Crédito privado: o que saber antes de investir em empresas de açúcar e etanol
Itaú BBA aponta fatores que podem pesar sobre os preços do setor e suas consequências para perfis de crédito de FS Bio e São Martinho
A perspectiva para a Safra 2025/26 é de excedente na produção global de açúcar, o que pode pressionar os preços da commodity e, consequentemente, os indicadores financeiros das empresas do setor com dívida no mercado, segundo levantamento do Itaú BBA. Além disso, o mercado de etanol no Brasil pode ser impactado em 2025 pelos preços mais fracos do petróleo.
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Contudo, volumes de moagem abaixo do esperado no Brasil, causado por um regime de chuvas volátil na região Centro-Sul entre março e abril podem exercer pressão de alta sobre os preços.
Além disso, a dinâmica de oferta e demanda da Índia, que não parece apoiar exportações mais fortes, também pode apoiar as cotações. Para os produtores brasileiros, a queda no preço em dólares tende a ser compensada parcialmente pela depreciação do câmbio em 2025.
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E a recente sanção da ‘Lei do Combustível do Futuro’, que estabelece novas metas para aumentar o conteúdo de etanol e biodiesel na gasolina e no diesel, também pode ajudar.
A regulamentação visa aumentar o conteúdo de etanol anidro dos atuais 27,5% para 30% em 2025, e aumentar o conteúdo de biodiesel de 14% para 15%, podendo favorecer a demanda pelo combustível renovável.
Crédito privado: FS Bioenergia
A empresa atua na produção de etanol (68% da receita líquida) e de produtos de nutrição animal (19% da receita), ambos derivados do milho.
Segundo o BBA, o perfil de crédito da FS segue pressionado pela alavancagem líquida elevada e pelo fluxo de caixa livre negativo, devido ao alto capital de giro.
Por outro lado, a melhora dos dados operacionais nos trimestres recentes levou à recuperação das margens para níveis mais altos e contribuiu para um aumento da liquidez.
O maior Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) permitiu redução da alavancagem líquida (medida pela relação dívida líquida/Ebitda), de 4,1 para 4 vezes no último ano, ainda alta.
Crédito privado: São Martinho
Uma das líderes no setor sucroenergético no País, a empresa tem foco em açúcar, etanol e geração de eletricidade a partir de derivados da cana.
Numa mão, a companhia pode ser afetada em 2025 pelos preços mais fracos de petróleo. Porém, a aprovação da “Lei do Combustível do Futuro”, com novas metas para aumentar etanol e biodiesel na gasolina e no diesel, é um ponto positivo.
Diante de condições climáticas adversas e menor disponibilidade de cana própria, a empresa processou 5,5% menos toneladas de cana-de-açúcar na safra atual, na comparação com a anterior.
Mas os volumes vendidos de açúcar e etanol aumentaram, e os preços também, o que contribuiu para a receita líquida aumentar em 21,4%.
Logo, a alavancagem ficou em 1,3 vez, baixa, com a empresa detendo caixa suficiente para pagar suas dívidas até 2027.
Segundo Queiroz e equipe, o investidor deve ficar de olho na dinâmica dos preços do açúcar e do etanol, nas expectativas sobre a produção na Índia e nas condições climáticas ao longo do ano-safra.