Bitcoin despenca 8% após efeitos da guerra comercial de Trump

O Bitcoin caiu 8% atingindo o menor nível desde novembro de 2022, impulsionado pelo medo de uma guerra comercial e estagflação nos EUA.

O bitcoin (BTC) opera em forte queda nesta segunda-feira (7) seguindo o desempenho das bolsas internacionais em meio ao pânico por conta dos efeitos da guerra comercial promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No Japão, o índice Nikkei caiu 7,8%, ao passo que o Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, teve perdas de 13,2%, as maiores desde a crise financeira asiática de 1997. Nos EUA e na Europa, a maior parte dos índices acionários cai mais de 4%.

Com a queda de hoje, o bitcoin está em seu menor nível de preço desde o dia 9 de novembro do ano passado, quando chegou a valer US$ 75.732 na mínima intradiária. Já o ether, segunda maior criptomoeda do mundo em valor de mercado, está em sua mínima desde 12 de março de 2023, quando chegou a ser negociado a US$ 1.452.

Perto das 10h37 (horário de Brasília), o bitcoin cai 8% em 24 horas, cotado a US$ 75.878 e o ether, moeda digital da rede Ethereum, desaba 15,6% a US$ 1.487, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo atualmente é de US$ 2,52 trilhões. Em reais, o bitcoin recua 7% a R$ 451.555, de acordo com valores fornecidos pelo Cointrader Monitor.

Entre as altcoins (as criptomoedas que não são o bitcoin), o XRP, token de pagamentos internacionais da Ripple, despenca 14,2% a US$ 1,76. Já a solana tem queda de 11,7% a US$ 101,50 e o BNB (token da Binance Smart Chain) recua 6,8% a US$ 542,70.

Segundo Beto Fernandes, analista da Foxbit, o sell-off do mercado hoje não acompanha só o temor de que os EUA entrem em uma estagflação, como também a possibilidade de um aumento na inflação global. Depois que a China anunciou uma tarifa retaliatória de 34% sobre produtos importados dos EUA, Fernandes aponta que os investidores estão receosos de que a União Europeia vá pelo mesmo caminho. No dia 2 de abril, Trump anunciou tarifas recíprocas de 20% sobre o bloco, elevando a taxação total das mercadorias europeias a 39%.

“Isso coloca o tarifaço em uma bola de neve que tende a crescer de forma rápida e intensa, espalhando o medo em todos os mercados”, afirma o analista. Para Fernandes, o grande problema para os EUA é que o tarifaço pode não trazer os efeitos necessários para uma possível reindustrialização do país. “Ao contrário, isso pode criar o efeito de estagflação, em que a economia retrai, e a inflação acelera, enquanto os países mais afetados pelas tarifas buscam outros parceiros comerciais.”

Bernardo Bonjean, fundador da Metrix, comenta que a taxa de financiamento (funding rate) do bitcoin, que representa a diferença entre o preço do mercado de futuros perpétuos e valor à vista do ativo subjacente, atingiu o menor nível dos últimos três meses e aponta para um menor apetite por risco por parte dos traders. Por outro lado, Bonjean destaca que a hashrate do bitcoin (que mede a velocidade de resolução de um código da blockchain) chegou ao maior nível da história, apontando para a robustez da rede.

Por fim, Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, lembra que o bitcoin chegou a bater US$ 74.508 no domingo. “Embora no curto prazo tenha entrado um alto volume financeiro durante a queda, sugerindo possível absorção por parte dos compradores, é importante analisar o gráfico diário, que mostra que ainda há espaço para mais quedas”, avalia.

De acordo com a analista, se houver continuidade de baixa, o bitcoin poderá buscar a faixa dos US$ 69.000 como suporte de longo prazo. “Mas vale ressaltar que diante dessa queda o preço do bitcoin torna-se atrativo para realizar compras fracionadas pensando no longo prazo”, pondera. Ana considera que a entrada de força compradora pode levar o preço da criptomoeda até suas resistências de curto e médio prazo, que estão nas faixas de US$ 79.100 a US$ 82.300.

Nos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista que operam nas bolsas americanas, foi registrado na sexta (4) um saldo líquido negativo de US$ 64,9 milhões. Os dois principais responsáveis pelo resultado foram o GBTC, da Grayscale, com US$ 25,2 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras, e o ARKB, da Ark Invest, com US$ 21,8 milhões.

Entre os ETFs de ether, a sexta foi de fluxo positivo de US$ 2,1 milhões, interrompendo uma sequência de três pregões de saldo negativo. O EZET, da Franklin Templeton, foi responsável por todo o dinheiro que entrou neste tipo de fundo.

07/04/2025 10:54:54

*Com informações do Valor Econômico

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