Como ficam os investimentos na renda fixa e na bolsa até a próxima reunião do Copom?

Para especialistas, semanas até a próxima reunião do Copom serão de expectativa e atenção às divulgações de dados sobre a atividade econômica e a inflação

A última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi repleta de mensagens para os investidores. O comitê decidiu aumentar a taxa de juros para 14,25% ao ano, maior patamar desde outubro de 2016. Por um lado, sinalizou que o ritmo de aumento será menor em maio. Por outro, também apontou que o ciclo de altas da Selic não se encerrou.

Mas como ficam os investidores e suas carteiras até a próxima reunião, que acontece entre 6 e 7 de maio? Para especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira, pouco muda imediatamente.

“No curto prazo não muda muito porque a decisão foi marginalmente mais dura que o esperado. Não houve sinal de corte esse ano, por exemplo. O Copom foi mais conservador e parece que está diligente com a inflação”, avalia Laís Costa, analista de renda fixa da Empiricus Research.

Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, acredita que os títulos que sofrem marcação a mercado podem experimentar alguma volatilidade diante das diferentes expectativas e divulgações de dados aguardadas.

Por isso, esse período até a próxima reunião do Copom pode ser um momento sensível para quem queira encontrar o momento ideal de negociar um desses títulos, como o Prefixado ou o IPCA+.

“Não é uma boa ideia ficar fazendo trade com NTN-B (Tesouro IPCA+) ou LTN (Tesouro Prefixado). Esses títulos estão em uma volatilidade sujeita a muitos fatores. Fica muito complicado para um investidor iniciante interpretar esses movimentos”, avalia o professor.

A melhor oportunidade na renda fixa, na avaliação de Laís Costa, está na inflação de curto prazo. Títulos como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) que sejam atreladas ao IPCA e tenham resgate em períodos mais curtos, por volta de 1 ano.

O que impacta a renda variável neste momento?

É fato no mercado que a taxa Selic cair, ou pelo menos parar de subir tanto, é um bom presságio para a bolsa de valores. Afinal, com os juros não tão altos os investidores se sentem mais instados a tomar um pouco mais de risco em busca de rentabilidades maiores.

Isso de fato entra no radar da bolsa brasileira, de acordo com os especialistas. “Se todos esses fatores evoluírem de forma mais favorável, e, se inflação mostrar sinais de redução, isso pode trazer um otimismo para o Ibovespa”, afirma o professor Marcos Piellusch.

Contudo, Laís Costa, da Empiricus, observa que ela não considera que esse seja o principal fator. A especialista cita o fluxo de capital estrangeiro saindo dos Estados Unidos como a razão principal para a alta do Ibovespa nos primeiros três meses do ano.

“Estamos muito mais surfando o fluxo de capital do que qualquer movimento interno. Temos visto uma procura bastante vocal do gringo para alocar capital fora dos Estados Unidos”, avalia Laís Costa. A Inteligência Financeira detalhou as causas da alta do Ibovespa em 2025 e as oportunidades para o investidor pessoa física em reportagem neste link.

Para a especialista, “há condições de acelerar” a alta da bolsa nas próximas semanas. Contudo, há questões a aguardar, tanto externas, nas posições de Donald Trump, quanto internas, que detalharemos na sequência. De toda forma, Costa acredita que os ativos brasileiros ainda estão baratos e os estrangeiros devem aproveitar.

“O Brasil está bem posicionado. (Tem) Valuation barato, técnico positivo e empresas ‘investíveis’ sem problemas de compliance, o que é muito difícil em países em desenvolvimento”, diz. “Nosso grande concorrente que é a Índia está absurdamente mais caro”.

O que observar até a próxima reunião do Copom?

Daqui até a primeira semana de maio o mercado seguirá observando sinais que podem indicar para onde vai a política monetária. Tanto Laís Costa quanto o professor Marcos Piellusch apontam para os dados relativos a atividade econômica como importantes até a próxima reunião do Copom.

Dentre os dados a serem observados estão os que dizem respeito à inflação e ao mercado de trabalho. Os números surpreendentes do Caged, que apresentaram alto volume de criação de postos de trabalho em fevereiro, acenderam alertas bons e ruins.

Do lado bom, menor desemprego. Do ruim, indicativo de uma atividade econômica em um patamar que pode desencadear em mais inflação. E, com mais inflação, uma necessidade maior de alta nas taxas de juros.

Laís Costa afirma que será muito aguardado o anúncio do Caged de março. Com o fato de que o carnaval varia de data a cada ano, a especialista aponta que o ideal é analisar o resultado do primeiro trimestre, o que ajuda a eliminar a sazonalidade dos resultados.

“Temos visto alguns sinais de que podemos (o mercado como um todo) estar muito errados em relação a atividade econômica”, diz ela, que acredita em uma revisão para cima das apostas para a alta do PIB em breve. “Esse atual Banco Central parece ser mais sensível à atividade econômica. Se essa atividade não ceder vai ficar mto difícil o BC cortar os juros”, acredita.

Junto com a inflação e a atividade econômica, os outros dois fatores que deverão ser observados até maio são os anúncios de tarifas nos Estados Unidos, prometidos por Trump, e os rumos da política fiscal no Brasil.

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