Renda fixa em dólar: veja opções para investir em crédito privado nos Estados Unidos

Economia americana oferece um ambiente sofisticado e diversificado para o crédito privado

Existem oportunidades atualmente no mercado de crédito privado nos Estados Unidos? A resposta tende a ser positiva, uma vez que a taxa de juros americana está num patamar elevado. Veja bem, elevado para o padrão norte-americano. Hoje, a taxa está no intervalo entre 4,25% a 4,50% ao ano.

“Os EUA vêm passando por um ciclo de juro muito alto historicamente. Foram 15 anos, praticamente, com essa taxa quase em zero. E isso gerou oportunidades interessantes para dívida em dólar. Ou seja, taxa de juro pagando de forma atrativa”, explica José Maria, coordenador de estratégia da Avenue.

Por isso, o especialista conta ainda que atualmente a dívida corporativa consegue oferecer retornos muito interessantes. “Aquelas empresas maiores, de mais qualidades, estão pagando um prêmio de risco na casa de 1 ponto percentual acima do Tesouro americano. Então, a gente está falando de uma média de 5% (de retorno) ao ano”, diz.

Dinâmica de crédito privado diferente do Brasil

A economia norte-americana é uma das principais do mundo. “Por conta disso, eles (Estados Unidos) oferecem um ambiente sofisticado e diversificado para o crédito privado. O que atrai capital global em busca de retornos superiores”, afirma Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments.

Aliás, a dinâmica do crédito concedido às empresas nos Estados Unidos é diferente do Brasil. “Mais ou menos 70% do crédito em terras norte-americanas é oriundo do mercado de capitais. Enquanto no Brasil o financiamento se dá majoritariamente pelo mercado bancário”, esclarece Filipe Arend, head de renda fixa na Faz Capital.

Qual a diferença entre mercado de capital e bancário?
A diferença entre um e outro é a seguinte: enquanto o mercado de capital faz a conexão direta entre companhias e investidores, no mercado bancário (ou financeiro), essa conexão é feita por meio de empréstimos dos bancos às empresas.

Ativos do crédito privado brasileiro parecidos com os americanos

E embora existam diversas subdivisões dentro do mercado de crédito privado, segundo Rodrigo Aloi, head de estratégia e pesquisa da HMC Capital, é possível organizar esse setor em três grandes categorias principais:

  • Investment Grade;
  • High Yield;
  • Collateralized Loan Obligation (CLO).

Investment Grade e High Yield

Essas duas primeiras representam a maior parte do mercado tradicional de crédito privado norte-americano. E ambas funcionam via emissão de bonds – os títulos de crédito corporativos parecidos com as debêntures no Brasil.

“Esses bonds podem ter taxa fixa ou flutuante e diferentes indexadores, que determinam a remuneração do investidor. E assim como as debêntures, os bonds possuem data de emissão, data de vencimento, taxa de remuneração e forma de cálculo atrelada a um indexador”, esclarece Aloi.

A principal diferença entre bonds Investment Grade e High Yield está na qualidade do rating da empresa emissora.

Bonds com a classificação de Investment Grade oferecem remuneração menor, pois sua emissão se dá via empresas com grau de investimento. “Ou seja, companhias mais sólidas e com melhor qualidade de crédito. Já os High Yield Bonds apresentam uma remuneração mais elevada, refletindo o maior risco de crédito das empresas emissoras, que não possuem grau de investimento”, acrescenta o head de estratégia e pesquisa.

E como os bonds são os principais ativos dentro do crédito privado norte-americano, é natural que os investidores de fora busquem mais esse tipo de produto. Filipe Arend conta que entre os bonds, os que apresentam as melhores oportunidades atualmente são aqueles com vencimento intermediário. “Com cerca de 4, 5 até 6 anos.”

Inclusive, existem emissores bastante conhecidos dos investidores. “Tanto de empresas norte-americanas como a Ford, quanto de outros países. A Nissan, por exemplo, e até mesmo a Vale, que tem taxas em torno de 5% e 6% em dólares”, diz o head de renda fixa.

Collateralized Loan Obligation (CLO)

A terceira categoria é bastante próxima do crédito estruturado. De acordo com Aloi, no Brasil, uma estrutura semelhante seria o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).

“O CLO é, basicamente, um veículo que agrupa diversos empréstimos corporativos em um único ativo. Esse ativo, por sua vez, possui divisão em fatias com diferentes níveis de risco e retorno, que são distribuídos entre os investidores. Trata-se de uma forma de empacotamento de crédito que permite criar produtos financeiros customizados. Isso a depender do perfil de risco de cada investidor”, comenta.

Direct Lending

Gabriel Redivo acrescenta mais um crédito privado norte-americano: o Direct Lending. Esse empréstimo direto, em tradução livre, nada mais é do que um tipo de ativo em que os investidores privados fornecem crédito para as empresas de forma direta. Ou seja, não existe ponte, que geralmente são as instituições financeiras. “Esses produtos são bem parecidos com os CRIs e CRAs brasileiros”, afirma Gabriel.

É hora de investir em crédito privado norte-americano?

Para os quatros especialistas, esse é um bom momento para considerar esses ativos na carteira de investimento global. “Com a taxa de juros americana elevada e spreads ainda atrativos, é possível acessar emissões de empresas centenárias pagando dólar + 6%, combinando segurança, retorno real positivo e proteção cambial. Além disso, a resiliência econômica dos EUA fortalece a solvência das empresas. O que reduz riscos de inadimplência”, pontua Redivo.

Como investir em crédito privado norte-americano

Para aplicar parte do patrimônio nesse tipo de investimento existem duas opções. Uma delas seria via fundos locais, acessados via BDRs e ETFs listados no Brasil.

Outra forma seria investir diretamente no País norte-americano.

O passo a passo para isso é o seguinte:

  1. Abrir conta em uma corretora internacional ou banco global. “Sempre buscando uma gestora independente com profissionais qualificados para apoiar”, ensina Redivo.
  2. Enviar recursos via câmbio legalizado.
  3. Acessar plataformas com ofertas de bonds e fundos de crédito privado.
  4. Selecionar ativos conforme perfil de risco e prazo.

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