Tarifas de Trump vão esfriar o PIB e atingir inflação. Saiba qual será o impacto no Brasil

Relatório do Bradesco aponta forte impacto na economia dos Estados Unidos, mas o Brasil sofrerá menos

Economia crescendo menos e impacto na inflação. Estas já eram consequências previstas das tarifas comerciais dos Estados Unidos, anunciadas na véspera pelo presidente Donald Trump. Agora, com base nos números divulgados, o Bradesco (BBDC4) previu o impacto das medidas sobre a economia global e do Brasil.

Nas contas do time de análise econômica liderada por Fernando Barbosa, com a tarifa média dos EUA agora em 24%, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) lá pode passar de 2% para zero já neste ano. Ao mesmo tempo, o índice norte-americano de inflação pode subir de 2,5% para 3,6%.

Numa análise mais ampla, o crescimento do PIB global pode desacelerar de 3,1% para 2,5%.

“O efeito de um menor PIB global poderia retirar 0,5 ponto percentual do PIB brasileiro, considerando a relação histórica entre o crescimento global e o doméstico”, afirmou o Bradesco no relatório.

A previsão mais recente do Banco Central com o mercado no boletim Focus, antes das medidas de Trump, aponta expectativa de crescimento de 1,97% do PIB brasileiro em 2025.

Em contrapartida, o crescimento menor da economia pode aliviar a pressão inflacionária, com o IPCA subindo 0,15 ponto menos neste ano. Também de acordo com o Focus da última segunda-feira (31), a previsão para o índice oficial de inflação era de 5,65% neste ano.

O exercício do Bradesco não considera eventuais impactos no câmbio e nem nos preços globais dos produtos importados.

Os economistas consideraram que, com as restrições de comércio com os EUA, é provável que haja uma redução dos preços de bens importados para o Brasil, especialmente de produtos vindos da Ásia.

Agora, taxa média de exportações do Brasil aos EUA sobe a 12%

Trump anunciou um conjunto abrangente de tarifas, fundamentada no princípio de reciprocidade, visando reduzir o déficit comercial americano.

A iniciativa vai na contramão do histórico do país, que há quase uma século vinha reduzindo tarifas, conforme mostra a tabela abaixo.

Com esses aumentos, maiores do que o previsto, a tarifa média de importação dos produtos nos EUA
sobe de 5% no final de 2024 para quase 25%.

China é um dos maiores alvos das tarifas de Trump

Sobre importados da China, por exemplo, os EUA vão cobrar 34%. Da União Europeia, serão 20%.

O Brasil e outros países da América Latina se encaixaram no aumento mínimo de tarifas dos EUA, com um adicional de 10%. A exceção é o aço brasileiro, que seguirá com uma alíquota de 25%.

Com isso, a tarifa média de importação dos produtos brasileiros ficará próxima de 12%.

Isso significa dizer que os EUA ficará próxima da média que o Brasil também cobra de importados dos EUA.

Alguma negociação entre os países pode acontecer, especialmente em casos setoriais específicos.

No entanto, para alguns países, o aumento de tarifas foi muito relevante. A China teve uma
elevação de 34% nas tarifas, que agora serão da ordem de 54%

Outros países do sudeste asiático também foram duramente taxados.

A Europa recebeu uma tarifa média de 20% e, o Japão, de 24%, também bastante elevadas.

México e Canadá não receberam novas tarifas recíprocas e continuam na regra anterior: 25% de
tarifas, com exceção dos produtos do acordo de comércio (USMCA), ou seja, uma alíquota efetiva
média próxima de 14%.



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