Boris Johnson renuncia ao cargo de líder do partido e deixará de ser o primeiro-ministro do Reino Unido

Renúncia ocorre após uma série de crises em seu governo que resultaram em 59 pedidos de demissões nos últimos dias, entre ministros e cargos menores da administração pública

Boris Johnson renunciou ao cargo de líder do Partido Conservador do Reino Unido nesta quinta-feira (07) após uma série de crises em seu governo que resultaram em 59 pedidos de demissões nos últimos dias, entre ministros e cargos menores da administração pública. Ao anunciar sua saída do cargo, ele também deixará de ser o primeiro-ministro do Reino Unido.

Em seu discurso de saída, Johnson disse que concorda com a visão de um dos líderes do Partido Conservador Graham Brady, de que a busca por um novo primeiro-ministro deve começar agora, e que os próximos passos para a definição de um novo líder do Reino Unido serão anunciados na próxima semana.

Johnson disse que nos últimos dias ele lutava não só para se manter no cargo, porque “achava que era minha obrigação continuar com o que prometi em 2019”. Ele elencou o Brexit como um de seus grandes feitos do mandato, e também louvou sua condução da pandemia.

“Estou orgulhoso dos feitos do governo. Conseguimos finalizar o Brexit e reconquistar o poder do país de fazer suas próprias leis. Passamos pela pandemia e fizemos a mais rápida saída do lockdown entre os países europeus, além de liderar o ocidente em ajudar a Ucrânia na guerra”, disse Johnson em seu discurso de renúncia.

Desde terça-feira, uma onda de renúncias tomou o governo do Reino Unido, com mais de 40 demissões de ministros e secretários, forçando Johnson a ver seu poder por um fio em meio à crescente pressão para deixar o cargo. Mas a decisão de destituir nesta quarta-feira o ministro da Habitação, Michael Gove – seu braço direito na campanha de 2016 pelo Brexit –, mostrava que o líder conservador não pretendia cair sem lutar.

A série de renúncias teve como ponto de partida um escândalo sexual envolvendo Chris Pincher, então deputy chief whip do Partido Conservador no Parlamento: ele foi acusado de apalpar dois homens em um clube privado em Londres. Essa acusação causou novos problemas para Johnson. O deputy chief whip é quem garante que parlamentares do partido votem conforme a orientação das lideranças da bancada

Pincher renunciou imediatamente. Ele havia sido nomeado por Johnson para o cargo em fevereiro passado. Depois da primeira acusação, a mídia britânica levantou outros seis casos sobre conduta sexual inapropriada envolvendo Pincher. Ele foi suspenso do Partido Conservador e pediu desculpas, garantindo que procura ajuda. Em julho, o governo afirmou Johnson não sabia de alegações contra Pincher antes de sua nomeação.

Pressão

Boris sobreviveu a um voto de desconfiança no Partido Conservador no começo de junho, conquistando 59% dos votos a seu favor. De acordo com as regras partidárias, quando sobrevivem a uma dessas votações, os líderes do partido não podem ter o cargo posto à prova de novo durante um ano.

Muitos conservadores pediram a mudança das normas internas do partido para acabar com essa imunidade. Uma reunião do grupo que decide as regras, chamado de Comissão 1922, estava marcada para as 13h de Brasília, mas foi adiada porque, segundo a imprensa britânica, alguns de seus membros consideravam a queda de Boris inevitável.

‘Partygate’

O premier britânico é confrontado desde o final de 2021 com o escândalo conhecido como “partygate”, marcado pela realização de festas na sede do governo durante os períodos de quarentena contra a Covid-19.

É também acusado de adotar posição leniente diante de denúncias de má conduta de aliados, como Chris Pincher, que nomeou como vice-chefe do governo no Parlamento. Além disso, o Reino Unido passa por um momento econômico difícil, com queda do PIB por dois trimestres neste ano, inflação alta e greves.

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