Lula anuncia ministros a partir do dia 13 e quer mesclar nomes técnicos com políticos

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve começar a anunciar no dia 13 de dezembro os futuros ministros de seu governo e já começou a traçar os cenários para garantir a governabilidade no Congresso.
Segundo fontes, Lula ainda não começou a negociar esses espaços, o que só fará após a diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na segunda-feira, às 14h. Mas já tem na cabeça o desenho de como atrair os partidos no Legislativo. A ocupação desses espaços, ressalte-se, dependerá do desenrolar das negociações na próxima semana.
PSD pode faturar Transportes; MDB dará um à Tebet
O partido de Gilberto Kassab, nas contas dos petistas, deve ter apenas um ministério, mas de peso: o senador Alexandre Silveira (PSD-MG) ocuparia o ministério dos Transportes.
É o nome defendido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com apoio do senador Davi Alcolumbre, líder do União Brasil no Senado. A bancada do PSD na Câmara, que deseja fazer do deputado Pedro Paulo (RJ) ministro, teria que se acomodar em secretárias da Pasta.
A expectativa dos emedebistas é ocupar três ministérios: um para a Câmara e outro para o Senado e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) no Ministério do Desenvolvimento Social como “cota pessoal de Lula” pelo apoio decisivo a ele no segundo turno.
Aliados de Lula, contudo, rejeitam a tese da cota pessoal. Dizem que o MDB terá dois ministérios, mas que precisa bancar a nomeação de Simone, além de acertar um acordo entre seus diversos grupos.
O União, segundo relatos dos estrategistas políticos de Lula a outros petistas, deve ficar com um ministério – o do Desenvolvimento Regional ou de Minas e Energia – e manter a presidência da poderosa Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que no atual mandato passou a ser um braço de investimentos em diversas regiões.
PP e Republicanos não farão parte do governo
Num primeiro momento, PP e Republicanos não serão chamados para compor o governo. Os dois partidos apoiaram a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) e disseram que ficarão independentes. O PL anunciou que será oposição. Apesar disso, os petistas estimam que haverá pelo menos 30 votos governistas em cada um desses partidos, nas contas de aliados.
O PDT deve assumir o ministério do Trabalho. O favorito é o presidente da sigla, Carlos Lupi, que já comandou a Pasta em governos anteriores do governo. O PSB, além da escolha de Flávio Dino para ministro da Justiça e Segurança Pública, pode ficar com outra área. O ministério da Cultura não deve entrar na cota política e ficaria com alguém do setor.
Lula deve nomear ‘empresário de mão cheia’
Lula quer dois nomes de perfil mais técnico para áreas fundamentais de seu governo. A favorita para o Ministério da Educação é a governadora Izolda Cela, do Ceará, mas isso ainda depende de uma conversa com o ex-governador Camilo Santana (PT), eleito senador — e que pode ser ele próprio o ministro, com Izolda ocupando um cargo dentro da Pasta. Para o Ministério da Saúde, a mais cotada é a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.
O eleito disse a aliados que o ministro da Indústria, Comércio e Serviços será um empresário de “mão cheia”. Não comentou quem é o escolhido, mas o nome citado em seu círculo mais próximo é o do presidente da Embraer Defesa, Jackson Schneider, que já comandou a Mercedes e a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A Embraer anunciou a saída de Schneider do cargo um dia após ele entrar na equipe de transição. Há duas semanas, ele disse ao Valor, contudo, que sua “contribuição é técnica, com base na minha experiência na indústria, e apenas na fase de transição”.
Veja quais nomes estão certos
Outros nomes já estão dados. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), será o ministro-chefe da Casa Civil. O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) será o ministro da Fazenda e o ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio responderá pela Defesa. A deputada Gleisi Hoffmann, continuará na presidência do PT e, por isso, fora da Esplanada.
Para o ministério as Relações Institucionais, o petista ainda não indicou a ninguém quem será o escolhido. Por enquanto, ele apenas designou um responsável pelas negociações na Câmara – o deputado José Guimarães (PT-CE) – e outro para o Senado – o senador Jaques Wagner (PT-BA).
Entre os petistas, o comentário é de que Guimarães deve assumir a liderança do governo na Câmara, mas a participação dele em todas as reuniões de Lula com os partidos fomentou a impressão de que ele pode colocá-lo como o ministro responsável por essa área.
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