Pico da inflação será entre abril e maio, diz presidente do BC

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que o pico da inflação no país será entre abril e maio deste ano. Em evento da Esfera Brasil nesta sexta-feira (11), Campos ressaltou que a percepção do BC era que o pico da inflação seria entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, mas houve quebra de safra e alta de petróleo.
O presidente do BC ressaltou ainda que o baixo crescimento estrutural do país preocupa agentes econômicos também no campo fiscal. “Agentes econômicos acham que nosso crescimento estrutural será baixo por muito tempo, o que impacta a trajetória da dívida”, ressaltou.
Ele reforçou que medidas fiscais que reduzem preços no curto prazo não são benéficas para a política monetária, em alusão à PEC dos combustíveis. “Deixamos bem claro que medidas fiscais de curto prazo não têm efeito estrutural sobre inflação. Essas medidas não geram otimização no ciclo de política monetária”, destacou.
Sobre atividade econômica, Campos ressaltou dados positivos do setor produtivo. “Economistas que tinham projeção zero para o crescimento devem revisar para cima com dados positivos da semana passada”, disse.
Em relação aos emergentes, ele afirmou que o “Brasil teve [crescimento econômico em] ‘V’ mais forte primeiro” e que outros países estão voltando ao tema de crescimento estrutural.
Campos apresentou também uma simulação na qual a inflação do Brasil estaria em 6,7% em 12 meses caso os custos de energia e combustíveis estivessem na média de outros países.
A comparação foi feita com base no último dado divulgado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro ficou em 10,38% no acumulado de 12 meses, com contribuição maior de energia e combustíveis em relação ao resto do mundo. “É claro que a inflação não é só global, tem particularidades brasileiras”, destacou.
Ele também ressaltou que grande parte dos países estão com juros ainda abaixo do neutro. “O Brasil saiu na frente na alta de juros. Vamos usar todas as nossas ferramentas para trazer a inflação para a meta”, pontuou.
Durante o evento, Campos defendeu ainda que o problema do aumento de inflação no mundo deriva de deslocamento de demanda e não de oferta. “Quando olhamos os gargalos, não dá para dizer que é oferta [o problema da inflação] com a produção crescendo tanto. Quem acreditava que era um problema de oferta está revendo”, disse em evento da Esfera Brasil nesta sexta-feira (11).
Ele também destacou o aumento no consumo de energia elétrica. “Houve deslocamento não só na demanda por bens, mas também por energia [elétrica]. Produção de bens gasta seis vezes mais energia”, complementou.
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