COP30 pode se tornar símbolo do multilateralismo em meio ações de Trump, diz Ana Toni

A secretária da COP30, Ana Toni, destaca o potencial do evento em Belém para fortalecer o multilateralismo diante das ações de Trump e dos desafios climáticos globais.

A secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente e diretora-executiva da COP30, Ana Toni, declarou hoje, durante evento do Valor, “O Globo” e CBN em Belém, no Pará, que a COP30 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – tem o potencial de virar um símbolo positivo do multilateralismo em meio ao ambiente geopolítico complexo e as ações do presidente dos EUA, Donald Trump.

Ontem o presidente anunciou tarifas de importação contra países de todo o mundo e também já anunciou anteriormente que irá retirar a maior economia do mundo do Acordo de Paris.

“O ambiente geopolítico não está fácil. O presidente Trump não só anunciou o ‘tarifaço’ ontem, mas também retirou de novo os EUA do Acordo de Paris. Mas é um único país que saiu. Ainda temos 197 países comprometidos com o Acordo [de Paris]”, disse Ana Toni em sua participação no evento Momento decisivo para enfrentamento da crise climática global. Diante do cenário, a “COP30 pode virar um símbolo do multilateralismo”, acrescentou.

Ana Toni também lamentou que as incertezas no cenário internacional estejam levando países a redirecionarem recursos a guerras e preparação de defesa nacional, o que naturalmente retira recursos que deveriam ser usados no enfrentamento às mudanças climáticas.

“Guerras são intrinsecamente antiecológicas. Destroem, não constroem. E, tiram a atenção do que queremos construir em relação a desenvolvimento sustentável”, disse, ressaltando que a mudança do clima e os seus efeitos deveriam unir todos os países devido às ameaças que representa para todo o mundo.

“As moléculas de carbono não entendem as fronteiras de Estado-Nação”, alertou Ana Toni. “A mudança do clima é o maior combate que todos temos que fazer. É a segurança da humanidade e deveria estar sendo colocada como prioridade”, destacou .

A diretora-executiva da COP30 reiterou que o sucesso do evento da ONU no Brasil e das negociações em novembro são fundamentais para manter a confiança no multilateralismo e reforçar a união das lideranças mundiais, sejam líderes políticos, da sociedade civil ou empresariais, unidos no enfrentamento às mudanças climáticas. “Precisamos de lideranças no tema climático que deem mensagens juntas e fortaleçam o multilateralismo. Mostrar que estamos em uma liderança coletiva.”

Realização do encontro na Amazônia é um sinal de alerta

Destacou ainda que a COP30 será realizada no momento em que a Amazônia, onde Belém, a sede do evento está localizada, está chegando a um ponto de não retorno – isso significa que se o desmatamento na floresta não for contido urgentemente, a floresta pode sofrer transformações irreversíveis que afetarão o clima de toda a América Latina, com consequências severas para a agricultura e o agronegócio.

Ana Toni também alertou que os efeitos das mudanças climáticas já estão sendo sentidos pelas populações.

Segundo ela, diante do dado que mostrou que 2024 foi o primeiro ano a superar a temperatura média de 1,5º acima do período pré-industrial no planeta, o tema da adaptação climática deverá aparecer mais na COP30 de Belém, assim como a mitigação, mais relacionada às ações necessárias para reduzir as emissões de poluentes nas origens.

“Esperamos que o tema adaptação seja um dos grandes terrenos da COP. Falamos muito de mitigação, que é fundamental, mas já ultrapassamos 1,5ºC [de temperatura média do planeta, que era a meta de limite estabelecido pelo Acordo de Paris]. Temos que exigir que os países entreguem também os NAPs [Planos Nacionais de Adaptação]. O Brasil já está fazendo o seu. Vamos ter que fazer ambos. Mitigar e adaptar”, concluiu Ana Toni.

*Com informações do Valor Econômico

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