LCI e LCA podem ganhar força entre mais ricos após governo taxar dividendos, indicam especialistas

O governo Lula apresentou na última terça-feira (18) proposta que cria alíquota mínima de Imposto de Renda para quem ganha com investimentos mais de R$ 600 mil por mês. O projeto de lei apresenta taxação na fonte de 10% sobre dividendos acima de R$ 50 mil por mês. Os dividendos, hoje, são isentos para investidores pessoa física.
Para especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira a tendência é que haja migração de capital dos mais ricos para outros produtos. O destaque fica para os títulos isentos incentivados, que estarão fora do cálculo da tributação adicional.
“Os isentos tendem a ganhar força com a nova lei”, avalia Bruno Mori, economista e sócio-fundador da consultoria Sarfin. “Os produtos que vão sofrer o impacto mais direto (positivo) são os títulos isentos que ficaram de fora do projeto”, afirma Sabrina Borges, analista de assessoria de investimentos da Melver.
Na relação estão as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e as debêntures incentivadas.
Para entender |
Embora os especialistas façam sugestões a respeito de qual caminho tomar, cabe ao investidor fazer as contas, pensar e tomar a decisão sobre realocação de recursos. Cada caso acaba sendo… um caso. E por isso a tradicional dica de olhar uma oportunidade refletindo sobre o seu perfil de investidor é ainda mais importante neste momento. |
A lógica indica que os investidores devem buscar a LCI e a LCA mirando manter a isenção sobre os valores investidos contando com as taxas de rentabilidade atuais, que acompanham os juros altos.
Mori cita ainda os fundos de investimento, especialmente os de previdência. Ele afirma já ter visto esse movimento mesmo antes da apresentação do projeto nesta terça-feira.
“Os fundos tendem a ganhar com isso porque você vai continuar na mesma regra. Não sabemos se algo a mais vai acontecer (durante a tramitação no Congresso). Então, até o projeto ser aprovado os fundos devem ter alguma vantagem”, afirma o sócio da Sarfin.
Como ficam as LCIs e LCAs com a tributação do governo
Pela nova regra, o rendimento com os títulos incentivados estará na conta para definir a renda total. E, por consequência, a alíquota mínima da cobrança. Contudo, seguem isentos de tributação para a pessoa física, assim como a poupança, as aposentadorias e pensões, e as indenizações.
Não entram na conta da renda total os ganhos de capital, as heranças ou doações em adiantamento e os rendimentos recebidos acumuladamente. As informações constam de apresentação feita pelo Ministério da Fazenda.
O caminho da proposta |
O projeto que trata da isenção do Imposto de Renda e a consequente tributação de dividendos agora segue para o Congresso Nacional. Ele será avaliado por deputados e senadores que podem propor alterações na proposta original do governo federal. O projeto precisa ser aprovado neste ano para que então possa valer a partir de 2026. |
O governo ainda não apresentou o texto do projeto de lei. Portanto, de acordo com os especialistas, é prudente aguardar a proposta para pensar em grandes mudanças de composição de carteira. “É bom esperar, se não, depois você pode ter de corrigir e vai ser mais difícil”, opina Bruno Mori.
Leia a seguir