Momento atual dos fundos multimercados sugere análise periódica por parte do investidor

Fatores como a taxa de juros alta e a alteração de tributos de fundos exclusivos contribuíram para 2024 difícil

Os fundos multimercados, aqueles que reúnem diferentes tipos de ativos como títulos, ações e derivativos, tiveram forte saída de recursos recentemente. Isso segundo a Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

De acordo com a associação, entre janeiro e dezembro do ano passado, esses fundos tiveram sangria de R$ 356 bilhões. Além disso, apenas um tipo de fundo multimercado teve rentabilidade acima do CDI em 2024, que ficou no patamar de 10,88% no acumulado do ano. Os dados, também da Anbima, mostram que fundos que investem mais de 40% do patrimônio líquido no exterior tiveram ganho médio de 11,54%.

Para Marcos Milan, professor da FIA Business School, são dois os fatores fundamentais que justificam esse cenário difícil.

“O primeiro fator é a rentabilidade. Isso porque, com o aumento da taxa básica de juros, fica bastante difícil bater o CDI por meio de um fundo de investimento. Além disso, também por conta da Selic em alta, o investidor tem a possibilidade de atingir com investimentos mais tradicionais rentabilidades razoáveis com menor taxa de administração, isenção de come-cotas e mitigação de taxas de performance”, disse.

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    Importante destacar que essas são características dos multimercados. “Tudo isso aliado a um grande controle do risco. Então, a decisão por renunciar a fundos dessa natureza fica muito fácil”, explica e complementa o professor.

    Lei de tributação de fundos exclusivo contribuiu para saídas

    Outro ponto que justifica a saída de recursos desses fundos, segundo Milan, é a alteração da tributação de fundos exclusivos, que passou a ocorrer a partir da aprovação da lei 4.173/2023, equiparando fundos exclusivos aos fundos abertos existentes no mercado.

    “O que acontece é que uma grande parcela dos fundos multimercados é composta pelos chamados fundos exclusivos. Esses fundos, antes da aprovação dessa lei, tinham como grande vantagem o fato de terem tributação diferenciada dos fundos convencionais, como a ausência do come-cotas”, conta.

    E aí, com a equiparação tributária alcançada por meio da lei, “essa modalidade de fundo passou a ser menos atrativa para os grandes investidores. O que resultou na saída massiva dessa classe de investimentos”, afirma.

    Perspectivas para os fundos multimercados

    Para esse ano, os especialistas afirmam que o momento ainda será um pouco difícil. “É o que tem sido ventilado no mercado. Afinal de contas, com a projeção da Selic aumentar mais, os investidores de forma geral ainda têm opções conservadoras pagando juros altos. Então, eles acabam preferindo permanecer nesse tipo de ativo”, analisa Alexandre Costa, analista de fundos da Empiricus Research.

    Por outro lado, Marcio Verri, fundador da Kinea, afirmou em entrevista para o PodInvestir, podcast original da Inteligência Financeira, que esse jogo está quase virando. “Na rentabilidade da classe de multimercados, em janelas de 1, 3 e 6 meses, já está muito bem e superando o CDI”, conta.

    Rebalancear quando necessário

    Por isso, para quem já tem fundos multimercados na carteira, ou pretende incluí-la no horizonte de investimentos, o negócio, claro, é adotar uma política de análise periódica. “Inclusive, com o rebalanceamento da carteira quando necessário”, pontua o professor da FIA.

    Além disso, um ponto importante mencionado por Lucas Sigu Souza, sócio-fundador da Ciano Investimentos, e que muitas vezes é uma dificuldade do investidor, envolve saber no que se está investindo ao adquirir um fundo multimercado. “Por isso, é preciso conhecer a estratégia do gestor. Analisar se ele tem um viés que faz sentido para o que o investidor busca com aquele ativo financeiro”, esclarece.

    Afinal de contas, como os fundos multimercados não seguem uma regra mais estreita de composição da sua carteira, entender a cabeça do gestor é meio caminho para o sucesso na escolha do ativo.

    “Em linhas gerais, a escolha de um fundo multimercado deve obedecer a uma regra simples: se os ganhos superam todos os custos, sejam no formato de taxas de administração, performance ou impostos, ótimo! São produtos que podem fazer parte da estratégia de qualquer investidor. Se não for esse caso, é melhor não arriscar”, conclui Marcos Milan.

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