Raios e alta tensão marcam eleição para conselho de administração da Eletrobras

- A Eletrobras (ELET3) realiza eleição para seu conselho de administração, com disputa entre candidatos da companhia e da oposição.
- A empresa conclama acionistas a votarem na chapa da situação, que propõe a recondução de 6 conselheiros atuais.
- Um acordo com a União aumentará o número de assentos no conselho de 9 para 10, com 3 indicados pelo governo.
- Candidatos independentes, incluindo representantes de acionistas minoritários, concorrem às vagas.
- A disputa intensifica-se após a privatização de 2022, com o governo buscando aumentar sua influência no conselho.
Empresas citadas na reportagem:
A eleição para o conselho de administração da Eletrobras (ELET3) está intensificando uma disputa entre indicados pela companhia e concorrentes alternativos. A briga ganhou novo capítulo nesta quarta-feira (16), com a empresa de energia conclamando os acionistas a votarem nos candidatos da situação, na assembleia geral no próximo dia 29.
“Os membros do colegiado, a esmagadora maioria de seus membros – 8 de 9 –, apoiaram a decisão sobre renovação e recondução de membros para a sucessão do conselho de administração, a qual considerou as reais contribuições e qualificações necessárias ocupar uma posição neste colegiado”, afirmou a Eletrobras em carta aos acionistas.
A chapa da Eletrobras propõe a recondução de 6 dos atuais 9 conselheiros (Ana Silvia Corso Matte, Daniel Alves Ferreira, Felipe Villela Dias, Marisete Dadald Pereira, Vicente Falconi Campos e Pedro Batista de Lima Filho), além de Carlos Marcio Ferreira.
Segundo a situação, a eleição desta chapa evitaria “grandes rupturas” que pudessem comprometer o objetivo da Eletrobras “de se tornar uma das maiores provedoras de soluções energéticas mundiais”.
Acordo com União abre mais uma vaga no conselho da Eletrobras
A assembleia também vai votar a proposta para aprovar o acordo firmado em março pela companhia com o governo federal. Ele prevê que o número de assentos da União no conselho de Eletrobras subirá de um para três.
Se a proposta tiver aval dos acionistas, o conselho da gigante de energia subirá de 9 para 10 membros.
Os três indicados da União participarão de uma eleição separada. Os indicados pelo governo são os ex-ministros de Minas e Energia Silas Rondeau e Nelson Hubner, além de Maurício Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e atual diretor da Petrobras.
O desdobramento desse desenho é que ele tira do colegiado Marcelo Gasparino da Silva, que se apresenta como representante dos acionistas minoritários, e agora de candidata de forma independente. Além dele, outros dois nomes alternativos surgiram: José João Abdalla e Afonso Henriques Moreira Santos.
Gasparino atualmente também é vice-presidente do conselho de administração da Vale (VALE3).
Já Abdalla é acionista e membro do conselho de administração da Petrobras (PETR4).
Em carta recente aos acionistas da Eletrobras, da qual também é acionista, Abdalla defendeu sua candidatura, argumentando que “embora exista uma interseção nos negócios das duas companhias, entendo que essa concorrência é limitada”.
Moreira Santos, por fim, é conselheiro do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), órgão que regula o setor elétrico, incluindo a própria Eletrobras.
Disputa cresce após privatização
A disputa pelo conselho acontece no limiar da oficialização de um acordo entre Eletrobras e governo federal.
Com a privatização em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro, diminuiu a participação da União na Eletrobras, de 69% para 43%.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu em 2023, criticou o modelo de privatização, que deixou a União com apenas uma cadeira no conselho. Agora, a assembleia pode resolver esse imbróglio.
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