Recuo em tarifaço: ‘Donald Trump já perdeu a batalha da comunicação’, diz Bruno Serra, do Itaú

- Pressão do mercado fez Trump recuar temporariamente em tarifas globais.
- Aumento de tarifas sobre produtos chineses e redução temporária para outros países.
- Bruno Serra (Itaú Asset) afirma que Trump perdeu a batalha da comunicação.
- Perspectiva de dólar menos apreciado em 2025 e crescimento menor nos EUA.
- Gestor da Dhalia Capital mantém tese otimista de longo prazo sobre os EUA, apesar das oscilações.
De CEOs a investidores, a pressão do mercado norte-americano contra as tarifas de Donald Trump foram determinantes para o recuo temporário do presidente dos Estados Unidos nesta quinta-feira (9), dia que marcava o início de seu tarifaço global.
Trump afirmou em sua própria rede social, a Truth Social, que ampliou de 104% para 125% a taxação sobre os produtos importados da China, com início imediato. E que estava baixando para 10% as tarifas com os demais parceiros comerciais dos Estados Unidos por 90 dias, dando tempo para negociações de lado a lado.
Para Bruno Serra, gestor da família de fundos Janeiro, da Itaú Asset, é difícil entender o que pode acontecer num cenário de tantas idas e vindas.
No entanto, uma coisa é certa, o recuo do presidente deixa marcas em sua estratégia daqui pra frente.
“Acho que Donald Trump já perdeu a batalha da comunicação”, afirma.
Recentemente, ele falou ao PodInvestir, podcast original da Inteligência Financeira, sobre sua leitura dos primeiros dias de governo de Donald Trump.
Para ele, entre mortos e feridos, o conjunto de medidas corrobora para um dólar menos apreciado em 2025, com perspectiva de crescimento menor do país norte-americano.
“Aquela corrida para o dólar que a gente viu nos últimos anos perde um pouco de força. Essa é a primeira mensagem fundamental”, afirmou Bruno Serra.
“Outra coisa importante é um crescimento nominal mais alto da Europa. A Europa vai gastar dinheiro (com investimentos em defesa), e isso nos parece bom para bolsa, para países emergentes e para as moedas de países emergentes”, destacou.
Gestor com tese otimista sobre os Estados Unidos
Quem também falou sobre os primeiros meses do governo de Donald Trump foi José Rocha, CIO da Dhalia Capital.
Ele é um dos gestores brasileiros com a tese de investimento mais otimista sobre os Estados Unidos.
Após o recuo de Trump, Rocha reiterou o fato de que a tese com os Estados Unidos é de longo prazo. E que, por isso, é preciso ter calma com os solavancos e oscilações do mercado.
“Essa decisão de Trump dá algum fôlego. Mas é muito difícil prever as nuances de curto prazo”, afirma.
“Hoje de manhã estava todo mundo cortando os pulsos. Nós já tínhamos reduzido um pouco de Estados Unidos, compramos um pouco de Brasil, um pouco de China. Mas, hoje, não fizemos nada. Precisamos esperar um pouco para ver”, conta.
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