Tesouro Direto vai pagar R$ 155 bilhões a investidores. Por que não olhar pra ETFs de renda fixa agora?
O mercado de ETFs ainda é pouco explorado por boa parte dos investidores brasileiros. Mas se engana quem pensa que se trata de uma novidade ou de um instrumento de nicho. Só nos Estados Unidos, esse mercado movimenta mais de US$ 10 trilhões em ativos. E não para de crescer! Em 2015, por exemplo, eram ‘apenas’ R$ 2,1 trilhões. A combinação entre praticidade, diversificação automática e vantagens tributárias levou os norte-americanos a criarem mais de 3,5 mil opções de ETFs por lá.
E com a chegada do dia 15 de maio, quando vencem R$ 155 bilhões em NTN-Bs (títulos do Tesouro Nacional indexados à inflação) do Tesouro Nacional, muita gente ainda está se perguntando o que fazer com o dinheiro que será resgatado. Para quem deseja continuar posicionado em renda fixa – mas sem abrir mão de praticidade e eficiência tributária – os ETFs aparecem como uma alternativa poderosa.
Diferente de investir diretamente em títulos via Tesouro Direto, os ETFs de renda fixa, com raras exceções, têm alíquota fixa de 15% de IR, independentemente do prazo de investimento. Isso os torna especialmente interessantes para quem pretende reinvestir seu dinheiro por prazos mais curtos, mas quer evitar a tabela regressiva do Tesouro Direto, que começa em 22,5% e só chega a 15% depois de dois anos.
Além disso, os ETFs de renda fixa têm outras vantagens bem importantes:
- Reinvestimento automático dos cupons, sem cobrança de IR no momento do recebimento. Para leigos: toda vez que um título do Tesouro paga juros, a gestora do ETF reinveste automaticamente este dinheiro;
- Tributação simples: a alíquota de IR na maioria dos casos fica em 15%, não há incidência de come-cotas ou IOF;
- Transparência total: a composição dos fundos é pública e atualizada com frequência;
- Liquidez diária, já que são negociados em bolsa como qualquer ação;
- Taxas de administração competitivas, geralmente menores que as de fundos tradicionais.
Por isso, pra facilitar sua vida e adiantar uma parte dos seus estudos, trago 5 ETFs de renda fixa negociados na B3 – cada um com perfil e proposta distintos, para diferentes objetivos e prazos.
LFTB11 – Para quem busca liquidez e estabilidade
- O que é: ETF que replica a rentabilidade de títulos públicos pós-fixados (o famoso Tesouro Selic) e atrelados ao IPCA.
- Para quem serve: Ideal para quem quer liquidez, baixo risco e rendimento estável próximo à taxa Selic.
- Taxa de administração: 0,19% ao ano.
- Alíquota de IR: 15% sobre o ganho de capital.
- Patrimônio líquido: R$ 371 milhões.
- Site da gestora: Investo
Prós: Baixa volatilidade e custo reduzido.
Contras: Esse é o ETF mais próximo que temos para seguir o Tesouro Selic com tributação de 15%. Só que para isso, a gestora precisou incluir cerca de 9% da carteira em títulos longos atrelados ao IPCA, o que gera alguma volatilidade adicional. Por conta disso, não convém usar como reserva de emergência.
B5P211 – Proteção contra inflação de curto prazo
- O que é: ETF que investe em títulos Tesouro IPCA+ com vencimento de até 5 anos
- Para quem serve: Boa opção para quem quer se proteger da inflação com um horizonte mais curto.
- Taxa de administração: 0,20% ao ano
- Alíquota de IR: 15% sobre o ganho de capital
- Patrimônio líquido: R$ 2,19 bilhões
- Site da gestora: Itaú Asset
Prós: exposição aos títulos de inflação de curto prazo a um custo reduzido, ideal para objetivos de médio prazo.
Contra: faça muita atenção à liquidez, pra que suas compras não sejam feitas a preços muito distorcidos, o que pode impactar sua rentabilidade. E isso vale pra todos os ETFs por aqui!
