Quais são os desafios da desacumulação quando chega a hora de se aposentar?

Quem não sonha em ter uma aposentadoria tranquila? Muitos pensam em passar a velhice morando na praia, caminhando diariamente no calçadão e sentindo a brisa do mar – e, se tiver um tempinho, tomar até uma água de coco.

Porém, para chegar nesse sonho, uma simples decisão de vida precisa ser tomada: adotar o quanto antes o planejamento financeiro para a aposentadoria.

Aqui nesta coluna, falamos de planejamento financeiro a todo momento: das vantagens em ter um plano de Previdência, seus incentivos fiscais e de regras como a 1-3-6-9, desenvolvida pelo Itaú, que te ajudam a entender quantos anos de salário precisam estar acumulados em cada momento de vida.

Mas essa realidade da aposentadoria tranquila, no Brasil, ainda não é generalizada. Segundo a 7ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, pesquisa realizada pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), apenas duas em cada dez pessoas se preparam financeiramente para a aposentadoria.

E para quem já se planejou ou está se planejando, na hora de se aposentar, há ainda mais uma questão relevante a ser discutida: decidir o que fazer com os recursos acumulados. E é exatamente sobre isso que quero falar no artigo desta quinzena.

Desacumulação: chegou a hora de se aposentar e usar os recursos acumulados

Eu costumo dizer que a fase de desacumulação dos recursos para uso na aposentadoria é mais desafiadora que a parte em que estamos acumulando esses recursos.

E isso acontece porque temos produtos e ferramentas que nos orientam – porém, na desacumulação dos recursos, alguns fatores novos devem ser considerados, como os gastos mensais, padrão de vida, outras fontes de renda que serão incorporadas e até gastos que serão despriorizados ou diminuídos nessa nova fase.

Em fevereiro desse ano concedi uma entrevista ao site Inteligência Financeira falando sobre esse processo, dos seus desafios e como podemos escolher entre as diferentes formas de receber os recursos. Ela está disponível aqui e vale a leitura.

O primeiro passo é entender, nesse momento de vida, como estes recursos entrarão na composição da renda. Feito isso, a próxima etapa é entender a melhor forma de recebimento, pois existem vários tipos de renda mensais, como a vitalícia, com reversão ao cônjuge, filhos ou mesmo o recebimento por um prazo determinado. Existe também a possibilidade de administração dos recursos acumulados, como a gestão de resgates programados de acordo com a necessidade financeira.

No caso de optar por um tipo de renda mensal vitalícia, o dinheiro deixa de ser do participante titular do plano e passa a ser da entidade de previdência, ficando ela responsável pelo pagamento mensal. Se sobrar ou faltar dinheiro para o pagamento deste benefício, o risco é da entidade de previdência.

Mas caso opte pela administração dos recursos com a gestão de resgates programados, o risco passa a ser do próprio participante titular do plano de Previdência. Ele é responsável pelo risco de sobrar ou faltar dinheiro, mas de antemão, tem a possibilidade de, em uma emergência, efetuar resgates de valores diferenciados em relação à renda mensal, por exemplo.

Outra forma pela qual muitos estão optando para receber os recursos é a da renda que chamamos de programada, que nada mais é do que uma renda financeira, sem risco atuarial. Esse tipo de renda tem algumas vantagens, tais como:

• Flexibilidade para escolher o prazo de recebimento do benefício mensal;
• O valor do benefício recebido é corrigido anualmente pela variação do IPCA;
• O cálculo do benefício contempla uma taxa de juros anual conforme a variação das taxas de juros dos título IPCA+;
• Em caso de falecimento do titular, o valor continuará a ser pago para o(s) beneficiário(s) até o término do prazo contratado.

Resumindo: existem várias formas de receber as reservas de um plano de Previdência na aposentadoria. Vale reforçar também que não existe uma forma melhor ou pior, o que existe é uma solução que atenda às necessidades de cada indivíduo.

Planeje-se, pois o melhor dia para começar é hoje!

Texto escrito por Vinicius Panizza para íon. Para ler outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.