Nestlé anuncia a compra da Kopenhagen, em negócio estimado em R$ 4,5 bilhões
Acordo terá de ser submetido ao Cade; atual CEO da Kopenhagen continuará à frente da operação

A multinacional de alimentos Nestlé anunciou nesta quinta-feira (7) a compra do Grupo CRM, dono das marcas de chocolates Kopenhagen e Brasil Cacau, que pertenciam ao fundo americano Advent. O valor do negócio não foi revelado, mas é estimado em cerca de R$ 4,5 bilhões, de acordo com fontes próximas às negociações. O acordo terá de ser aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e, segundo a Nestlé, a expectativa é que o fechamento do negócio ocorra em 2024.
A venda – que, segundo pessoas que acompanham as conversas, estaria próxima de ser fechada – faria parte de um processo de desinvestimento do fundo americano Advent, controlador da varejista, que busca liberar recursos para novas oportunidades no varejo.
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No mês passado, o fundo de investimentos americano Advent, controlador da Kopenhagen, já havia vendido 85% de sua participação no Carrefour. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, os recursos devem ser direcionados para investimentos em redes regionais varejistas ou de atacarejos.
O Advent comprou a Kopenhagen em 2020. Neste ano, contratou o Goldman Sachs para estudar “alternativas estratégicas” para a empresa de chocolates. Na mesa, havia a opção também por uma abertura de capital (IPO). Já a Nestlé foi assessorada pelo UBS BB.
Além da Nestlé, a Kopenhagen foi oferecida ainda a outros compradores, como a Cacau Show. O nome da Nestlé vinha circulando nos últimos dias entre banqueiros da Faria Lima como um dos favoritos para a compra da Kopenhagen.
Uma das dúvidas era se a empresa suíça estaria disposta a enfrentar novamente reguladores brasileiros, após um trâmite de mais de 20 anos no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) da compra da Garoto, anunciada em 2002 e aprovada só em 2023.
Marca quase centenária
A Kopenhagen é uma marca quase centenária. Foi fundada em São Paulo pelo casal de imigrantes David e Anna Goldfinger Kopenhagen e se tornou um símbolo de chocolates voltados à classe A. A primeira loja foi aberta no centro da cidade em 1929, um ano após o casal começar a produzir marzipan na cozinha de casa.
Na década seguinte, a empresa já tinha construído a sua fábrica no bairro do Itaim, onde até hoje possui uma loja de referência da marca.
Em 1996, a Kopenhagen foi comprada pelo empresário Celso Ricardo de Moraes, e passou a pertencer ao grupo CRM. Em 2014, a CRM firmou uma parceria com a suíça Lindt. Em 2020, o grupo se associou ao Advent International, que negociou a venda da Kopenhagen para a também suíça Nestlé.
Investimento
Recentemente, a Nestlé anunciou investimento de R$ 2,7 bilhões em suas fábricas de biscoitos e chocolates no Brasil até 2026. No último ciclo, de 2019 a 2022, o valor aportado pela empresa no País foi bem menor, próximo a R$ 1 bilhão.
Para se ter uma ideia da relevância, o total a ser investido nesses três anos no País representa mais de 50% do que a Nestlé vai investir no mundo em chocolates e biscoitos.
Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), em parceria com a consultoria KPMG, mostra que a produção nacional de chocolates cresceu 9,8% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado, atingindo 219 mil toneladas. Em 2022, a produção chegou a 760 mil toneladas, uma expansão de 8% ante 2021.
Entre as fábricas da Nestlé, 40% dos recursos dos novos investimentos que foram anunciados serão investidos na unidade de Caçapava (SP); 40% na fábrica da Garoto, em Vila Velha (ES); e 20% na unidade da marca de Marília (SP).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.