Pix amplia vantagem sobre o débito no e-commerce

Aceitação do meio de pagamento instantâneo aumenta para 69,5% das grandes lojas on-line, enquanto fatia do débito cai para 27,1%

A aceitação do Pix como meio de pagamento nas maiores lojas on-line do país atingiu novo patamar recorde em março, enquanto a participação do cartão de débito voltou a cair. As conclusões são da última edição do Estudo de Pagamentos Gmattos, antecipada ao Valor. A pesquisa da consultoria mostra que o débito vem perdendo espaço no e-commerce desde o lançamento do pagamento instantâneo.

No mês passado, 69,5% das lojas analisadas ofereciam a opção de pagamento via Pix, patamar que era de 16,9% no início de 2021, quando o levantamento começou a ser realizado. A modalidade fica atrás do cartão de crédito (aceito em 98,3% das lojas) e do boleto (aceito em 76,3%). O estudo analisou 59 varejistas on-line, que juntas representam 85% do comércio eletrônico do país.

De acordo com a sondagem, a disponibilização do débito, que nunca foi muito alta, vem caindo consideravelmente. Na edição de janeiro de 2021, ela era de 37,3% e chegou ao máximo de 42,3% em março daquele ano. No mês passado, caiu para 27,1%.

Cofundador e CEO da Gmattos, Gastão Mattos diz que o nível de adesão ao débito parece estar chegando perto de um “piso”, mas destaca que não é visto nenhum sinal de recuperação. Em entrevista ao Valor nesta semana, o novo presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), Rogério Panca, disse que a expansão do pagamento via débito no e-commerce é justamente uma das prioridades listadas pela entidade para o setor.

Em relação ao Pix, Mattos vê a possibilidade de a aceitação chegar ao patamar de 90% até o fim deste ano ou o início do ano que vem. Isso porque, das lojas que ainda não trabalham com essa opção, 72% disponibilizam algum tipo de pagamento à vista, seja boleto ou débito.

Esse fator, segundo ele, mostra que esses estabelecimentos têm alguma propensão, em termos de estratégia de negócios, a também ofertar o Pix. “Fica a interpretação de que, nessas lojas, a opção ainda não é oferecida provavelmente por dificuldades tecnológicas, como de integração”, diz. As empresas que não oferecem nenhuma alternativa de pagamento à vista, no geral, trabalham com vendas de tíquete médio maior.

O CEO da Gmattos ainda explica que tem subido o número de lojas on-line que oferecem algum tipo de desconto para o consumidor que paga com Pix. Além de o pagamento ser instantâneo, a modalidade também aumenta a probabilidade de conversão do carrinho. Enquanto ela é de cerca de 30% no débito, por exemplo, sobe para a casa dos 80% no Pix.

A oferta do boleto, por sua vez, se manteve relativamente estável ao longo das diferentes edições da pesquisa. Com o crescimento do Pix, a diferença na aceitação das duas modalidades tem ficado cada vez menor e é possível que o pagamento instantâneo chegue em breve à segunda posição do ranking, embora não haja uma concorrência direta com o boleto na preferência dos lojistas.

O cartão de crédito, tradicional impulsionador do e-commerce, segue na primeira posição do ranking. Mattos destaca, no entanto, que tem crescido a oferta de opções alternativas de parcelamento. “Essa é uma tendência forte para o ano”, afirma, citando tanto o parcelamento via boleto quanto o financiamento direto com grandes bancos. “Acho que vai aumentar também a oferta por bancos menores e digitais. As opções existentes claramente não estão atendendo as necessidades de todo mundo.”

As wallets (carteiras digitais) eram aceitas por 44,1% das lojas em março, patamar que já chegou a 54,2% no mesmo mês de 2021.

Leia a seguir

Pular para a barra de ferramentas