Instituto americano refaz contas do tarifaço e diz que Trump errou feio, e para cima, nos cálculos

Segundo think tank, Donald Trump usou base de cálculo equivocada para encontrar percentuais de tarifas

O ex-presidente dos EUA,  Donald Trump, gesticula ao retornar ao tribunal durante um recesso em seu julgamento criminal no Tribunal Criminal de Manhattan na quinta-feira (18). Foto: Brendan McDermid/Getty
O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, gesticula ao retornar ao tribunal durante um recesso em seu julgamento criminal no Tribunal Criminal de Manhattan na quinta-feira (18). Foto: Brendan McDermid/Getty

Pouca gente entendeu a equação que levou o governo de Donald Trump a determinar as diferentes tarifas aplicadas aos parceiros comercial dos Estados Unidos ao redor do mundo.

A think tank American Enterprise Institute (AEI), sediada em Washington e ligada aos políticos conservadores, não só entendeu tudo como, inclusive, refez os cálculos.

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No fim, encontrou resultados diferentes dos apresentados pelo presidente norte-americano naquele já famoso quadro retangular onde se lia as tarifas do “Dia da Libertação”. Segundo o instituto, que publicou o estudo em seu site no último final de semana, Donald Trump errou feio , e para cima, na matemática.

Elasticidade da demanda

Como explica a AEI, a Casa Branca, além de analisar o déficit comercial de cada país e as exportações para os EUA, também usou dois itens adicionais para determinar as taxas tarifárias. Foram duas rubricas muito conhecidas em econômica.

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A primeira, a que mede a elasticidade da demanda de importação em relação aos preços de importação.

A segunda, que mede a elasticidade dos preços de importação em relação às tarifas.

“A ideia é que, à medida que as tarifas aumentam, a mudança no déficit comercial dependerá da capacidade de resposta da demanda de importação às tarifas, o que depende de como a demanda de importação responde aos preços de importação e como os preços de importação respondem às tarifas”, apontaram os pesquisadores seniores do AEI, Kevin Corinth e Stan Veuger.

Dado errado

O problema é que a Casa Branca usou um dado que, segundo os pesquisadores, não seria o correto. A Casa Branca adotou para o cálculo a elasticidade dos preços de importação como 0,25. Mas, de acordo com o AEI, o número correto estaria perto de 1. Ou, para ser exato, 0,945.

Os autores do AEI dizem que a Casa Branca pode ter se equivocado e usado a elasticidade dos preços de varejo em vez dos preços de importação.

Entenda a elasticidade da demanda de importação

Para quem nunca ouvir falar no assunto, a elasticidade de damanda de importação é uma forma de medir o quanto a quantidade de um produto importado é impactada quando o preço do produto muda.

Para entender, pense em um celular importado. Se o preço desse celular sobe, ou por tarifas, pelo preço de produção ou pela alta do dólar, a venda dele é impactada negativamente. Algumas pessoas que pensavam em comprar um aparelho importado, posterga a compra ou tenta uma solução caseira, nacional.

Números reais estão abaixo

Segundo a equipe do AEI, ao recalcular as tarifas com base no uso de números corretos, a descoberta é que nenhuma taxa tarifária excederia 14%. A maioria, ao contrário disso, estaria no piso de 10% estabelecido pelo governo Trump.

Segundo as contas do AEI, apenas 12 países teriam tarifas acima de 10%, sendo, do ponto de vista econômico, o Vietnã o mais importante do time, com tarifa de importação de 12,2%.

O primeiro do ranking é o Lesoto, país que é um enclave na África do Sul, com tarifa que seria de 13,2%. O último, com tarifa de 10,1%, seria a Guiana, que faz divisa com o Brasil, ao norte.

Na tabela oficial apresentada por Trump, países da Ásia contam com tarifas na casa de 36%, são os mais taxados. Os europeus são taxados em 20%.

Assim que o mercado digeriu essas informações, e alguns países, como a China, começaram a anunciar retaliações, o mercado aprofundou as perdas, culminando na sangria da manhã desta segunda-feira.

Confira o link para o estudo no site do think tank American Enterprise Institute (AEI).

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