Em mais um dia de escalada na guerra comercial EUA-China, Ibovespa cai 1,32%; dólar sobe 1,47% e vai a R$ 5,99
Powered by TradingView
A escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China pressionou o Ibovespa nesta terça-feira.
Com o fim do prazo dado por Donald Trump para que Pequim retirasse suas tarifas retaliatórias, o governo dos EUA anunciou que vai taxar produtos chineses num total de 104%, o que intensificou a aversão ao risco.
O Ibovespa recuou 1,32%, aos 123.932 pontos, próximo à mínima de 123.454 pontos, enquanto a máxima foi de 127.652 pontos.
Ibovespa hoje
Em meio ao receio de uma recessão global, a desvalorização do yuan promovida pelo governo chinês derrubou as ações da Vale, que perdeu R$ 34,5 bilhões em valor de mercado desde o anúncio do “tarifaço”, na quarta-feira passada. Atualmente, a companhia é avaliada em R$ 223,9 bilhões.
O giro financeiro do índice foi de R$ 21 bilhões e de R$ 27 bilhões na B3 (até as 17h45)
Dólar hoje
Powered by TradingView
O dólar à vista voltou a exibir forte valorização frente ao real, a terceira seguida após o anúncio das medidas tarifárias anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Com a apreciação de hoje, o dólar acumulou alta de 6,5% nos últimos três pregões, chegando a operar acima de R$ 6,00 durante as negociações desta terça, ainda que tenha terminado ligeiramente abaixo deste patamar.
Com o fechamento, a moeda americana atinge seu maior patamar desde 21 de janeiro, quando encerrou em R$ 6,03.
Encerradas as negociações, o dólar à vista registrou alta de 1,47%, cotado a R$ 5,9973, depois de ter batido na mínima de R$ 5,8613 e encostado na máxima de R$ 6,0053.
Já o euro comercial exibiu forte valorização de 1,86%, encerrando a R$ 6,5711.
No exterior, perto do fechamento, o real tinha o pior desempenho frente ao dólar, das 33 moedas mais líquidas.
Mais cedo, a rúpia da Indonésia havia assumido essa posição, por alguns minutos. Apesar da valorização firme contra moedas emergentes, o índice DXY recua 0,32%, aos 102,930 pontos.
O real esteve boa parte da sessão com o pior desempenho frente ao dólar, na relação das 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor, em parte refletindo o mau humor dos agentes financeiros com divisas mais sensíveis à economia chinesa.
Hoje, os Estados Unidos anunciaram que a partir de amanhã passa a valer uma taxa composta de 104% contra produtos importados da China, dado que Pequim não retirou suas medidas retaliatórias. Isso bastou para que moedas asiáticas e outras divisas ligadas ao país e a commodities depreciassem.
A depreciação do real pode ter sido mais forte do que a desvalorização de moedas pares devido à dinâmica relativamente contida da moeda nos últimos dias.
Na semana, o real continua avançando frente ao peso chileno e peso mexicano, por exemplo.
Bolsas de Nova York
Powered by TradingView
Em um dia marcado pela volatilidade e expectativas sobre se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de fato implementaria uma tarifa adicional de 50% aos produtos chineses (levando o montante total para 104%), as principais bolsas de Nova York despencaram ao final do pregão em um movimento de aversão ao risco.
Os agentes financeiros ficam à espera, portanto, da implementação das tarifas para China e outros países a partir de amanhã.
No fechamento, o índice Dow Jones caiu -0,84%, aos 37.645,59 pontos, enquanto o S&P 500 cedeu -1,57%, aos 4.982,77 pontos, tendo entrado em “bear market” (queda de 20% em relação ao último pico) por um curto período do pregão.
O Nasdaq teve a maior desvalorização, de -2,15%, aos 15.267,91 pontos. Todos os setores da bolsa fecharam em queda hoje.
Dentre as ações, pode-se destacar o desempenho ruim de companhias chinesas listadas em Nova York, como foi o caso dos recibos depositários americanos (ADRs, na sigla em inglês) da PDD Holdings, que caiu -6,03%.
Ativos ligados ao setor de tecnologia também reagiram mal ao estresse do mercado hoje, com a Tesla caindo 4,9% e a Apple cedendo 4,98%.
O começo do pregão foi positivo para as bolsas americanas, impulsionadas pelas notícias de negociações entre os EUA e países aliados.
No entanto, em meio à volatilidade, o bom humor se dissipou na medida em que o final do pregão se aproximava.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou que Trump não pretende adiar ou estender o prazo de implementação das tarifas para nenhum país.
Para os economistas do Citi, as pressões negativas das tarifas sobre o crescimento dos EUA podem chegar a um impacto de 1 a 2 pontos percentuais nos próximos quatro trimestres sobre o Produto Interno Bruto (PIB), com os efeitos para o resto do mundo sendo aproximadamente metade deste valor.
Além disso, elas dificultarão o trabalho do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), adotando uma política de “esperar para ver”, disseram. “A prescrição política clara para outros bancos centrais é responder às tarifas cortando as taxas agressivamente”, acrescentaram os economistas.
Bolsas da Europa
Os principais índices de ações da Europa tiveram firme alta nesta terça-feira (8), interrompendo uma sequência de quatro dias de queda, causada pelo anúncio de tarifas do presidente americano Donald Trump.
O movimento é impulsionado pela expectativa de acordos comerciais, em meio a conversas entre os Estados Unidos e o Japão e após o secretário do Tesouro, Scott Bessentt, dizer que Trump estava envolvido em negociações.
No fechamento, o índice Stoxx 600 anotou alta de 2,67%, aos 486,68 pontos, o FTSE 100, da Bolsa de Londres, subiu 2,71%, aos 7.910,53 pontos, o DAX, de Frankfurt, avançou 2,48%, aos 20.280,26 pontos, e o CAC 40, de Paris, escalou 2,50%, aos 7.100,42 pontos.
Apesar da recuperação desta terça, o mercado segue cauteloso, e o Rabobank vê que ainda deve demorar para que, no caso da União Europeia (UE), haja um acordo comercial.
“A União Europeia já expressou disposição para eliminar tarifas sobre bens industriais e automóveis, desde que os EUA façam o mesmo. Mas será que isso será suficiente para convencer Trump a reduzir suas tarifas contra a UE?”, questionam os analistas do banco holandês, em relatório.
Com informações do Valor Econômico
Leia a seguir