Ciclo de alta da Selic pode acabar nesta reunião do Copom?

Confira quem diz que sim e quem espera um aperto adicional na taxa básica de juros
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  • O mercado financeiro se divide sobre o futuro da Selic após a reunião do Copom.
  • Há quem acredite no fim do ciclo de alta em 14,75%, enquanto outros projetam mais 0,25 p.p. em junho.
  • XP e BTG Pactual apostam em alta adicional em junho, citando estímulos governamentais à economia e desafios inflacionários.
  • Já Bradesco, Santander, Bank of America e Goldman Sachs esperam o fim do ciclo de alta em maio.
  • A economista do BNP Paribas prevê Selic a 15% por pelo menos um ano.
  • A decisão dependerá da evolução da economia brasileira e internacional, e da inflação.
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Se não há dúvidas dúvidas sobre o que vai acontecer na reunião do Copom desta semana, o mercado financeiro se divide sobre os próximos passos da política monetária no Brasil.

Uma parte acredita no fim do ciclo de alta da Selic em 14,75%, como mostrou o Boletim Focus nesta segunda-feira (5). Enquanto uma outra parcela, puxada principalmente por XP e BTG, ainda enxerga uma subida adicional dos juros em junho, de 0,25 ponto percentual (p.p). Isso levaria a taxa, hoje em 14,24%, para 15% ao ano.

Para o economista-chefe da XP, Caio Megale, não haverá sinalização no comunicado sobre o que os dirigentes do Banco Central, que integram o Copom, pretendem fazer na reunião seguinte, em junho.

Megale, contudo, pondera. “Nenhuma sinalização, por definição, não significa que os juros ficarão parados no próximo mês.”

O economista aponta que a maioria dos participantes do mercado acredita que a alta da Selic em maio será a última do atual ciclo de aperto monetário.

“Nós discordamos. Em nossa opinião, o fluxo de notícias convencerá o Copom a fazer um ajuste final em junho”, diz.

Esse retoque, destaca Megale, pode ser de 0,25 ponto. Mas também pode ser de 0,50 ponto. Vai depender de como a economia – no Brasil e também no exterior – vai se comportar nos próximos 45 dias.

“Considerando o cenário desafiador para a inflação de 2026, a taxa Selic deve permanecer elevada por um longo período”, aponta Megale, em nota distribuída aos investidores.

Economia quente mesmo com Selic atual

Assim como no caso da XP, o BTG Pactual também enxerga desafios para a economia brasileira, mesmo que o cenário internacional, marcado pela guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos, aponte para um esfriamento da atividade global – e, consequentemente, desinflação.

Para o BTG, os sinais de desaceleração são perceptíveis. Mas o governo ainda permanece estimulando a economia, via crédito aos consumidores. E isso deve esticar o PIB.

“Como resultado, revisamos nossa projeção de crescimento do PIB para 2025 de 1,5% para 1,7%, com impulso adicional esperado em 2026”, afirmam em relatório os analistas Claudio Ferraz. Bruno Martins e Bruno Balassiano.

“Continuamos projetando um alta adicional de 0,25 p.p. na reunião de junho (do Copom), com a política monetária permanecendo em território restritivo por um período extenso”, escrevem.

Selic em 15% por um ano

No francês BNP Paribas, a economista Fernanda Guardado, que lidera a área de projeções do banco para a América Latina, vai além.

Guardado, que fez parte do BC entre 2021 e 2023, diz que a Selic sobe mais 0,25 ponto em junho e se mantém em 15% por pelo menos um ano. Até convergir a taxa de inflação ao alvo de 3% em 2027.

“O BC pode iniciar a normalização (da Selic) no fim do segundo semestre de 2026”, afirma.

Santander e Bradesco discordam

Já o Bradesco e o Santander estão entre os mais otimistas, aqueles que esperam uma paralisação no ciclo de alta da Selic agora em maio. Com eles estão os gringos Bank of America e Goldman Sachs, assim como o digital Inter e a gestora Asa, de Alberto Safra.

“Acreditamos agora que (nesta reunião de maio) será a última alta do ciclo. Antes, tínhamos uma alta de 0,50 p.p. em junho”, aponta, em nota, a economista Ana Paula Vescovi.

“Isso (a paralisação da Selic em 14,75%) se alinha com a nova retórica do Copom de ‘cautela e flexibilidade’ para o futuro”, afirma Vescovi, para quem o IPCA de abril, que será divulgado na próxima sexta-feira, irá refletir pressões persistentes de preço, embora com sinais de descompressão.

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