Crédito privado: o que saber antes de investir em empresas do setor imobiliário
Cyrela e Direcional se destacam por ter baixo endividamento e perspectiva de crescimento na cola do Minha Casa Minha Vida, diz Itaú BBA
Empresas do setor imobiliário entraram em 2025 com elevada demanda, apesar dos juros altos, refletindo a manutenção do crédito imobiliário subsidiado nos programas de habitação social. Mas as empresas devem moderar o ritmo de lançamentos, priorizando execução e manutenção de maiores margens, segundo relatório do Itaú BBA sobre crédito privado.
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Com juros ainda elevados, incertezas macroeconômicas no radar e limitações ao financiamento imobiliário, as incorporadoras precisarão seguir seletivas e com foco em geração de caixa, afirmam os analistas.
O segmento de baixa renda deve novamente ser fortemente favorecido no primeiro semestre deste ano, em função dos robustos programas habitacionais,.
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Em termos de indicadores financeiros das companhias, a fotografia geral mostra indicadores sob controle.
Cyrela e Direcional operam com níveis reduzidos de alavancagem, seja com caixa líquido ou dívidas muito baixas. A geração de caixa melhorou, e a tendência é positiva para companhias no primeiro semestre.
Cyrela
A construtora tem 52% das vendas no segmento de alto padrão, 24% no padrão médio e outros 24% na baixa renda.
Segundo os analistas do BBA, a Cyrela mantém um sólido perfil de crédito, suportado por uma operação resiliente, mesmo em ambientes de juros mais elevados.
A alavancagem líquida ajustada da companhia, medida pela relação dívida líquida ajustada/patrimônio líquido, teve leve queda em 2024, para 10,3%.
Direcional
Empresa tem parte significativa de seus projetos enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida e pode se beneficiar da criação de uma faixa 4, mais voltada para a classe média.
Companhia sinalizou que deve reduzir o número de lançamentos em 2025, com o objetivo de proteger a margem dos novos empreendimentos.
De acordo com o relatório, a robusta liquidez, aliado à geração de caixa operacional, tem garantido flexibilidade para a companhia operar nos empreendimentos e fazer frente às despesas de juros e vencimento da dívida.
O caixa da Direcional somava R$ 1,6 bilhão no fim de 2024, alta de R$ 300 milhões no ano3. Além da posição de caixa líquido, a dívida está concentrada no longo prazo.
JHSF
Empresa tem foco em empreendimento voltados ao público de alta renda, incluindo imóveis residenciais, shoppings centers, hotéis & gastronomia, aeroportos privados e clubes.
Em 2024, o desempenho da JHSF foi impulsionado pela resiliência do consumo de alta renda.
A JHSF tem um extenso plano de investimentos, com a expansão e construção de shoppings, expansão dos hangares de aeroportos, o que deve seguir pressionando o fluxo de caixa, levando-a eventualmente à venda de ativos não essenciais.
A alavancagem líquida da empresa pela medida de dívida líquida/Ebitda subiu de 1,4 para 1,8 vez em 2024.
MRV
Diferente das rivais, a maior construtora da América Latina voltada à habitação popular tem tido um cenário desafiador, muito devido ao baixo desempenho de vendas da Resia, unidade da companhia nos Estados Unidos que também tem um elevado endividamento.
Além disso, a companhia detém elevados vencimentos no curto prazo e adota uma política de venda de recebíveis que comprometem sua liquidez e geração de caixa futuro, disse o Itaú BBA.
A alavancagem, medida pela relação dívida líquida/patrimônio líquido, subiu de 60% para 76% em 2024, impulsionada pela Resia.