Diversificação de investimentos é maior entre alta renda: o que explica esse comportamento?

Com acesso, planejamento e menos medo de errar, investidores de alta renda ampliam a diversificação e moldam um perfil mais estratégico
🤖 Leia o resumo feito pelo Flash, nossa ferramenta de Inteligência Artificial
  • A diversificação de investimentos é maior entre pessoas de alta renda (classes A e B).
  • Pesquisa mostra que 36% do perfil “Diversifica” são dessas classes, contra 5% daqueles com renda até R$ 1.412.
  • A diversificação exige sobra financeira e foco no longo prazo, permitindo acesso a produtos de maior retorno a longo prazo.
  • Conhecimento é crucial para superar o medo e a percepção de complexidade na hora de investir.
  • A classe média enfrenta barreiras como falta de conhecimento e experiências negativas com investimentos de renda variável.
  • Para diversificar com estratégia, é preciso definir objetivos, planejar e evitar o efeito manada.
  • O perfil “Diversifica” inclui principalmente pessoas de classe A/B, com ensino superior e que usam bancos digitais e aplicativos para investir.
LER RESUMO

A diversificação de investimentos é uma das estratégias mais valorizadas pelos brasileiros de maior renda. Segundo a 8ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, da ANBIMA em parceria com o Datafolha, 36% do perfil ‘Diversifica’, composto por investidores que aplicam em mais de um produto financeiro, como ações, fundos, previdência privada e títulos públicos, são da classe A e B.

A mesma pesquisa mostra que esse comportamento está diretamente ligado à renda: apenas 5% das pessoas que ganham até R$ 1.412 mensais estão nesse perfil, enquanto o número sobe para 29% entre quem ganha mais de R$ 14 mil.

Diversificação exige sobra e foco no longo prazo

Segundo Paula Bento, planejadora financeira certificada (CFP) pela Planejar, a diversificação de investimentos está diretamente relacionada à capacidade de separar parte dos recursos para objetivos de médio e longo prazo. E isso é mais viável para quem já tem as necessidades básicas atendidas.

“Em geral, são pessoas que já têm essa preocupação com o futuro e conseguem separar parte do dinheiro para investir com foco no longo prazo. Isso permite acessar produtos que exigem mais paciência e trazem retornos em horizontes maiores”, afirma.

Ela também destaca que o conhecimento é um fator decisivo para o investidor avançar nessa jornada.

“Vários aspectos pesam, mas o conhecimento faz muita diferença. Muitas vezes, a pessoa tem medo de errar e prefere ficar em produtos mais simples, ainda que não sejam os mais adequados. Conhecimento é um dos principais pilares.”

Medo e percepção de complexidade estão entre as barreiras

A classe média, segundo Paula, esbarra principalmente na falta de conhecimento e na crença de que investir é complexo ou arriscado demais.

“A pessoa precisa parar e dedicar um tempo para entender as opções e tomar uma decisão segura. Mas muita gente acha que falar sobre investimento é difícil ou que precisa ter muito dinheiro. Isso desestimula o aprofundamento, mesmo com várias fontes de informação confiáveis hoje disponíveis.”

Ela destaca que experiências negativas com renda variável também travam a decisão de diversificar.

“O medo vem de experiências ruins, de recomendações erradas, e a pessoa acaba ficando na zona de conforto. Mesmo sabendo que poderia buscar mais, ela se acomoda no que já conhece, como a poupança.”

Como diversificar com lógica e estratégia

Paula é direta ao orientar quem já investe e quer diversificar mais: é preciso basear a escolha nos objetivos e no planejamento financeiro pessoal.

“A diversificação precisa ter lógica. Não é seguir uma tendência do mercado ou fazer o que todo mundo está fazendo. A pessoa precisa entender quais são seus custos, se já tem superávit, se o patrimônio é suficiente para alocar recursos no longo prazo. Aí sim, ela consegue montar uma carteira eficiente.”

Ela alerta para o efeito manada e reforça que investir com base em modismos pode comprometer os resultados futuros.

“Tem muita gente que entra no investimento da moda porque parece que todo mundo está fazendo aquilo, menos ela. Mas, se a base do planejamento não estiver sólida, isso vira uma carteira ineficiente no longo prazo.”

Perfil Diversifica no Brasil: quem são eles?

De acordo com o Raio X do Investidor Brasileiro, o Perfil Diversifica representa 17% da população e é formado majoritariamente por:

  • Pessoas da classe A/B (36%)
  • Com ensino superior completo (50%)
  • Usam intensivamente bancos digitais (72%)
  • Investem via aplicativos (72%)
  • Consultam múltiplas fontes de informação, com destaque para YouTube, Instagram e portais financeiros

Esse perfil é o que mais busca retorno financeiro como critério de escolha e apresenta maior maturidade no uso estratégico de diferentes produtos.

Leia a seguir

Pular para a barra de ferramentas