Warren Buffett e Bill Gates sorriem enquanto Trump afunda bilionários com guerra tarifária

A gestão proativa do risco, como a construção de reservas de caixa de Buffett, e a diversificação inteligente de ativos, como praticada por Gates, são estratégias inteligentes para lidar com volatilidade e risco

As frases de Warren Buffett que selecionamos engloba a venda de ações da Apple (AAPL), investimento que deu errado, o futuro dos negócios, entre outros - (Foto: Rick Wilking/File Photo/File Photo/Reuters)
As frases de Warren Buffett que selecionamos engloba a venda de ações da Apple (AAPL), investimento que deu errado, o futuro dos negócios, entre outros - (Foto: Rick Wilking/File Photo/File Photo/Reuters)

Donald Trump completou os primeiros 100 dias de seu governo. Com toda a instabilidade gerada pelas suas ações, quase todos os bilionários estadunidenses sofreram perdas significativas em suas fortunas.

Contudo, Warren Buffett e Bill Gates conseguiram ficar ainda mais ricos.

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E isto traz lições valiosas para os investidores de todos os portes. Por quê?

Ao completar os primeiros cem dias da gestão Trump, Wall Street experimentou um dos inícios de ano mais desafiadores das últimas cinco décadas.

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Os índices de maior referência para o mercado, o S&P 500 e o Dow Jones, registraram quedas acumuladas próximas a 8%.

Há vários fatores que contribuem para essa performance negativa, mas o principal é a guerra tarifária contra o resto do mundo anunciada pelo governo dos Estados Unidos.

Neste contexto, a quase totalidade dos bilionários estadunidenses sofreu fortes perdas patrimoniais, mas duas exceções se destacam: Warren Buffett e Bill Gates que conseguiram ficar ainda mais ricos, apesar do cenário adverso.

O maior perdedor até aqui é justamente (e ironicamente) um dos maiores apoiadores de Trump, o empresário Elon Musk, com perda estimada da ordem de US$ 45 bilhões.

A Forbes divulgou alguns dos maiores perdedores até agora:

Bilionário (empresa)Perda (US$ bilhões)Fortuna (US$ bilhões)
Elon Musk (Tesla, Space X)US$ 45 bilhõesUS$ 389 bilhões
Jeff Bezos (Amazon)US$ 35 bilhõesUS$ 205 bilhões
Larry Ellison (Oracle)US$ 28 bilhõesUS$ 176 bilhões
Larry Page (Google)US$ 27 bilhõesUS$ 134 bilhões
Sergey Brin (Google)US$ 26 bilhõesUS$ 128 bilhões
Jensen Huang (Nvidia)US$ 25 bilhõesUS$ 95 bilhões
Mark Zuckerberg (Meta)US$ 22 bilhõesUS$ 190 bilhões
Michael Dell (Dell)US$ 17 bilhõesUS$ 98 bilhões
Stephen Schwarzman (Blackstone)US$ 11 bilhõesUS$ 42 bilhões
Steve Ballmer (Microsoft)US$ 8 bilhõesUS$ 118 bilhões

A lista dos maiores perdedores engloba a maioria dos magnatas das chamadas big techs, muitos dos quais são apoiadores de Donald Trump e alguns deles até participam do governo, como Elon Musk.

Ainda assim, a guerra comercial promovida por meio das tarifas, bem como toda a instabilidade do governo Trump, levou a que perdessem muito dinheiro.

O próprio Donald Trump também teve sua fortuna diminuída, com uma perda de US$ 1,5 bilhão, causada principalmente pela queda nos preços das ações de sua empresa Trump Media & Technology Group.

Mas também tivemos ganhadores.

Alguns dos vencedores

A lista dos vencedores também é bilionária, mas em escala bem inferior à dos perdedores, em termos de variação da fortuna.

Peter Thiel, investidor e ex-CEO da PayPal, ganhou US$ 4,9 bilhões, enquanto os filhos de Sam Walton, fundador da Walmart, ganharam cerca de US$ 3 bilhões cada um.

Contudo o que realmente chama a atenção neste cenário tão adverso são dois ganhadores famosos: Bill Gates ganhou US$ 2,5 bilhões enquanto Warren Buffett ganhou incríveis US$ 19,6 bilhões.

Fazendo uma análise entre vencedores e perdedores, neste cenário tão complexo, é possível tirar algumas lições valiosas para os investidores em geral, mesmo para aqueles com poucos recursos.

Lições para os investidores

1) A importância do controle da exposição ao risco:

Warren Buffett foi tão vencedor neste cenário principalmente porque ao longo dos últimos dois ou três anos foi se preparando para ele, reduzindo sua exposição a ações, vendendo empresas que ele possuía há anos, mas considerava que estavam “caras” e deixando uma imensa fortuna em caixa.

Atualmente, a Berkshire Hathaway acumula algo em torno de US$ 330 bilhões em caixa, com grande parte aplicados em títulos de curtíssimo prazo do Tesouro dos Estados Unidos.

Essa redução da exposição ao risco ajudou (e muito) a enfrentar o cenário caótico e adverso dos primeiros 100 dias de governo Trump.

2) Diversificação

Steve Ballmer, ex-CEO da Microsoft perdeu US$ 8 bilhões, ao mesmo tempo que Bill Gates, fundador da mesma empresa ganhou US$ 2,5 bilhões, o que explica essa aparente contradição?

A questão é que Ballmer estava com seus investimentos concentrados na Microsoft, enquanto Bill Gates diversificou fortemente seus investimentos ao longo do tempo. Neste cenário fez toda a diferença.

Peter Thiel também é um investidor diversificado. O próprio Warren Buffett, por meio da Berkshire Hathaway possui mais de cem companhias em sua carteira de investimento, entre empresas de capital aberto e fechado.

Bem diferente da lista dos maiores perdedores, os quais, em geral estão concentrados em uma ou duas empresas.

3) Participar do governo não garante ganhos, necessariamente

Uma crença bem disseminada entre os investidores é que os “tubarões” (os grandes investidores) possuem uma imensa vantagem sobre as “sardinhas” (os pequenos investidores), especialmente quando participam do governo ou estão ligados ao governo, por possuírem acesso a informação em primeira mão e poder decisório.

Claramente isto não ocorreu no governo Trump. Elon Musk, o maior perdedor, foi nomeado para um cargo público, chefiando o departamento de eficiência governamental (DOGE na sigla em inglês) e mesmo assim perdeu US$ 45 bilhões. Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, apoiadores de Trump, estiveram na cerimônia de posse e ainda assim perderam dezenas de bilhões de dólares.

Até o próprio presidente Trump perdeu US$ 1,5 bilhão. Tudo isso contrasta novamente com Buffett, o qual não participa da política e mesmo se recusa a comentar publicamente sobre o assunto e ganhou US$ 19,6 bilhões.

Resumindo

As lições extraídas desse período tão conturbado podem ser muito valiosas para investidores de todos os portes.

A gestão proativa do risco, como a construção de reservas de caixa por Buffett antes da turbulência, e a diversificação inteligente de ativos, como praticada por Gates, provaram ser estratégias interessante para lidar com a volatilidade.

Além disso, não necessariamente a proximidade com o poder dá vantagem aos tubarões em relação às sardinhas.

Um bom controle de exposição ao risco, carteira diversificada e foco em curto prazo são estratégias que permitem mitigar cenários adversos e até lucrar com eles, em alguns casos.

Adotar estas estratégias é inteligência financeira.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

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