Aposentadoria para MEI e PJ: como se planejar sem depender do INSS? 

Entenda as particularidades de cada plano e como fazer o cálculo para viver bem

Quem trabalha por conta própria sabe que quando o assunto é aposentadoria o planejamento precisa começar cedo. Diferentemente dos trabalhadores com carteira assinada, que têm a contribuição ao INSS descontada diretamente do salário, MEIs (Microempreendedores Individuais) e PJs (Pessoas Jurídicas) precisam planejar seus próprios aportes.

Como funciona a aposentadoria para MEIs e PJs? 

A regra é simples: quem é MEI paga 5% do salário mínimo ao INSS (hoje, R$ 75,90), já incluído na guia do DAS-MEI. Esse valor dá direito a aposentadoria de um salário-mínimo, desde que sejam cumpridos os seguintes requisitos: 

  • 65 anos de idade (homens) ou 62 anos (mulheres) 
  • 180 meses de contribuição (15 anos) 

Além da aposentadoria, o MEI também tem acesso a benefícios como auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte. 

No entanto, há algumas limitações.

“Se a ideia é se aposentar com mais do que um salário-mínimo, o MEI precisa complementar a contribuição. Nesse caso, é possível pagar uma guia extra com mais 15% do salário mínimo, totalizando os 20% exigidos para uma aposentadoria maior”, explica Taís Magalhães, planejadora financeira da SuperRico.

Isso pode ser vantajoso para quem já trabalhou como CLT antes de virar MEI e tem histórico de contribuição maior. 

Já o PJ paga o INSS como contribuinte individual, com alíquotas que variam: 

  • 11% sobre o pró-labore quando presta serviços para empresas 
  • 20% sobre o pró-labore quando atende pessoas físicas 

O PJ tem acesso aos mesmos benefícios previdenciários do MEI, mas sua aposentadoria pode ser maior, já que a contribuição pode chegar ao teto do INSS (R$ 8.157,41). 

Previdência privada: PGBL ou VGBL? 

Para quem quer complementar a aposentadoria pública, a previdência privada pode ser uma boa estratégia. Mas, antes de escolher um plano, é preciso entender a diferença entre PGBL e VGBL. 

O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é indicado para quem faz a declaração de Imposto de Renda no modelo completo, pois permite deduzir até 12% da renda tributável. “Ele pode ser interessante para quem tem um imposto alto a pagar, porque gera um benefício fiscal no momento da declaração”, explica Taís Magalhães. A desvantagem? No resgate, o imposto incide sobre todo o montante investido, e não só sobre o rendimento. 

Já o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) é mais indicado para quem faz a declaração de IR no modelo simplificado. “O VGBL não dá benefício fiscal no curto prazo, mas, na hora do resgate, o imposto incide só sobre o rendimento acumulado, e não sobre o valor total investido”, diz Taís. 

A escolha entre um e outro depende do perfil tributário e da estratégia financeira de cada profissional. 

Quanto dinheiro é preciso para se aposentar bem? 

Se a ideia é manter o padrão de vida na aposentadoria, não dá para contar só com o INSS. Mas quanto é preciso acumular? Segundo Taís Magalhães, o cálculo passa por algumas perguntas essenciais: 

  • Qual o custo de vida atual? Isso inclui moradia, alimentação, lazer e outros gastos fixos. 
  • Até quando você pretende trabalhar? Quanto mais tempo houver para poupar, menor será o esforço mensal. 
  • Qual a sua expectativa de vida? O dinheiro precisa durar por todo esse período. 
  • Quanto você já tem investido? 
  • Quais são seus planos antes da aposentadoria? Projetos como a compra de um imóvel ou uma mudança de carreira podem impactar a poupança. 
  • Quanto você receberá do INSS? 

Se o objetivo for uma renda de R$ 5 mil por mês, por exemplo, mas a aposentadoria pelo INSS garantir apenas um salário mínimo, será necessário construir uma reserva que gere R$ 3,5 mil mensais. 

Outro ponto fundamental ao pensar em uma aposentadoria para MEI ou PJ é a inflação.

“O que R$ 5 mil compram hoje será bem diferente daqui a 20 ou 30 anos. Por isso, o planejamento precisa considerar o rendimento real dos investimentos, ou seja, quanto ele gera acima da inflação”, alerta Taís.

O perfil de investimento também faz diferença.

Trabalhadores mais jovens podem assumir mais riscos, buscando ações e fundos imobiliários, enquanto profissionais mais próximos da aposentadoria devem priorizar títulos de renda fixa e fundos conservadores.  

MEIs e PJs não têm o respaldo de um empregador contribuindo para sua aposentadoria, então precisam se planejar desde cedo. O INSS pode ser uma base, mas dificilmente será suficiente para manter o padrão de vida. 

“Mais do que escolher entre INSS, previdência privada ou investimentos, o importante é ter um plano sólido e começar o quanto antes. Quanto mais cedo você se organiza, menos precisa poupar por mês para atingir seu objetivo”, conclui Taís Magalhães. 

Leia a seguir

Pular para a barra de ferramentas