Dívida do Brasil recua, na contramão de emergentes, que bateram recorde de endividamento

A dívida total dos países emergentes cresceu 2,1% em 2022, para US$ 98,2 trilhões, informou o Instituto Internacional de Finanças (IIF). Já a dívida dos países desenvolvidos encolheu 2,8%, a US$ 200,8 trilhões. Com isso, a dívida global teve uma retração de 1,3%, a US$ 299 trilhões, na primeira baixa desde 2015.
“Com os custos de empréstimos em ascensão – especialmente para mercados emergentes – a redução na dívida global foi impulsionada inteiramente pelos mercados maduros, que viram a dívida total cair para cerca de US$ 200 trilhões”, aponta o instituto.
“Por outro lado, a dívida nos mercados emergentes continuou em tendência de alta, atingindo um novo recorde de US$ 98 trilhões em 2022. Rússia, Cingapura, Índia, México e Vietnã viram o maior aumento no valor em dólares de sua dívida pendente”, completa o texto.
Brasil na contramão dos emergentes
A dívida brasileira em 2022 caiu 4,5%, para US$ 211,8 bilhões. Esse total está dividido entre dívida do governo (US$ 85,1 bilhões), empresas não financeiras (US$ 53,0 bilhões), setor financeiro (US$ 42 bilhões) e famílias (US$ 31,7 bilhões).
Com exceção das empresas não financeiras, onde a dívida ficou estável de 2021 para 2022, houve queda nos outros três segmentos, sendo a mais forte (-5,5%) na dívida do governo.
Queda do dólar aliviou dívida brasileira
O dólar caiu 5,3% ante o real no ano passado, o que pode ter contribuído para a queda mostrada pelos números do IIF sobre o Brasil. Ainda assim, a dívida do governo recuou também quando considerada a moeda local.
Segundo dados do Banco Central, a dívida bruta do governo geral terminou 2022 em R$ 7,2 trilhões, ou 73,5% do PIB. No fim de 2021, ela era de 80,3% do PIB.
Relação dívida/PIB
O IIF aponta que, ajudada pela forte atividade econômica e alta inflação, a relação dívida/PIB global caiu mais de 12 pontos percentuais em 2022, para 338% do Produto Interno Bruto (PIB).
Trata-se da segunda queda anual consecutiva, após a forte alta vista em 2020 para lidar com a pandemia de covid-19.
Nos países desenvolvidos, essa relação caiu para 290% do PIB, enquanto nos emergentes aumentou para 250%.
Por Álvaro Campos, Valor
Leia a seguir