Ministros do STF dizem a Lula que tratarão atos terroristas como tentativa de golpe de Estado

O governo, por sua vez, vê a ação de profissionais, além de uma 'falha generalizada' que permitiu as depredações por apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro

Presidente Lula conversa com Rosa Weber e Roberto Barroso, do STF. Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert
Presidente Lula conversa com Rosa Weber e Roberto Barroso, do STF. Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) disseram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que tratarão os atos terroristas contra as sedes dos Três Poderes neste domingo (8) como uma tentativa de golpe de Estado, segundo apurou o Valor. O governo Lula, por sua vez, vê a ação de profissionais, além de uma “falha generalizada” que permitiu as depredações.

Lula esteve neste domingo no Palácio do Planalto e na sede do Supremo, invadidos e vandalizados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele se encontrou com a presidente da Corte, ministra Rosa Weber, em frente à sede do Judiciário, onde permaneceu por alguns minutos.

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Lula e Weber combinaram de se reunir novamente nesta segunda-feira (9), às 9h, no Planalto, para discutir a crise provocada pelos bolsonaristas radicais. Em sua conta no Twitter, Lula disse que retornará aos trabalhos ainda nessa segunda na sede da Presidência.

“Estive agora à noite no Palácio do Planalto e no STF. Os golpistas que promoveram a destruição do patrimônio público em Brasília estão sendo identificados e serão punidos. Amanhã, retomamos os trabalhos no Palácio do Planalto. Democracia sempre. Boa noite”, escreveu.

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Segundo relatos ouvidos por fontes do governo, Weber e Lula sofreram “pressões” ao longo do dia para decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). A medida entregaria às Forças Armadas o comando da segurança da capital, com soldados do Exército fazendo o patrulhamento. Lula, no entanto, limitou-se a decretar uma intervenção federal na Segurança Pública do Distrito Federal.

Integrantes do governo e do Supremo julgam que houve conivência ou, no mínimo, negligência de parte da administração do governador Ibaneis Rocha (MDB). A principal queixa sobre Ibaneis foi ter nomeado Anderson Torres, que foi ministro da Justiça até o fim do governo de Jair Bolsonaro, para o cargo de secretário de Segurança Pública. Ibaneis divulgou um vídeo pedindo desculpas a Lula, Rosa Weber e aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pelas falhas na segurança. Ele também exonerou Torres, mas acabou afastado do cargo na madrugada desta segunda por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Porém, na avaliação de fontes do governo, houve uma falha generalizada, inclusive da Polícia Federal. Uma das falhas encontradas foi no monitoramento das redes sociais.

Já foi possível identificar que os manifestantes combinaram as depredações chamando os atos de “Festa da Selma”, trocando o “v” da palavra “Selva”, um jargão militar, pelo “m”.

Embora os atos tivessem um comando “profissional”, na visão do Planalto, há relatos de manifestantes extremamente alcoolizados nas invasões às sedes do Executivo, do Legislativo e do Congresso Nacional.

A reportagem do Valor esteve no Palácio do Planalto na noite de domingo e constatou que, além dos equipamentos, móveis, vidraças e obras de arte depredados, havia um forte cheiro de urina em algumas salas na sede da Presidência.

A agenda de Lula para esta segunda-feira prevê também uma reunião com governadores dos Estados às 18h. O presidente tem ainda previstos telefonemas com o primeiro-ministro de Portugal, António Costa, e o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.

Por Fabio Murakawa

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