Ofensiva tarifária dos EUA deve aproximar China e Brasil, diz Sergio Vale
- Sobretaxas americanas de 125% em produtos chineses devem aproximar Brasil e China, segundo Sergio Vale (MB Associados).
- Aumento da corrente comercial entre Brasil e China (US$ 160 bilhões) em comparação com a entre Brasil e EUA (US$ 80 bilhões).
- Projeção de crescimento da corrente comercial Brasil-China para quase US$ 200 bilhões em cinco anos, enquanto a do Brasil com os EUA pode cair para US$ 70 bilhões.
- Incerteza gerada pela política comercial americana pode prejudicar a economia americana a longo prazo.
O anúncio do governo americano nesta quarta-feira — de que vai sobretaxar em 125% bens da China e adiar por 90 dias tarifas recíprocas de 10% —, deve levar a uma maior aproximação entre Brasil e Estados Unidos, afirma Sergio Vale, economista da MB Associados.
“Se havia dúvida de que Trump partiria contra a China, agora não há mais. No discurso de posse, ele não citou a China, mas menos de três meses depois há uma tarifa de 125%. Essa tarifa acabará sendo reduzida, mas o resultado disso será acelerar ainda mais uma desconexão crescente entre o mercado chinês e o americano e levar a uma aproximação entre Brasil e China”, afirma.
Vale ressalta que a corrente de comércio entre Brasil e China cresceu nos últimos anos e hoje é o dobro da soma das exportações e importações entre Brasil e Estados Unidos.
Atualmente, a corrente de comércio entre China e Brasil totaliza US$ 160 bilhões, duas vezes mais que os US$ 80 bilhões da entre Brasil e EUA, diz.
“Em cinco anos, essa corrente Brasil-China deve ser quase três vezes maior e chegar a US$ 200 bilhões, enquanto a entre Brasil e EUA deve cair para US$ 70 bilhões”, diz.
Mas no curto prazo, ele alerta, o cenário é incerto.
“Mesmo voltando atrás e negociando, Trump coloca o mundo em alerta para um EUA que não é mais confiável como no passado e faz escolhas equivocadas na questão comercial”, diz. “Essa incerteza permanente que será o governo dele machucará estruturalmente a economia americana no longo prazo.”
*Com informações do Valor Econômico
Leia a seguir