Warren Buffett pode ajudar o investidor a lidar com a era Trump

Os 100 primeiros dias do governo Donald Trump nos Estados Unidos foram marcados por ações intempestivas que minaram a credibilidade do maior mercado de capitais do mundo. Para ficar apenas na guerra comercial, as bolsas americanas perderam trilhões de dólares em valor de mercado com os choques e recuos de Trump.
Até mesmo o dólar, moeda usada há décadas para reserva global, e os títulos do Tesouro Americano, vistos até então como o investimento mais seguro do mundo, estão na berlinda.
Como consequência dos atos de Trump, os investidores têm buscado novas formas de proteção neste momento de volatilidade e alto risco. Entre os ativos em alta estão o ouro e títulos do governo de outros países, como os papéis do Tesouro alemão e japonês.
O velho ditado surge nessa hora: quem brinca com fogo, sai queimado. Tanto que há aliados de Trump que estão sendo atingidos pelas turbulências. Houve forte queda da fortuna dos multibilionários americanos.
Fortuna de Warren Buffett cresce na nova era Trump
No primeiro trimestre deste ano, segundo o Bloomberg Billionaires Index, das 20 pessoas mais ricas do mundo 14 viram seus patrimônios perderem valor. Esse declínio foi impulsionado por uma queda generalizada nas ações negociadas nas bolsas americanas, especialmente no setor de tecnologia, afetando empresários como Elon Musk, Jeff Bezos e Jensen Huang.
Por outro lado, como não tem sido diferente em outras ocasiões de grandes incertezas, o megainvestidor Warren Buffett teve ganhos de US$ 24,3 bilhões no mesmo período. Elevando seu patrimônio líquido para US$ 166 bilhões.
Esse crescimento foi impulsionado pelo desempenho robusto das ações da Berkshire Hathaway, que subiram quase 20% no trimestre, refletindo a confiança dos investidores em sua abordagem de investimento conservadora e diversificada.
A carteira de Warren Buffett
Chama a atenção que, frente aos avanços da inteligência e toda a revolução tecnológica que vivemos neste momento, Buffett segue a sua estratégia construída há décadas.
Enquanto muitos investidores mantêm posições na indústria de tecnologia, a carteira da Berkshire Hathaway continua firme em setores tradicionais da economia americana: seguradoras, energia, ferrovias.
Além de forte posição de caixa, com montante de US$ 334 bilhões investidos em T-Bills, os títulos do Tesouro americano de curtíssimo prazo que rendem cerca de 4,2% ao ano.
A estratégia mantida por Warren Buffett é sempre um guia para todos.
Lições de Buffett para os investidores
Value investing (investimento em valor)
A abordagem baseada em valor. Comprando ações de empresas que se acredita estarem subvalorizadas pelo mercado.
Garimpando negócios sólidos, com vantagem competitiva clara, geradores constantes de caixa e com modelos de negócio compreensíveis e previsíveis.
Foco em longo prazo
São mantidas as ações por décadas, independentemente da volatilidade temporária.
Segundo Buffett o seu horizonte preferido de investimento é “para sempre”, desde que os fundamentos das empresas permaneçam sólidos.
Disciplina e paciência
Não se deve deixar influenciar pelo pânico ou pela euforia do mercado.
Mas, sim aproveitar períodos de crise para comprar ações baratas, mantendo sempre reservas robustas em caixa.
Portfólio diversificado e conservador
A carteira da Berkshire Hathaway é fortemente concentrada em setores defensivos e resilientes, incluindo:
- serviços públicos e energia, bens de consumo essenciais (Coca-Cola, Kraft Heinz)
- instituições financeiras tradicionais (Bank of America, American Express) e seguros e resseguros (Geico, General Re)
De maneira geral, Buffett evita empresas de alto crescimento especulativo, especialmente quando possuem avaliações exagerados ou modelos de negócio muito voláteis.
Fortes fluxos de caixa e dividendos
Investir em empresas que geram robustos fluxos de caixa livres, permitindo reinvestir continuamente ou distribuir dividendos estáveis.
Estratégia que busca manter o capital protegido contra períodos inflacionários ou crises econômicas prolongadas.
Gestão de riscos e reservas elevadas de caixa
No início de 2025, as reservas em caixa da empresa superavam US$ 140 bilhões, permitindo-lhe aproveitar oportunidades excepcionais durante crises.
O sucesso de Buffett é resultado direto da coerência de sua estratégia clássica de investimento: rigorosamente orientada por valor, paciência estratégica, disciplina financeira, forte diversificação em setores conservadores e manutenção de caixa suficiente para oportunidades em crises.
Frases de Buffett para guardar
Algumas de suas famosas frases sintetizam a essência da filosofia de investimentos e podem explicar por que ele obteve êxito significativo no primeiro trimestre de 2025, enquanto outros bilionários sofreram perdas.
Sobre investimento em valor:
“Preço é o que você paga; valor é o que você recebe.”
“Compre empresas extraordinárias por preços ordinários, não empresas ordinárias por preços extraordinários.”
Sobre paciência e visão de longo prazo:
“O mercado acionário é um mecanismo de transferência de dinheiro dos impacientes para os pacientes.”
“Se você não está disposto a manter uma ação por dez anos, nem sequer pense em mantê-la por dez minutos.”
Sobre disciplina e risco:
“Regra número 1: Nunca perca dinheiro. Regra número 2: Nunca esqueça a regra número 1.”
“Só quando a maré baixa você descobre quem estava nadando pelado.”
“Não precisamos ser mais inteligentes que os outros. Precisamos ser mais disciplinados que os outros.”
Sobre simplicidade e compreensão do negócio:
“Nunca invista em um negócio que você não entende.”
“Investir é simples, mas não é fácil.”
Sobre aproveitar crises como oportunidades:
“Tenha medo quando os outros estão gananciosos, e seja ganancioso quando os outros têm medo.”
“As oportunidades surgem poucas vezes. Quando chove ouro, pegue o balde, não o dedal.”
Sobre acumular reservas financeiras:
“Dinheiro é como oxigênio: você só sente falta quando acaba.”
Sete dicas práticas para investir na era Trump
Com base nos aprendizados e na filosofia de investimento praticada por Warren Buffett, podemos tirar algumas recomendações práticas ao investidor médio brasileiro neste período de tanta instabilidade:
1) Invista com foco no longo prazo.
2) Busque valor em vez de preço. Não se deixe levar por modismos ou bolhas passageiras.
3) Pratique a diversificação construindo uma carteira que contenha ativos defensivos (setores como energia, serviços públicos e bens de consumo) e renda fixa (principalmente Tesouro Direto atrelado à inflação).
4) Disciplina e controle emocional. Evite decisões impulsivas motivadas por medo ou ganância.
5) Mantenha sempre uma reserva financeira.
6) Reduza ao máximo os custos operacionais, como taxas e custos de administração.
7) Educação financeira contínua.
E mais uma lição de Buffett que diz: “O melhor investimento que você pode fazer é investir em si mesmo.”
Assim, você conseguirá não só proteger seu patrimônio, mas também multiplicá-lo de forma segura, sustentável e duradoura ao longo do tempo.
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