Crédito privado: o que saber antes de investir em empresas de proteína animal
Empresas citadas na reportagem:
A demanda por proteína animal deve seguir favorável em 2025, apoiada na demanda de países emergentes com maior renda disponível. Mas a pressão de custos sobre as empresas deve crescer, exigindo disciplina financeira e potencialmente pressionando margens. Além disso a concorrência tende a crescer, com a recuperação de rebanhos em países como a Austrália. É o que aponta o Itaú BBA em relatório sobre investimento em renda fixa de grandes frigoríficos.
Produtores de suínos e aves foram o destaque em 2024 devido à combinação entre custos mais baixos de grãos, câmbio favorável aos exportadores e demanda global bem sustentada. Além disso, restrições de oferta garantiram margens altas para o segmento de aves.
Na carne bovina, os produtores brasileiros se beneficiaram de boa disponibilidade de gado no mercado local e preços de exportação atrativos sustentados pela escassez de gado nos Estados Unidos, o
que abriu espaço para exportadores sul-americanos.
Para 2025, a pressão de custos sobre bovinos deve crescer, segundo o Itaú BBA, exigindo disciplina financeira e potencialmente pressionando margens. A concorrência internacional tende a se intensificar, com a já mencionada recuperação de rebanhos em países como a Austrália.
BRF
A dona das marcas Sadia e Perdigão teve melhora relevante nos indicadores operacionais e financeiros, refletida na forte geração de caixa livre, redução expressiva da alavancagem e robusta posição de liquidez.
Mas a capacidade de preservar esse perfil dependerá da continuidade dos ganhos de eficiência, ponderaram os analistas do relatório.
A alavancagem (dívida líquida/Ebitda ajustado) recuou de 2,01 para 0,79 vez em 2024, o menor patamar da série histórica.
JBS
A alavancagem financeira caiu para níveis mais confortáveis e as margens operacionais da JBS USA Pork e Pilgrim’s também superaram as expectativas.
Atualmente, o foco dos investidores é a volatilidade cambial e os riscos de tarifas internacionais. Outro ponto de atenção do mercado é para a manutenção da disciplina de alocação de capital.
“Por mais que a menor alavancagem e geração positiva de caixa provavelmente levem a maiores pagamentos aos acionistas, bem como a um maior interesse por aquisições, esperamos que a companhia mantenha sua disciplina financeira, mantendo a alavancagem em níveis confortáveis”, diz o relatório.
O fortalecimento operacional melhorou a estrutura de capital. A alavancagem financeira em dólares recuou de 4,42 para 1,89 vez em 2024. A companhia fechou 2024 com R$ 55,6 bilhões em liquidez, o suficiente para cobrir sua dívida de curto prazo em 4,3 vezes. O prazo médio da dívida era de 13 anos.
Marfrig
A alavancagem financeira da Marfrig recuou em 2024, apesar do impacto cambial, apoiada por fluxo de caixa positivo e venda de ativos. Para o BBA, a estrutura de capital segue robusta, mas a sustentabilidade dos resultados dependerá da execução operacional num cenário ainda desafiador para o setor de proteínas.
A alavancagem financeira recuou de 3,07 para 2,82 vezes, isso em reais. A melhora reflete no fluxo de caixa livre, que foi positivo em R$ 2,9 bilhões, com forte contribuição da BRF. Parte relevante dos R$ 7,2 bilhões obtidos na venda de ativos na América do Sul foi para amortização de passivos, contribuindo para alongar o perfil da dívida e reduzir pressões de curto prazo.
Minerva
A Minerva anunciou a injeção de capital de até R$ 2 bilhões em 7 de abril. Com isso, a alavancagem ajustada cairia de 3,7 para cerca de 3,2 vezes.
O BBA estima que a Minerva tenha encerrado 2024 com alavancagem líquida (ajustada) ao redor 3,7 vezes, ante 2,8 vezes em 2023. Quanto à liquidez, a companhia tinha caixa de R$ 14,5 bilhões no final de dezembro, suficiente para cobrir seus vencimentos de dívida até 2028.
Os analistas acreditam que a empresa seguirá reduzindo o endividamento em 2025, o que deve lhe permitir manter liquidez robusta, com poucos vencimentos de dívida até 2028.
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