Crédito privado: o que saber antes de investir em empresas de shopping centers
Empresas citadas na reportagem:
Os maiores riscos das empresas de shopping centers em 2025 estão ligados ao comportamento do consumidor e à concorrência com o varejo online, embora dados mais recentes mostrem que os dois canais vêm se complementando, afirmou o Itaú BBA em relatório sobre investimento em crédito privado.
Além disso, as operadoras têm o desafio de manter a atratividade dos ativos frente às mudanças
de hábito, especialmente entre os consumidores mais jovens. Nesse contexto, os operadores que continuarem inovando na experiência e investindo em ativos de qualidade devem se manter na vanguarda, acrescentou o BBA.
O setor vem mostrando números operacionais robustos e com as empresas indicando busca por
desalavancagem financeira, diante de um cenário de juros altos que compromete a renda das famílias.
O ambiente competitivo tem se mantido favorável às grandes operadoras, que vêm se beneficiando da escassez de novos shoppings e da valorização dos ativos bem localizados.
Allos
Fruto da fusão entre Sonae, brMalls e Aliansce, a companhia Allos é a maior administradora de shopping centers do Brasil. A companhia teve consistência em 2024, num ano marcado por juros elevados e incertezas econômicas.
A estratégia de desinvestimentos segue como um importante tema, com a companhia enxergando potenciais parceiros para operação de seus shoppings ou mesmo novas aquisições que possam impactar suas métricas de crédito.
No fim de 2024, sua dívida líquida era de R$ 3,8 bilhões, ligeiramente abaixo dos R$ 3,89 bilhões registrados um ano antes. A alavancagem líquida ficou em 1,9 vez, em patamar saudável. O desafio é o cenário econômico, que pressiona o poder de consumo das famílias e, consequentemente, o desempenho do varejo.
Porém, diz o relatório, a Allos segue com um perfil financeiro robusto, sustentado por seu forte desempenho operacional, gestão eficaz da alavancagem e sólida posição de liquidez. O foco estratégico em ativos de alta qualidade, eficiência operacional e iniciativas inovadoras de engajamento do cliente a posiciona bem para um crescimento sustentado.
Iguatemi
A Iguatemi prevê crescimento de 7% a 11% na receita de shopping e a manutenção de margem Ebitda de 82% a 85%. Isso, somado à baixa alavancagem financeira, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, de 1,8 vez no fim de 2024, praticamente estável no ano, deixa a companhia bem posicionada para gerenciar suas obrigações de dívida e continuar sua trajetória de crescimento, disse o Itaú BBA.
Ademais, o Iguatemi tinha uma posição de caixa de R$1,5 bilhão, suficiente para cobrir o saldo da dívida até 2027.
Dando sequência ao plano de se concentrar em ativos de mais alta rentabilidade, neste mês o grupo anunciou acordo para venda de cerca de R$ 500 milhões em participações, incluindo 49% no Shopping Market Place, no edifício Market Place Towers e no Galleria Shopping.
“Com uma forte geração de caixa e uma baixa relação de alavancagem, a Iguatemi está bem posicionada para gerenciar suas obrigações de dívida e continuar sua trajetória de crescimento”, afirmou o BBA.
Multiplan
A Multiplan agradou o mercado com seus números do primeiro trimestre de 2025, mostrando que manteve o desempenho saudável dos últimos trimestres, com faturamento acima da inflação, enquanto seus custos permaneceram no menor valor para um primeiro trimestre desde 2019.
Além disso, as margens recorrentes foram significativamente melhores ano a ano.
Esse conjunto de dados, até aqui, acalma temores sobre a capacidade da companhia de manter o ritmo de crescimento num ambiente macroeconômico mais instável.
A alavancagem medida por dívida líquida/Ebitda da Multiplan fechou 2024 em 2,3 vezes, mas segue abaixo do teto contratual de 4 vezes.
Os analistas do Itaú BBA destacam que a Multiplan tem um perfil de crédito sólido e liquidez elevada, suportados por uma operação que é forte geradora de caixa e com os indicadores apresentando melhoras sequenciais.
Leia a seguir