Crédito privado: o que saber antes de investir em empresas de saúde
Para o Itaú BBA, Rede D'Or, Hypera e Oncoclínicas devem ter um ano de evolução financeira, mas limitada ao ciclo de alta de juros
O início de 2025 traz perspectivas moderadamente positivas para empresas de saúde, afirmou o Itaú BBA em relatório sobre investimento em crédito privado.
Porém, isso é limitado por um cenário de juros elevados, o que impõe atenção redobrada à estrutura de capital e ao ritmo de expansão das empresas mais alavancadas.
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A Selic em 14,25% ao ano e ainda em tendência de alta deve limitar o espaço das companhias para alavancagem (endividamento) adicional.
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Nesse contexto, a Hypera (HYPE3) se destaca pela resiliência de caixa e menor exposição a risco operacional, enquanto Rede D’Or e Oncoclínicas precisam continuar demonstrando disciplina na execução, integração de ativos e recomposição gradual das margens.
O setor segue atrativo pela recorrência da demanda e espaço de consolidação, mas o diferencial estará na capacidade de sustentar crescimento com rentabilidade e geração de caixa, sem comprometer a solidez do perfil de crédito, afirmaram os autores do relatório
Hypera
O resultado do primeiro trimestre de 2025, que segundo o BBA veio em linha com as projeções, com queda das vendas, à medida que a empresa estendeu a estratégia de redução de estoques com clientes.
A companhia agradou o mercado ao se aprofundar na estratégia de diminuir o estoque com clientes, o que deve lhe dar uma folga para o capital de giro.
Isso pode ajudar a aliviar preocupações de avaliadores de risco. No começo de abril, a S&P rebaixou a classificação de crédito da farmacêutica de BB+ para BB, com perspectiva estável, devido à alavancagem financeira maior que a esperada. A relação dívida líquida/Ebitda está ao redor de 4 vezes.
O Itaú BBA acredita que os investidores continuarão buscando sinais de resultados mais positivos a partir deste segundo trimestre, potencialmente marcados por um melhor desempenho de vendas e uma dinâmica de fluxo de caixa melhorada. Assim, o mercado pode preferir esperar alguns meses antes de ganhar confiança na eficácia dessa abordagem.
Oncoclínicas
A companhia reduziu sua alavancagem financeira de 4 para 3,7 vezes em 2024. Além disso, a Oncoclínicas (ONCO3) tinha na virada do ano caixa e equivalentes de R$ 2 bilhões, mais do que o dobro das dívidas que vencem em 2025.
Mas, considerando os altos patamares de alavancagem, num ambiente de subida de taxa de juros, a empresa deve sofrer pressão na sua geração de caixa adiante, o que pode tornar sua trajetória de desalavancagem mais lenta este ano, considerou o Itaú BBA.
Os investidores também demonstraram interesse nas novas parcerias com Hapvida e Porto Saúde, que têm potencial de trazer volume adicional relevante com menor exigência de capital. Essas iniciativas indicam que o modelo da Oncoclínicas está evoluindo para um crescimento mais eficiente e previsível.
Rede D’Or
Segundo o Itaú BBA, a principal preocupação do mercado em relação à companhia atualmente é com a eficiência operacional e sustentabilidade do crescimento.
Do ponto de vista de crédito, não existem grandes preocupações, visto que, apesar do ritmo acelerado de investimento a empresa sustenta excelentes níveis de rentabilidade e geração de caixa. Por isso, a perspectiva de crédito é positiva, com expectativa de crescimento contínuo e estabilidade financeira nos próximos anos.
A alavancagem financeira da Rede D’Or (RDOR3), medida pela relação dívida líquida/Ebitda, caiu de 2,7 para 2,2 vezes em 2024 e o caixa fechou o ano em R$ 19,8 bilhões, suficiente para cobrir os vencimentos de dívida até 2029.
Em encontros recentes com investidores, executivos da companhia observaram que as taxas de ocupação caíram em em janeiro e fevereiro em relação ao mesmo período de 2024, melhorando a partir de março.
As expectativas do mercado são de um desempenho forte, porém volátil, do setor hospitalar em 2025, com crescimento mais lento no início do ano e impulso no segundo semestre.