Haddad rebate Tarcísio: isenção de IR para ricos é prioridade?
Debate aconteceu na Arko Conference 2025, iniciativa da Arko Advice em parceria com a Galapagos Capital, em São Paulo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rebateu críticas feitas pelo governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, à proposta do governo para isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5.000 por mês.
Tarcísio disse, na manhã de sexta-feira (28) a uma plateia de investidores, que o governo federal tem adotado medidas econômicas “erradas”, que “flertam” com a superinflação e o superendividamento.
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Sem citar diretamente a isenção do IR, Tarcísio disse que o governo federal, ao “abrir mão de uma base relevante de pagantes” e apostar “em tributar o capital e o estoque de capital”, destrói a poupança e impede investimentos.
“E é aí o contrato com fracasso”, afirmou ao participar da Arko Conference 2025, iniciativa da Arko Advice em parceria com a Galapagos Capital, em São Paulo.
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Tarcísio também disse que “o Brasil precisa de uma pacificação”, ao ser questionado sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu padrinho político, no Supremo Tribunal Federal.
“Até porque a gente está preso numa agenda que não vai levar a lugar nenhum”, afirmou. “E qual é o grande problema disso? É que a gente está perdendo oportunidade. A gente está imerso num círculo vicioso, discutindo sempre o mesmo assunto.”
Resposta da Haddad
Haddad participou do mesmo evento no fim da tarde e foi questionado sobre se o julgamento de Bolsonaro desviaria a atenção dos debates de fato relevantes para o país, como Tarcísio teria sugerido.
“Defender isenção de super rico, isso que é relevante? Ser contra a isenção de quem ganha R$ 5.000 por mês, isso é relevante? Mas liberdade de expressão é desviar atenção da opinião pública?”, questionou.
“Desviar atenção é o que eles fazem nas redes sociais, falando besteira o tempo todo, inventando ‘fake news’. Para mim, o relevante é discutir a atitude das pessoas”, disse Haddad.
“Parece muito equivocado querer varrer para baixo do tapete o que aconteceu no Brasil”, disse. “Desviar atenção é fingir que não viu e, aí, quando acontece o pior, lamentar não ter agido preventivamente. Porque golpe só se evita quanto tem cultura política, a democracia como valor”, afirmou.
Haddad disse que “tem uma diferença de cultura” entre ele e o governador, com “formação e compreensão diferentes de sociedade”. “Para mim, esse debate é relevante. Não acredito que não seja tema correto julgar presidente que teve o comportamento que Bolsonaro teve. Talvez, para o Tarcísio não seja relevante o ambiente ser democrático ou não. Até porque não sei a opinião dele sobre a ditadura militar até hoje. Acredito que deva ser favorável pela formação e proximidade com Bolsonaro”, disse.
Tarcísio é cotado para disputar a Presidência em 2026, mas depende do aval do ex-presidente para se viabilizar.
“Para mim, que sou professor de ciência política, a coisa mais relevante do mundo é minha liberdade. Nada é mais relevante do que a liberdade de cada cidadão brasileiro. Viver sob ditadura é uma coisa muito séria”, acrescentou Haddad.
Com informações do Valor Econômico.