Marca Daslu será usada em imóveis de alto padrão

A incorporadora Mitre Realty quer levar a imagem de luxo e exclusividade atrelada à marca Daslu para seus futuros empreendimentos de alto padrão na capital paulista. Ela informou ontem que foi a vencedora do leilão da marca, realizado na terça-feira, com lance de R$ 10,5 milhões. Um dos ícones de ostentação da Daslu era justamente o prédio em estilo neoclássico, na zona Sul da capital paulista, onde funcionou até ser fechada.
A Mitre atua do médio ao alto padrão, em São Paulo, mas deseja ter, proporcionalmente, mais lançamentos de luxo e se tornar líder do segmento. De acordo com Fabricio Mitre, CEO da incorporadora, a ideia é ter lançamentos de altíssimo padrão associados à marca Daslu. “Acreditamos que podemos agregar produtos, serviços e experiências para tornar nosso produto ainda mais diferenciado”, afirma.
Para Mitre, os problemas judiciais enfrentados pela Daslu, que culminaram na condenação de Eliane Piva de Albuquerque Tranchesi e seu irmão Antônio Carlos Piva, por fraude em importações e falsificação de documentos, não mancharam a reputação da marca. “Fizemos diversas análises sobre esse ponto e o resultado é que a marca ainda é muito forte e uma referência clara na cabeça das pessoas como sendo associada ao que há de melhor, ao altíssimo padrão e ao luxo.”
O diretor da Mitre afirma que a incorporadora está fazendo um bem e que se sente confortável com a compra, porque os recursos provenientes do leilão serão revertidos para os credores da empresa, “na maioria ex-funcionários”.
“É bom que, no Brasil, haja apuração de irregularidades e punição prevista em lei para os infratores, mas, ao mesmo tempo, que uma empresa como essa, que teve milhares de funcionários, consiga ter chance de prosseguir”, diz.
A incorporadora ainda vai divulgar um plano detalhado sobre o que pretende fazer com todas as grifes que pertencem à Daslu – o leilão envolveu 51 marcas do grupo, como Daslulu, Terraço Daslu, Daslu Vintage, Daslulabel, Villa Daslu e DasluShoe Space, que operavam nos setores de moda, decoração, cosméticos, no mercado pet e na administração de imóveis.
“Estamos elaborando um plano estratégico de como utilizá-las para criar valor para a companhia e ao mesmo tempo manter o nível de qualidade que a marca Daslu traz”, afirma Mitre.
Um modelo para a incorporadora é a JHSF e sua experiência com a marca Fasano, diz Fabricio Mitre. “Existe um case de mercado bastante similar e muito bem-sucedido”, acrescenta.
O leilão foi disputado entre cinco empresas, que apresentaram 32 lances. O lance vencedor dado pela Mitre foi quase dez vezes maior do que o valor de avaliação da marca, de R$ 1,4 milhão, que foi o lance mínimo. A DSL, detentora da Daslu desde 2011, porém, contestou o preço do processo de falência da empresa. Eles citam uma avaliação anterior de R$ 40 milhões e já pediram uma revisão. O advogado da DSL, Roberto Castro de Figueiredo, afirmou ao Valor que pretende obter uma nova avaliação da marca.
O caso está no TJSP, mas não havia impedimentos para que o leilão ocorresse. No entanto, a carta de arrematação fica impedida enquanto a questão não for julgada. Se nova avaliação for feita, o leilão desta semana será cancelado. A expectativa de Mitre é que a compra seja confirmada pelas instâncias jurídicas “no curto prazo”, para que possam concretizar o negócio.
A incorporadora anunciou no início da semana seus primeiros lançamentos do ano, o Origem Penha, com unidades de 25 a 49 m2, e o Raízes Freguesia do Ó, com apartamentos de 22 a 104 m2.
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