Crédito privado: o que saber antes de investir em empresas de varejo
O setor de varejo tem um elevado grau de dispersão entre as empresas e o ambiente de juro alto deve restringir o consumo, afirmou o Itaú BBA
O setor varejista brasileiro tem um elevado grau de dispersão entre as empresas e o ambiente econômico com juros altos tende a manter o crédito ao consumo mais restrito, afirmou o Itaú BBA em relatório sobre investimento em crédito privado.
Os analistas do BBA indicam que a inflação dá sinais de arrefecimento, mas permanece acima da meta em componentes importantes para o varejo.
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A situação de momento: o Assaí (ASAI3) vem reduziu sua alavancagem (endividamento) fortemente. O GPA (PCAR3), mesmo após vendas de ativos, ainda enfrenta desafios operacionais e financeiros relevantes. O Grupo Mateus (GMAT3) manteve sua alavancagem estável, sustentada por forte geração de caixa. A Raia Drogasil (RADL3) manteve estrutura financeira conservadora. O Carrefour Brasil (CRFB3) tem perfil de dívida alongado e liquidez robusta. E o Mercado Livre (MELI34) opera com estrutura de capital leve, praticamente sem dívida líquida.
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O setor ainda apresenta riscos relevantes para o ano, com destaque para a desaceleração do consumo das famílias, pressão sobre custos operacionais, acrescentou o Itaú BBA.
Assaí
A projeção da companhia para redução de alavancagem financeira em 2025 reforça o compromisso com a melhoria contínua. Além disso, as captações realizadas em 2024 aliviaram a pressão dos vencimentos de 2025 e 2026, resultando em uma posição de liquidez mais adequada.
A alavancagem financeira caiu de 3,8 para de 3,04 vezes em 2024. Na virada do ano, seu caixa de R$ 7,6 bilhões, era cerca de 4 vezes superior aos pagamentos de dívida previstos para 2025.
Carrefour Brasil
A perspectiva de crédito do Grupo Carrefour Brasil permanece positiva, com alavancagem controlada e liquidez adequada, boa geração de caixa e modelo de negócios diversificado.
A reorganização societária proposta pela matriz não altera de forma substancial a visão sobre o perfil de crédito da empresa.
Sua alavancagem financeira era de 1,8 em dezembro passado, quase estável em 12 meses (1,7 vez).
GPA
Segundo o BBA, o GPA deve continuar a navegar pelos desafios macroeconômicos, as pressões competitivas no setor de varejo, além de desembolsos relacionados às contingências trabalhistas e acordos tributários. Tudo isso pode tornar a trajetória de desalavancagem mais lenta daqui para frente.
A alavancagem fechou em 1,7 vez em 2024, (comparada a 5,3 vezes em 2023). A empresa fechou o ano com caixa de R$2,6 bilhões, suficiente para cobrir os vencimentos de dívida de curto prazo em 3 vezes.
Em 2026, no entanto, o GPA tem R$1,9 bilhão de dívidas vencendo, que provavelmente necessitarão de refinanciamento.
Grupo Mateus
Para o BBA, a sólida posição de caixa, o baixo endividamento e a capacidade de gerar caixa suficiente para financiar investimentos e pagar juros sobre capital próprio reforçam a solidez do Grupo Mateus.
Além disso, a parceria com o Novo Atacarejo fortaleceu sua posição no mercado, permitindo acessar novos mercados e aumentar a competitividade.
A transação não altera substancialmente o perfil de crédito do grupo, com a alavancagem financeira devendo se manter abaixo de uma vez.
No ano passado, o índice de dívida líquida/Ebitda (lucro operacional) foi mantido em 0,3 vez, mesmo patamar de 2023.
Mercado Livre
Com a dívida do Mercado Livre próxima de zero, a preocupação do mercado em relação à gigante de comércio eletrônico tem mais a ver com o ambiente competitivo.
Nesse sentido, o Itaú BBA ressalta a evolução dos demais players na América Latina, em especial grupos asiáticos.
Além disso, o relatório alerta para a evolução da qualidade da carteira de crédito do Mercado Pago, especialmente considerando a piora no cenário macro do Brasil e a correlação entre juros mais altos e aumento da inadimplência.