IB5M11 – Exposição à inflação no longo prazo
- O que é: ETF focado em títulos Tesouro IPCA+ com vencimentos superiores a 5 anos.
- Para quem serve: Indicado para quem quer manter exposição à inflação por prazos mais longos, assumindo maior volatilidade.
- Taxa de administração: 0,25% ao ano.
- Alíquota de IR: 15% sobre o ganho de capital.
- Patrimônio líquido: R$ 528 milhões.
- Site da gestora: Itaú Asset
Prós: Ideal para ter proteção contra inflação de longo prazo e aproveitar cenários de queda dos juros.
Contras: Oscilações maiores no curto prazo, já que os títulos ali dentro têm prazos mais longos. Por isso, não é ideal para quem pode precisar do dinheiro antes do planejado.
IMAB11 – Diversificação completa em NTN-Bs
- O que é: ETF que representa uma carteira de títulos Tesouro IPCA+ com diferentes vencimentos (curto, médio e longo prazo). O critério para definir o peso de cada título é o volume de cada ativo disponível no mercado.
- Para quem serve: Ideal para quem quer exposição à inflação com mais equilíbrio entre prazos e volatilidade.
- Taxa de administração: 0,25% ao ano.
- Alíquota de IR: 15% sobre o ganho de capital.
- Negociação diária média: R$ 6,81 milhões.
- Patrimônio líquido: R$ 2,18 bilhões.
- Site da gestora: Itaú Asset
Prós: Diversificação automática entre vários vencimentos, reduzindo o risco de concentração e suavizando a volatilidade.
Contras: O mesmo do anterior. A presença de papéis longos na carteira pode trazer alguma oscilação. É esse que eu uso para minha parcela de IPCA+ da minha carteira.
IRFM11 – A aposta nos prefixados de curto prazo
- O que é: ETF que investe em títulos prefixados com vencimento superior a 2 anos.
- Para quem serve: Indicado para quem quer diversificar sua carteira com títulos prefixados sem precisar escolher um só título.
- Taxa de administração: 0,20% ao ano.
- Alíquota de IR: 15% sobre o ganho de capital.
- Patrimônio líquido: R$ 670 milhões.
- Site da gestora: Itaú Asset
Prós: Boa alternativa tática para travar taxa de juro real com horizonte de médio prazo.
Contras: Você se expõe ao risco de títulos prefixados, mas acho que essa é a proposta do ETF, não é mesmo?
Como investir em ETF?
Todos esses ETFs são negociados normalmente na B3, como qualquer ação, basta procurar seu código na plataforma da sua corretora. O investimento mínimo é o valor de 1 cota, somado à taxa de corretagem da sua instituição (se houver).
Dica 1: busque sempre corretoras que não cobrem taxa de corretagem, principalmente se for um investidor iniciante.
Dica 2: Atente-se ao volume negociado! Busque no site de cada ETF (as gestoras disponibilizam) qual o valor da ‘Cota Patrimonial‘, ou seja, qual o valor ‘correto’ da cota. E evite pagar mais do que isso pra não ter sua rentabilidade penalizada.
Dica 3: Sempre pesquise sobre o ‘tracking error‘ ou erro de rastreamento de cada ETF. Pense o seguinte: se um deles se propõe a acompanhar exatamente um determinado índice de renda fixa, o quanto ele realmente consegue acompanhar, sem grandes desvios pra cima ou pra baixo? É um indicador muito importante de eficiência da gestora e é essencial pra tomada de decisão. Esta informação também precisa estar na página das gestoras.
Dica 4: Para entender mais sobre esse tipo de investimento e se aprofundar em suas características, vale acessar a Masterclass: Investindo em ETFs.
Seja para reinvestir vencimentos, diversificar sua carteira ou melhorar a eficiência tributária, os ETFs de renda fixa merecem sua atenção. Com cada vez mais opções disponíveis e estruturas bem construídas, vale entender bem as características de cada um para fazer escolhas alinhadas com seu perfil e momento.
Eu daqui já adotei essa tendência.
Nos vemos na minha próxima coluna na Inteligência Financeira.
Até!
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