Sem citar Trump, Lula diz que América Latina precisa se unir para enfrentar novas hegemonias

Em cúpula da Celac, Lula defendeu a união e integração comercial na América Latina e alertou para a necessidade de fortalecer a economia regional

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pregou a união e a integração comercial entre os países da América Latina e Caribe como forma de responder às ameaças de grandes potências que tentam “restaurar antigas hegemonias sobre nossa região”.

A mensagem foi passada aos chefes de Estados da região durante a sessão de abertura da 9ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado da Celac, realizada hoje.

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“A ingerência de velhas e novas potências foi e é uma sombra perene ao longo desse processo. Agora, nossa autonomia está novamente em xeque”, disse Lula, ao discursar no encontro que ocorreu em Tegucigalpa, capital de Honduras.

Ele abriu o discurso dizendo que a América Latina e o Caribe enfrentam hoje “um dos momentos mais críticos de sua história”.

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Presidente brasileiro não mencionou Trump diretamente

Sem mencionar a administração Donald Trump, que tem abalado as relações diplomáticas e comerciais pelo mundo, Lula disse que, atualmente, migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes.

“A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas”, frisou.

O chefe do Executivo brasileiro afirmou também que as tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços. “A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores”, pontuou.

Lula reforçou a defesa da democracia, o combate às mudanças climáticas e a necessidade de integração comercial como temas de interesse comum na região.

“Quanto mais fortes e unidas estiverem nossas economias, mais protegidos estaremos contra ações unilaterais. Em 2023, o comércio entre países da América Latina e Caribe correspondeu a apenas 14% das exportações da região”, disse.

Lula defendeu comércio entre países latinos

No discurso, o presidente brasileiro afirmou que o volume de comércio anual que o Brasil mantém com os países da Celac é de US$ 86 bilhões.

Segundo ele, esse montante é maior do que o país tem com os Estados Unidos e próximo do que possui com a União Europeia.

“Precisamos promover o comércio regional de bens e serviços, sua diversificação e crescente facilitação”, disse Lula.

“Para ampliar nosso intercâmbio, meu governo está determinado a reativar o ‘Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos da Aladi’ e a expandir o ‘Sistema de Pagamentos em Moeda Local”, acrescentou.

“Também atuaremos na presidência brasileira do Mercosul para assinar o acordo com a União Europeia e estreitar os laços com os países centro-americanos”, disse o presidente da República, ao se referir ao interesse de avançar com a negociação com o bloco europeu.

Necessidade de maior integração de infraestrutura regional

Para Lula, outra frente necessária de integração deveria ocorrer na infraestrutura dos países da região. “Integrar redes de transporte, energia e telecomunicações reduz distâncias, diminui custos e incentiva sinergias entre cadeias produtivas”, destacou.

Na visão do presidente, a integração regional é “tarefa inadiável, que não deve ficar à mercê de divergências ideológicas”. Isso, disse ele, demonstra a necessidade de enfrentar o debate sobre a regra do consenso.

“Mesmo que reconheçamos seu mérito de forjar convergências, é inegável que hoje ela tem gerado mais paralisia do que unidade, transformando-se em verdadeiro direito de veto”, declarou.

Lula também falou sobre o crescimento dos conflitos mundo afora, inclusive na região. “O mundo ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Não queremos guerras nem genocídio. Precisamos de paz, desenvolvimento e livre-comércio”, defendeu.

No caso da América Latina e do Caribe, o bloco deve ser mantido como uma “zona de paz”. Isso significa, disse ele, trabalhar para que o uso da força não se sobreponha à resolução pacífica de conflitos.

“O multilateralismo é abalado cada vez que silenciamos ante as ameaças à soberania dos países da região. Não podemos nos omitir em face do embargo a Cuba, das sanções contra a Venezuela ou do caos social no Haiti”, ressaltou.

*Com informações do Valor Econômico

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