Cerca de 7 milhões de brasileiros negociam criptos por mês em 2024; USDT lidera
Número é 31% superior ao de CPFs cadastrados no mercado de renda variável brasileiros, segundo dados da B3

É instável, muita gente não entende direito, mas a verdade é que o mercado de criptomoedas continua atraindo os brasileiros. E não importa o momento ou a cotação de ativos populares, como bitcoin e ether.
Entre janeiro e agosto deste ano, uma média de quase 7 milhões de CPFs compraram ou venderam moedas digitais no Brasil.
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Os dados, tabulados pela Inteligência Financeira, são de um relatório sobre negociações de criptoativos, organizado pela Receita Federal.
Esse número considera apenas as transações em cripto com valores equivalentes ou superiores a R$ 30 mil. Assim, é somente a partir desse montante que os brasileiros precisam declarar ao Fisco suas negociações com esse tipo de ativo.
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Alta consistente de criptomoedas
Segundo o levantamento, o mercado experimenta alta consistente desde 2020, primeiro ano cheio em que o governo iniciou o monitoramento do setor.
Precisamente, em 2024, houve movimentação mensal média de 6,7 milhões de CPFs. Como comparação, o volume é 31% superior ao número de CPFs cadastrados no mercado de renda variável brasileiro. Dados mais recentes da B3 apontam para o registro de 5,1 milhões de CPFs na bolsa de valores.
Em 2023, eram então 4,6 milhões o número médio mensal de CPFs comprando e vendendo criptos. Em 2022, 1,06 milhão. Seguido por 502 mil CPFs em 2021, e, por fim, 125 mil, em 2020.
A explicação para a forte alta
Na opinião de Rony Szuster, especialista em criptomoedas do Mercado Bitcoin, existem duas explicações para essa forte alta.
A primeira é que cresce a base de investidores, puxada pela popularização de ativos como o bitcoin. A segunda, mas muito mais potente, guarda relação com o surgimento das moedas digitais pareadas em moedas fiduciárias tradicionais, como real e dólar. São as stablecoins.
“As stablecoins são, até hoje em dia, a única aplicação matadora de cripto. A única coisa que realmente traz para a economia real a noção de criptos”, afirma o especialista.
“Elas são usadas para o uso de remessas internacionais. Assim, esse é, disparado, o maior caso de uso de criptomoedas no mundo e no Brasil”, afirma
Volumes de criptomoedas
Uma stablecoin precisa ser pareada com sua moeda fiduciária. A principal stablecoin do mercado é a USDT, equiparada no valor de 1 para 1 com o dólar.
O USDT é mantido pela Tether, empresa tocada por norte-americanos, mas com sede no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Ele movimenta, então, o equivalente a US$ 190 bilhões por dia nas principais blockchains (redes onde as criptos rodam).
Segundo o Fisco, o bitcoin movimentou no Brasil R$ 13,7 bilhões em operações no ano passado. Já o USDT foi responsável por R$ 209 bilhões. O volume é 77% superior a 2022, que, por sua vez, havia crescido 76% na comparação com o ano de 2021.
“Existem diversas stablecoins, de real, de euro, de yuan. Mas 99% das transações da rede ocorrem em dólar. E a USDT tem 70% desse mercado”, conta Rony Szuster.
Custo da transação
O principal motivador para o uso de uma stablecoin, assim como o USDT, é o custo da transação. Segundo relatório da A16Z Crypto, venture capital para o mercado de criptomedas, uma transação internacional de US$ 1 mil pode custar US$ 44 no mercado tradicional.
Mas com o uso de uma das concorrentes da USDT, a USDC, da Circle, o custo pode ir de US$ 12 a até US$ 0,01, dependendo dos valores e da opção pela rede de blockchain.
Também não há risco legal nas operações. Segundo a procuradora Ana Paula Bez Batt, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), quem fizer uma remessa internacional não precisa pagar taxa cambial. “Não existe previsão legal para stablecoin no Brasil”, afirma.