Morte do Papa Francisco: quem vai ser o novo líder da Igreja Católica?
O arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, afirmou que o próximo papa deve dar continuidade à defesa de questões levantadas pelo papa Francisco, como críticas às guerras e busca pela justiça social, embora a Igreja Católica não espere “um Francisco II”.
O pontífice argentino morreu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos. O motivo da morte ainda não foi confirmado pela Igreja, mas Francisco enfrentou nas últimas semanas uma longa internação para tratamento de pneumonia fúngica, bacteriana e viral.
“Ninguém espera um papa a favor da guerra, ninguém espera um papa que não cuide dos pobres”, afirmou dom Odilo durante coletiva de imprensa na Catedral da Sé.
O arcebispo afirmou que estará no Vaticano para a escolha do novo papa, ainda sem data definida. “Pretendo ir a Roma para o funeral do papa Francisco e depois para a preparação do conclave”, disse.
O próprio Odilo Scherer foi um dos nomes ventilados para a sucessão de Francisco. A escolha do papa, segundo ele, é “naturalmente” marcada por especulações, mas deve ser guiada por um senso de responsabilidade pelo futuro da igreja. “Os cardeais celebram o conclave, não é um campanha eleitoral”, afirma.
Dom Odilo destacou que a partir das décadas de 1950 e 1960 o colégio dos papas deixou de ser majoritariamente europeu, o que ficou evidenciado com a escolha de Francisco, primeiro papa latinoamericano.
“Ele (o colégio papal) é muito menos italiano, muito menos europeu, embora ainda tenha um número bastante significativo destes. América Latina e do Norte, África e Ásia têm um peso significativo”, pontuou. A escolha de um sucessor de uma determinada região, segundo ele, não significa que a igreja “virou as costas para a América” ou “voltou a ser centrada na Europa”.
Dom Odilo afirma que recebeu a notícia da morte do papa com pesar, mas “não com surpresa”. O arcebispo disse que viu “com preocupação” o semblante abatido do pontífice durante suas últimas aparições públicas, na Semana Santa.
Um dos sinais claros da deterioração da saúde de Francisco, segundo ele, foi o inchaço decorrente do uso de corticóides. Em 12 de fevereiro, antes da internação de Francisco, Dom Odilo esteve em Roma e afirmou que impressionou como Francisco “já estava abatido”.
Legado do Papa Francisco
Após a confirmação da morte do papa Francisco nesta madrugada, o cardeal arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Orani Tempesta, reforçou o legado do pontífice e ressaltou sua atuação para aproximar a Igreja Católica de temas contemporâneos.
“[Ele tinha] a grande preocupação de uma Igreja próxima das pessoas. E ele nunca se furtou a discutir todos os problemas da atualidade, todos os temas que o mundo de hoje tem trazido, seja por documentos, entrevistas, seja por seus livros”, afirmou Tempesta a jornalistas nesta manhã.
Tempesta destacou ainda a aproximação do pontífice com as populações mais vulneráveis. “O nome Francisco que escolheu já demonstrava sua preocupação com os pobres”.
O cardeal fluminense afirmou também que o papa Francisco deixa inúmeros legados. “Teve uma especial preocupação com a paz mundial, preocupação com o mundo de hoje, com a questão da ecologia, do meio ambiente e dos povos necessitados”, completou.
Tempesta é um dos sete cardeais arcebispos brasileiros que participarão do conclave, a eleição do próximo papa, em Roma, a partir desta segunda-feira.
Tempesta conduziu uma missa na Catedral Metropolitana, no centro do Rio de Janeiro, e deve seguir para o Vaticano ainda hoje, até o fim do dia. Antes, segundo ele, deve organizar a agenda da Arquidiocese.
Este será o primeiro conclave do qual o cardeal fluminense participará. Sem citar nomes de favoritos a sucessores, Tempesta se limitou a dizer que o próximo papa terá a missão de dar continuidade ao legado do papa Francisco.
“A Igreja tem uma linha que vai se seguir adiante. Então, eu tenho certeza que o próximo que virá vai levar adiante aquilo que o papa Francisco deixou como legado, mas também terá que enfrentar as novas situações que vão aparecendo, o mundo muda a cada momento”.
Com informações do Valor Econômico
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