Selic vai subir mais e inflação fica acima do teto da meta nos próximos seis meses

O presidente do Banco Central, Gabriel Galipolo, disse nesta quinta-feira que a autoridade monetária quer manter graus de liberdade para tomar as suas decisões futuras da Selic.
“A gente entende que, por todas as razões, o ciclo precisa se estender. Mas, devido as incertezas, se estender em menor magnitude. A gente consegue informar apenas até a próxima reunião”, disse o presidente do Banco Central.
“A gente quer preservar os graus de liberdade para poder chegar ali e tomar a decisão [sobre juros]”, disse Galipolo.
“O Banco Central sabe que no curto prazo a gente vai conviver com inflação acima da meta e os mecanismos de transmissão vão se dar nesta ordem que a gente tem comunicado”, disse Galípolo.
“O BC tem consciência que esse é um momento mais incômodo dos indicadores econômicos.”
Inflação acima da meta
Já o diretor de política econômica do Banco Central, Diogo Guillen, sinalizou que a inflação deve superar o teto da meta, de 3%, nos próximos seis meses.
“A inflação vai ficar acima do intervalo de tolerância nas nossas projeções nos próximos seis meses exigindo escrever a carta aberta quando completar seis meses consecutivos”, disse o diretor do BC.
Ele notou que “as expectativas [de inflação] de 2025 voltaram a subir e acima do intervalo de tolerância” e também que “olhando para os horizontes mais longos, 2026 a 2029, [estão] desancoradas e voltaram a subir.
Guillen e Galípolo falaram na entrevista de divulgação do Relatório de Política Monetária.
Isenção maior do IR e novo consignado
O presidente do Banco Central afirmou que a autoridade monetária já considera em suas projeções as mudanças no saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas ainda não o projeto que isenta da cobrança do Imposto de Renda (IR) pessoas físicas que ganham até R$ 5 mil.
De acordo com Galípolo, a opção por não considerar as mudanças na cobrança do IR se deu porque ainda é preciso entender qual será o desenho final do texto, caso ele seja aprovado.
O mesmo vale para o novo modelo de crédito consignado para trabalhadores do privado. Mas, segundo ele, a medida tem mais caráter “estrutural” do que “conjuntural”.
“A gente tem visto desde o lançamento estimativas que vêm variando muito em magnitude”, disse, destacando que as projeções mostravam a princípio impactos maiores, mas depois passaram a indicar impactos menores.
Galípolo afirmou que o BC ainda busca calcular quanto das operações com base no novo modelo “representam um fluxo novo de crédito e quanto é troca de dívida velha por dívida nova”, além de como esses efeitos vão “se desdobrar ao longo do tempo”.
Com informações do Valor Econômico
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