a Ultrapar (UGPA3) terá de conciliar a retomada de rentabilidade na Ipiranga com os desafios operacionais e estratégicos da Hidrovias do Brasil, adquirida recentemente.

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“A trajetória de crédito das companhias dependerá da capacidade de responder a pressões de custo, volatilidade de preços e riscos regulatórios, preservando liquidez e mantendo disciplina na alocação de capital”, afirmou o BBA.

Petrobras

A Petrobras (PETR4) vem se mantendo eficiente mesmo diante de atrasos em licenças ambientais e menor preço do Brent.

Na área de exploração e produção, operou com 80% da produção concentrada no pré-sal, mantendo-se eficiente mesmo em um ano com atrasos em licenças ambientais e menor preço do Brent.

Apesar de perspectivas de queda dos preços de petróleo e margens de refino em 2025 e 2026, segundo o Itaú BBA a Petrobras possui um custo de produção baixo (cerca de US$ 31 por barril), o que faz com que sua geração de caixa seja resiliente ao longo dos ciclos das commodities.

A alavancagem financeira (proporção do endividamento em relação ao capital próprio) subiu de 0,85 para 1,29 vez em 2024, reflexo de maiores passivos de leasing e da política de dividendos mais agressiva.

A maturidade média da dívida avançou para 12,5 anos. A posição de caixa de US$ 8,1 bilhões cobre 0,7 vez os compromissos de curto prazo (incluindo arrendamento).

PRIO

Afetada por paradas operacionais e falhas técnicas, a PRIO (PRIO3) teve queda de 4,6% da produção em 2024. Ademais, com a compra do campo de Peregrino, sua alavancagem financeira subiu de 0,7 para 1,2 vez o Ebitda.

A expectativa de preços do petróleo mais baixos neste e nos próximos anos deve pressionar suas receitas.

Porém, com a obtenção das licenças necessárias para a perfuração do primeiro óleo dos campos
e a entrada de Peregrino, a companhia deve apresentar maior geração de caixa a partir dos próximos trimestres, diz o BBA.

Ultra

O setor de distribuição opera sob maior incerteza, diante da expectativa de desaceleração da economia global pressionando os preços do petróleo.

Assim, a trajetória de crédito das companhias dependerá da capacidade de responder a pressões de custo, volatilidade de preços e riscos regulatórios, preservando liquidez e mantendo disciplina na alocação de capital.

A Ultra (UGPA3) enfrenta forte pressão sobre margens, com destaque para o aumento das importações de combustíveis. A operação da Ipiranga foi particularmente impactada pela pressão sobre margens,
decorrente da concorrência informal.

Em contrapartida, Ultragaz e Ultracargo mantiveram desempenho operacional resiliente, beneficiadas por ganhos de volume, eficiência logística e melhor mix de produtos

A companhia viu sua alavancagem (dívida bruta/Ebitda) subir de 2,6 para 3,1 vezes em 2024, influenciada pela aquisição da Hidrovias do Brasil e por recompras de ações.

Para o BBA, umas das principais preocupações do mercado em relação à companhia é com a crescente informalidade no setor de combustíveis, que pressionou a rentabilidade da Ipiranga e levou à perda de 2,9 pontos de participação de mercado.

Além disso, a aquisição da Hidrovias (R$ 1,8 bilhão) e a recompra de ações reacenderam discussões sobre disciplina de capital e capacidade de execução simultânea de múltiplas frentes.

Vibra

A companhia operou num cenário setorial desafiador, com queda de 3,0% no volume consolidado de vendas, aumento no custo dos produtos e forte competição, sobretudo no segmento de aviação.

A informalidade no setor, especialmente no etanol, continua impactando margens e participação de mercado, mas a aprovação de mudanças a tributárias e no RenovaBio devem beneficiar a Vibra (VBBR3) já a partir deste segundo trimestre.

A dívida líquida da Vibra fechou 2024 em 0,9 vez o Ebitda ajustado (ante 1,1 vez em 2023), em nível confortável frente à forte geração de caixa e posição de liquidez.

O endividamento segue concentrado em moeda local, com vencimentos bem distribuídos.

O caixa de R$ 10,5 bilhões cobre com folga as obrigações de curto prazo (R$ 2,7 bilhões).

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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