Crédito privado: o que saber antes de investir em empresas de saneamento
Relatório do Itaú BBA aponta perfil financeiro e principais preocupações de investidores de crédito privado sobre Sabesp e Sanepar
A gestão eficiente dos investimentos, com foco em geração de caixa e diluição da alavancagem, será decisiva para a saúde financeira das companhias de saneamento e a percepção de risco dos credores, afirmou o Itaú BBA em relatório sobre investimentos em crédito privado.
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A melhora da regulação setorial, após a aprovação do Marco do Saneamento (2022), impulsionou o interesse de diferentes classes de investidores pelo setor. Todos os olhos estão em Sabesp, após a privatização, em julho de 2024, em relação a aspectos como o ganho de eficiência (incluindo aí a redução de inadimplência e das perdas com desperdício).
Sabesp
Privatizada em 2024, a maior companhia de saneamento da América Latina tem um plano de investimento de R$ 70 bilhões até 2029 e, segundo o Itaú BBA, a disciplina para executá-lo mantendo a robustez financeira, é o principal foco do mercado atualmente.
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O otimismo recente com a companhia é tal que, na última emissão de debêntures, em setembro passado, a Sabesp pagou prêmio mínimo em relação aos títulos soberanos do País.
A alavancagem financeira da Sabesp, medida pela relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação, na sigla em inglês) teve leve alta em 2024, para de 1,8 vez, mas seguiu bem abaixo do teto combinado com credores, de 3,5 vezes. A posição de caixa de R$ 5,4 bilhões é suficiente para cobrir as dívidas de curto prazo em 1,7 vez.
A companhia propôs R$ 2,5 bilhões em dividendos, valor 2,5 vezes superior ao de 2023, refletindo a forte geração de caixa e uma nova diretriz de retorno ao acionista. A execução física dos projetos contratados e a eliminação de contratos com descontos fora da base tarifária devem sustentar a expansão de receita e margens nos próximos anos.
“Esperamos que a Sabesp consiga manter níveis de alavancagem controlados devido aos fluxos de caixa resilientes, com baixa exposição a ciclos macroeconômicos, base de clientes pulverizada e riscos hidrológicos mitigados em grande parte pela integração dos principais reservatórios da empresa”, afirmou o BBA em relatório, estimando também que a empresa deve seguir ganhando eficiência após a privatização.
Debêntures da Sabesp
Emissão | Valor em R$ | Data de emissão | Prazo em anos | Taxa | Pagto de juros |
32ª (série única) | 2,5 bi | 10/09/2024 | 2 | CDI+0,3% | Semestral |
31ª (1ª série) | 607 mi | 20/02/2024 | 5 | CDI+0,49% | Semestral |
31ª (2ª série) | 1,734 bi | 20/02/2024 | 7 | CDI+1,1% | Semestral |
31ª (3ª série) | 699 mi | 20/02/2024 | 10 | CDI+1,31% | Semestral |
30ª (1ª série) | 500 mi | 15/03/2022 | 5 | CDI+1,3% | Semestral |
30ª (2ª série) | 500 mi | 15/03/2022 | 7 | CDI+1,58% | Semestral |
29ª (1ª) série) | 500 mi | 15/12/2021 | 5 | CDI+1,29% | Semestral |
29ª (2ª) série) | 600 mi | 15/12/2021 | 10 | IPCA+5,3058% | Anual |
29ª (3ª série) | 150 mi | 15/12/2021 | 15 | IPCA+5,4478% | Anual |
28ª (2ª série) | 888,2 mi | 16/07/2021 | 5 | CDI+1,44% | Semestral |
28ª (3ª série) | 184 mi | 16/07/2021 | 7 | CDI+1,6% | Semestral |
27ª (2ª série) | 400 mi | 15/12/2020 | 5 | CDI+1,8% | Semestral |
27ª (3ª série) | 300 mi | 15/12/2020 | 7 | CDI+2,25% | Semestral |
26ª (1ª série) | 600 milhões | 15/07/2020 | 7 | IPCA+4,65% | Anual |
26ª (2ª série) | 445 milhões | 15/07/2020 | 10 | IPCA+4,95% | Anual |
24ª (1ª série) | 100 mi | 15/07/2019 | 7 | IPCA+3,2% | Anual |
24ª (2ª série) | 300 mi | 15/07/2019 | 10 | IPCA+3,37% | Anual |
23ª (2ª série) | 375 mi | 10/05/2019 | 8 | CDI+0,63% | Semestral |
Sanepar
Em 2024, a Sanepar foi favorecida pela normalização hídrica no Paraná, volumes de chuva regulares e temperaturas elevadas, que impulsionaram o consumo de água, fazendo as receitas subirem 8,8%.
A dívida líquida fechou o ano em R$ 4,8 bilhões (+7,5% ano a ano), com alavancagem estável em 1,6 vez, significativamente abaixo do limite de 3 vezes acertado com os credores da companhia.
A empresa manteve posição de caixa robusta (R$ 1,8 bilhão, +40% ano a ano), suficiente para cobrir 3 vezes a dívida de curto prazo.
A empresa manteve a diversificação das fontes de financiamento, com emissões de debêntures e operações com BNDES e Caixa Econômica. A migração para o mercado livre de energia também contribuiu para a redução de custos e o aumento da eficiência operacional.
O baixo endividamento e a previsibilidade da receita conferem à empresa forte capacidade de pagamento, reduzindo riscos de inadimplência, afirmou ainda o BBA.