Queda da taxa Selic em 2026? JPMorgan projeta juros abaixo de dois dígitos

Selic deve baixar para 9,75% ao ano em dezembro de 2026, segundo previsão do JPMorgan; é possível, mas não o cenário base, dizem economistas
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  • O JPMorgan prevê queda da taxa Selic para 9,75% até dezembro de 2026.
  • O Banco Central iniciaria o ciclo de baixa no quarto trimestre de 2024.
  • A queda seria gradual e dependeria do impacto de tarifas dos EUA na economia brasileira.
  • A previsão do JPMorgan difere do consenso do mercado, que aponta para 12,50%.
  • Estímulos fiscais em 2026 poderiam gerar novas pressões inflacionárias, contrariando a previsão.
  • O mercado de trabalho aquecido pressiona os preços de serviços.
  • Outras instituições têm previsões mais conservadoras para a Selic em 2026.
  • O JPMorgan prevê o fim do ciclo de alta da Selic em 14,75%.
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Se parte do mercado já antecipa um corte de juros ainda em 2025, o JPMorgan vai além. O banco americano tem previsão de queda da taxa Selic para 9,75% até dezembro de 2026. Em relatório, o JPMorgan indica que o Banco Central do Brasil deve iniciar o ciclo de baixa dos juros ainda no início do quarto trimestre deste ano.

Para economistas ouvidos pela Inteligência Financeira, o cenário traçado pelo JPMorgan é de “menor probabilidade”, mas possível.

O banco americano destaca que a queda da Selic seria “gradual” e a extensão do ciclo de cortes depende de quanto o choque das tarifas dos Estados Unidos pode afetar a economia do Brasil. A queda das commodities pode arrefecer a escalada de preços.

Queda da Selic abaixo de 10% é possível?

A previsão do JPMorgan, que considera a taxa Selic abaixo de dois dígitos, difere por 2,75 pontos percentuais dos dados do Boletim Focus. A pesquisa do BC resume o consenso de economistas do mercado financeiro e tem como base um cenário onde o juro termina dezembro de 2026 em 12,50% ao ano.

Na visão de Marianna Costa, economista-chefe da distribuidora Mirae Asset, é possível que a Selic chegue ao nível de 9,75% a.a em 2026. Este, contudo, “não é o cenário mais provável”, segundo ela.

Se produtos chineses entrarem no Brasil, podem provocar deflação. E se commodities continuarem a se depreciar, como o caso do petróleo, é possível uma correção maior da Selic pelo BC.

A isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, crédito consignado CLT e pagamento de precatórios em 2026 colaboram para que o consumo do brasileiro permaneça elevado.

E, portanto, vão contra a derrubada da taxa Selic, ressalta a economista da Mirae.

“O mais provável é que a Selic fique acima do previsto pelo JPMorgan até o fim de 2026”, argumenta.

O mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego medida pelo IBGE próxima da média anual, pressiona os preços do setor de serviços, que corresponde por 60% do PIB brasileiro.

A Armor Capital tem previsão mais conservadora para a Selic em 2026. A gestora indica queda dos juros até 12,75%, acima do Focus.

Para Gustavo Rostelato, economista da Armor, o mercado financeiro deve continuar com expectativas de inflação desancoradas até o final do ano. Ou seja, sem convergência à meta do BC, de 3% para o IPCA

Assim, Rostelato aponta para cortes da taxa Selic somente a partir de 2026.

“Esperamos um ciclo acumulado de corte de 2 p.p. até o final do ano que vem”, comenta.

Previsão de taxa Selic para 2026: o que vê o JPMorgan?

O ciclo de alta da Selic deve se encerrar a partir desta quarta-feira (7), prevê o JPMorgan. O banco americano estima uma alta de 0,50 ponto percentual deve ser suficiente para o BC paralisar novos movimentos por enquanto, diante de incertezas no cenário externo.

“Se o choque econômico seguir como planejado, o Copom deve terminar o ciclo de alta de juros em 14,75%”, explica Cassiane Fernandez, economista-chefe de América Latina para o JPMorgan. A previsão de queda, contudo, levaria tempo para se concretizar, já que a inflação deve “permanecer elevada” nos próximos meses.

De acordo com o JPMorgan, o combo gera ventos contrários à economia brasileira.

Para a previsão de queda da taxa Selic em 2026, o banco conta com choque do cenário externo e, sobretudo, queda do PIB do Brasil. “Tudo depende de como esse choque externo pode remover pressões inflacionárias domésticas”, diz a economista-chefe.

O contraponto seriam estímulos fiscais em pleno ano de eleição. Em 2026, a resposta do governo a uma economia desaquecida pode gerar pressões inflacionárias novas.

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