Tesouro IPCA+ volta a pagar 8% e diferença de taxas de curto e longo prazo cai, afirma XP

- Tesouro IPCA+ 2029 retorna a 8%, impulsionado por dados positivos do Caged e projeções inflacionárias.
- Diferencial de taxas entre Tesouro IPCA+ de curto e longo prazo diminuiu.
- Juros futuros dispararam, com taxa DI futura a 15,12% para contratos de 2026.
- Spread em debêntures atreladas ao CDI caiu, enquanto volume de emissões diminuiu.
- Aumento no fluxo de CRIs e CRAs.
A divulgação da forte de geração de empregos no Brasil pelo Caged em fevereiro, além da alta inflação projetada até 2027 pelo Banco Central, levou o mercado financeiro a estressar a curva de juros futuros no curto prazo.
O Tesouro Direto IPCA+ 2029 voltou ao patamar elevado de 8%. Simultaneamente, a diferença de taxas curtas do título híbrido diante das longas caiu no final da semana passada.
Em relatório, a XP Investimentos nota que o diferencial entre os contratos do Tesouro Direto IPCA+ 2035 para o mesmo título com vencimento em 2026 saiu de -34 para -22 pontos base na comparação semanal. A variação indica um ponto de inflexão da curva de juros no curtíssimo prazo.
Assim, as analistas de renda fixa da corretora, Camilla Dolle e Mayara Rodrigues, notam que os juros de meio da curva, próximo do prazo de 2029, registraram a maior alta mensal.
Tesouro Direto IPCA+ volta aos 8%
O Tesouro IPCA+ voltou aos patamares observados em dezembro do ano passado, mas sob condições diferentes.
Se a taxa do título de renda fixa híbrido (que tem rentabilidade composta por inflação e juros prefixados) aumentou em dezembro sob dólar recorde em dezembro, agora o retorno nominal subiu pelo sinal de mercado de trabalho aquecido no Brasil.
O Caged de março apontou a criação de 432 mil vagas de empregos formais em fevereiro, o melhor número da série histórica do indicador.
“Os dados de empregos seguem sugerindo resiliência (do mercado de trabalho). A taxa de desemprego alcançou 6,8% no trimestre móvel até fevereiro, o que é considerado baixo para a série histórica”, disseram Camilla e Mayara, da XP, nesta segunda-feira em relatório (31).
Além disso, a criação líquida de emprego superou as expectativas do mercado de 227,5 mil postos. O mercado financeiro começou a embutir mais prêmio no Tesouro IPCA+ já antes da divulgação do Caged, antecipando uma possível surpresa para cima.
“Com a manutenção do mercado de trabalho em nível aquecido, os investidores reagiram à pressão
inflacionária que o indicador representa, fazendo com que o Tesouro do dia 28/03 ofertasse no início do pregão títulos de IPCA+ 8,00%”, afirmaram as analistas.
Na semana anterior ao Caged, o Tesouro IPCA+ fechou com retorno não indexado de 7,90%.
Debêntures ligadas a CDI caem
Juros futuros tambén dispararam na comparação semanal. A taxa DI futura chegou a 15,12% para contratos de 2026, enquanto os com vencimento para 2030 tiveram um aumento de 30 pontos-base, para 14,94% – o maior medido pela XP.
Na contramão do Tesouro IPCA+, A XP captou uma queda de spread nas debêntures ligadas aos juros no mercado secundário de crédito privado. O IDEX-DI (Índice de Debêntures atreladas ao DI), da gestora JGP, aponta uma queda de 2,07% para 2,04% no prêmio do título.
O volume de emissões em mercado primário do ativo também baixou. O fluxo médio diário de negociações envolvendo debêntures ligadas aos juros caiu de R$ 672 milhões para R$ 631 milhões.
Por outro lado, o volume médio de debêntures incentivadas, isentas de imposto, aumentou.
Por fim, títulos de certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio (CRA) também registraram aumento no fluxo.
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