IPCA: juros futuros de curto prazo avançam depois de surpresa do mercado com a inflação
Crescem as apostas em um ajuste final de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom, em setembro, embora elas não sejam majoritárias

O mercado encarou como uma surpresa negativa a abertura dos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mostraram núcleos de inflação mais altos, maiores preços em bens industriais e um ligeiro aumento do índice de difusão da inflação, que mede a quantidade de produtos e serviços que subiram em relação ao total de itens pesquisados.
Neste sentido, voltam a crescer as apostas em um ajuste final de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom neste mês, embora elas não sejam majoritárias.
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Segundo o mercado de opções de Copom, a probabilidade de manutenção da taxa Selic na próxima reunião do colegiado caiu de 68% ontem para 63% hoje, enquanto a de uma alta de 0,25 ponto aumentou de 31% para 36%.
Ainda há apostas residuais de 1% em uma alta de 0,50 ponto percentual.
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Juros futuros
Assim, a ponta curta da curva de juros futuros, mais sensível à política monetária, opera em alta nesta sexta-feira.
Perto das 10h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 subia de 13,025% para 13,065%; a do DI para janeiro de 2025 passava de 11,76% para 11,77%; a do DI para janeiro de 2026 recuava de 11,485% para 11,465%; e a do DI para janeiro de 2027 caía de 11,415% para 11,375%.
IPCA de agosto
A inflação oficial brasileira, medida pelo IPCA, caiu 0,36% em agosto, após recuo de 0,68% em julho. Foi a menor taxa mensal para agosto desde 1998 (-0,51%). As informações foram divulgadas há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o resultado acumulado em 12 meses atingiu a marca de 8,73%, ante 10,07% no número até julho.
A média dos cinco núcleos do IPCA monitorados pelo Banco Central subiu para 0,66% em agosto, de 0,53% no mês anterior, segundo cálculos da MCM Consultores.
Aumento do índice de difusão
Além disso, o chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de bens e atividades que tiveram aumento de preços, subiu de 62,9% em julho para 65,3% no mês passado, interrompendo a sequência de quatro meses de recuo, segundo cálculos do Valor Data considerando todos os itens da cesta.
Inflação “por dentro”
Segundo o estrategista da Meta Asset Management, Alexandre Póvoa, o “IPCA não veio bom por dentro”, ou seja, impulsionado por bens industriais e serviços subjacentes. A inflação de bens industriais subiu 0,80%, e de serviços subjacentes, 0,73% em agosto.
Com isso, crescem as chances de uma elevação final de 0,25% na próxima reunião do Copom, reforça o analista. “Mas o que mais preocupa é a incrível inércia da inflação, apesar de toda a alta acumulada na taxa Selic, que jogou o juro real brasileiro prospectivo para acima de 8% ao ano”, completou o estrategista.
Por Gabriel Roca, Valor