Poupança segue disparada como o investimento mais popular; por que essa notícia é ruim?

A caderneta de poupança segue, por mais um ano, como o produto de investimento mais utilizado pelos brasileiros. Contudo, a preferência tradicional investimento registrou mais um ano de queda. As conclusões estão na nova edição do Raio-X do Investidor Brasileiro, divulgado pela Anbima nesta terça-feira (29).

O documento é um levantamento realizado anualmente pela associação em parceria com o Datafolha. Para esta edição, pesquisadores entrevistaram 5.846 pessoas com 16 anos ou mais, de todas as classes sociais, entre 4 e 22 de novembro de 2024.

De acordo com a pesquisa, a poupança é o investimento preferido dos brasileiros de longe, com 23% dos entrevistados afirmando que usam a caderneta. Antes, eram 25% em 2023 e 26% em 2022. A redução foi de 2 pontos percentuais, portanto, acima da margem de erro de 1 ponto.

Bem atrás, em um distante segundo lugar, aparecem os títulos privados, com 6% da preferência. Na sequência estão os fundos de investimento (com 5%) e as moedas digitais (com 4%). Esse é o panorama no geral da população brasileira.

Entre os que se declaram investidores (37% da população total), a poupança também aparece em primeiro, com 64%. Na sequência surgem os títulos privados (17%), fundos de investimento (15%), moedas digitais (11%) e ações (8%).

Poupança: baixo rendimento, mas presença histórica

A caderneta de poupança é o menos rentável entre os principais investimentos de renda fixa no Brasil. Por lei, quando os juros básicos da economia estão acima de 8,5% ao ano, como é o caso, a poupança rende sempre 0,5% mais a taxa referencial (TR).

Há outros produtos que possuem, assim como a caderneta, alta liquidez e baixo risco. No caso, o Tesouro Direto, que possui o risco mais baixo, por ser garantido pelo Tesouro Nacional. E o CDB pós-fixado, que é assegurado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até o limite de R$ 250 mil por CPF.

A projeção abaixo é da Calculadora de Renda Fixa da Inteligência Financeira, que utiliza o método preditivo do íon Itaú.

Especialistas apontam a percepção de segurança como o grande ativo para a força da poupança.

“No geral, a poupança está associada aos grandes bancos, com os quais as pessoas no geral já têm um relacionamento de longo prazo e acabam depositando essa confiança muito grande, com essa imagem e percepção de segurança”, pontuou Filipe Arend, head de renda fixa da Faz Capital, em recente entrevista à Inteligência Financeira.

O histórico brasileiro carrega diversos sobressaltos econômicos até a estabilização da economia, como o Plano Real em 1994. Um deles, por sinal, é o que envolve a própria caderneta, com o confisco da poupança no governo de Fernando Collor.