ETF de renda variável é alternativa para investidor ‘menos sofisticado’, diz gestor de R$ 9,5 bi

A opinião é de Alexandre Rezende, sócio-fundador da Oceana Investimentos, asset que administra R$ 9,5 bilhões

Os fundos de índices ou ETFs, como são conhecidos, são uma boa alternativa de investimentos, mas para investidores “menos sofisticados”. Ou para àqueles que não contam com o suporte para a escolha dos fundos de investimento ativos.

A opinião é de Alexandre Rezende, sócio-fundador da Oceana Investimentos, asset que administra R$ 9,5 bilhões.

O gestor opera exclusivamente fundos de ações, tanto long only (aposta em ações de olho na valorizarão delas), quanto long biased (aposta em ações com posições compradas e vendidas). E, apesar de reconhecer que os ETFs cumprem um papel importante, não acredita no modelo para ativos de renda variável no Brasil de hoje.

“De fato, eles (ETFs) resolveram o problema. Eles são indicados para o investidor pessoa física ou instituição que não tem uma estrutura suficiente para conseguir selecionar gestores de maneira adequada. Pra investidores com menor sofisticação, o ETF vem como uma solução barata”, destaca.

Rezende participou um evento organizado pela family office TAG Investimentos nesta quarta-feira (7).

Risco

O gestor da Oceana lembra que boa parte do sucesso dos ETFs nos Estados Unidos se deveu ao desempenho da indústria de fundos ativos.

“Lá, 75% dos gestores não batiam o índice. Você tinha o trabalho de escolher um gestor, você investia naquele gestor e tinha um resultado pior que o índice. Melhor investir no índice mesmo”, diz.

No entanto, para ele o avanço do setor de ETFs carrega um problema para o mercado financiero como um todo.

“O risco é que esse negócio (de ETF) vire um pouco de profecia autorrealizável. Quanto mais recursos ganha o ETF, mais dinheiro é usado para comprar as mesmas ações e isso vai criando aquele ciclo de reforço positivo em que a ação performa bem, chama mais dinheiro para aquela ação, e essa performance faz a ação ir melhor e chamar mais dinheiro”, afirma.

“Para o investidor que tem a cabeça em décadas, e não em investimento curto, o ETF quase parece com um esquema de Ponzi. Quanto mais investidor entra, está todo mundo feliz. Quando parar a música, não tem cadeira para todo mundo sentar”, avalia.

Ibovespa é ‘manco’

Com relação ao Brasil, o gestor da Oceana comenta que o segmento de ETFs de renda variável ainda não emplacou. Isso porque os gestores locais tendem a, em média, registrarem um resultado melhor que o do índice.

“O motivo disso é simples. O índice de bolsa no Brasil é uma proxy muito ruim da economia brasileira. É um índice muito pesado em commodities e bancos, quando na verdade a gente vê o percentual desses setores na economia brasileira muito menor. Então é um índice meio cavalo manco. Ganhar do cavalo manco nunca foi tão difícil”, resume.

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