Mercado Livre (MELI34) deve investir R$ 34 bi no Brasil em 2025, alta de 48% em relação a 2024

Até o fim de 2025, a companhia planeja criar cerca de 14 mil postos de trabalho no Brasil, passando de 36 mil para 50 mil funcionários neste ano
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  • O Mercado Livre (MELI34) anunciou investimento de R$ 34 bilhões no Brasil em 2025, 48% a mais que em 2024.
  • Recursos serão destinados a logística, tecnologia, serviços financeiros e entretenimento.
  • Serão criados 14 mil empregos, elevando o total para 50 mil funcionários.
  • Expansão ocorre apesar de cenário econômico desafiador e concorrência acirrada.
  • O Brasil representa 54,9% da receita total do Mercado Livre.
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Empresas citadas na reportagem:

Maior plataforma de venda on-line no país, o Mercado Livre (MELI34) anunciou investimentos de R$ 34 bilhões (US$ 6,3 bilhões) no Brasil em 2025. No montante, foram incluídos também parcela de despesas operacionais e de custos, como marketing e contratação de pessoal.

A cifra é 48% superior ao recorde do ano anterior, de R$ 23 bilhões, e em dólar, a soma avançou 32%, numa expansão que já tem ocorrido todos os anos — o maior salto até hoje foi em 2022, quando a número cresceu 70%.

De qualquer forma, trata-se de aumento em cima de uma base já alta, sendo o maior investimento entre todos os grupos do setor — em projeções de analistas, mesmo ao se considerar as despesas, o valor é bem maior que o de outras competidoras que publicam os números. Magazine Luiza investiu R$ 730 milhões em 2024 e teve mais R$ 8,8 bilhões em despesas.

Até o fim de 2025, a companhia planeja criar cerca de 14 mil postos de trabalho no Brasil, passando de 36 mil para 50 mil funcionários neste ano.

Anúncio contou com a presença do presidente Lula

A projeção foi anunciada no dia da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao maior centro de distribuição da empresa, em Cajamar (SP).

Antes disso, pela manhã, Lula esteve em Montes Claros (MG), na planta do Novo Nordisk, fabricante farmacêutica dinamarquesa, para anúncio de ampliação de área.

Os R$ 34 bilhões devem ser direcionados para logística, tecnologia, ambos prioridades da empresa há anos, além de serviços (como financeiros e programa de fidelidade) e a unidade de entretenimento (Meli+).

Nessa soma estão novos centros de distribuição já anunciados em setembro — serão 11 que se somam à base de 10 que existiam em 2024. O trabalho hoje da empresa está em abrir outras centrais em regiões onde a plataforma ainda não consegue entrega tão rápida, em até 24 horas, especialmente parte do Nordeste e Sul.

Venda de itens de terceiros garante 90% da renda da empresa

Mais de 90% da venda de Mercado Livre vem dos itens de terceiros (“marketplace”), pois a venda de produtos próprios é baixa, então a empresa ganha dinheiro com cobrança de taxas em serviços, como armazenagem e entrega, além do braço da fintech do Mercado Pago e do negócio de crédito a clientes e lojistas.

Esse ecossistema tem crescido, com mais produtos entrando no modelo (como a venda de anúncios na plataforma), ao mesmo tempo que o lucro e o caixa disponível sobem, ajudando a sustentar o plano de aumento nos gastos.

Isso ocorre, embora exista um cenário mais turbulento para o consumo desde o fim de 2024, e dos impactos dessa estratégia nas margens.

Margens de lucro na América Latina pressionadas em 2024

Em parte de 2024, margens do Mercado Live na América Latina foram pressionadas por causa de investimentos logísticos e de provisões após o crescimento da operação de cartão de crédito.

Mas no fechamento de todo o ano passado, o lucro dobrou para US$ 1,9 bilhão e o caixa final mais recebíveis foi de US$ 6,2 bilhões para US$ 7,9 bilhões, o que reduziu a pressão dívida bruta que havia crescido 28% entre os dois anos.

O consumo das famílias desacelerou no Brasil após o quarto trimestre, mas apesar disso, o comando do Mercado Livre não viu sinal de deterioração do mercado, disse a direção em entrevista ao Valor em fevereiro, embora a empresa faça um alerta para o aumento do risco de crédito mo Brasil.

Segundo disse, em teleconferência semanas atrás, o presidente do Mercado Pago, Osvaldo Gimenez, a empresa tem reduzido “significativamente”, a emissão de determinados cartões de crédito e vem “apertando” o período de retorno dos cartões que emite, e isso afeta segmentos de mais baixa renda, disse a empresa a analistas.

Expansão ocorre em momento tenso do comércio mundial

A expansão ocorre num momento tenso, de plataformas no mundo perdendo valor de mercado nas bolsas, inclusive o Mercado Livre, frente ao cenário de imposição de tarifas do presidente americano Donald Trump, também sobre sites e aplicativos estrangeiros.

Isso tende a mexer com o mercado no mundo, porque os chineses, como Shein e Aliexpress, principais competidores de Mercado Livre, podem ter que redirecionar suas mercadorias a outros países, e Brasil é relevante para os competidores da empresa.

No saldo de caixa da empresa, listada da bolsa americana Nasdaq, eram US$ 2,6 bilhões em dezembro, ligeiramente acima dos R$ 2,5 bilhões do ano anterior, mas em recebíveis eram R$ 5,2 bilhões, 44% acima de 2024.

Operação no Brasil é a maior do Mercado Livre

A operação brasileira é historicamente a maior do Mercado Livre, que está presente em 18 países. Em 2024, segundo relatório de Resultados Financeiros da companhia, o Brasil representou sozinho 54,9% da receita total do ano, chegando a uma receita líquida no país de R$ 61,4 bilhões, sendo R$ 37,7 bilhões em venda on-line e R$ 23,7 bilhões em Mercado Pago.

O Mercado Livre reúne mais de 100 milhões de compradores ativos anuais na América Latina.

Em 2024, sua receita líquida consolidada atingiu US$ 21 bilhões, e US$ 51,5 bilhões em volume de vendas brutas (GMV), que trata de tudo aquilo que passa pela plataforma, incluindo itens de lojistas parceiros.

*Com informações do Valor Econômico

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