CEO da Embraer: tarifas não vão atrapalhar meta de receita de US$ 10 bi antes de 2030

- A Embraer mantém a meta de receita líquida de US$ 10 bilhões até 2030, mesmo com tarifas comerciais dos EUA.
- O CEO afirma que a indústria aeronáutica sempre operou com tarifas zeradas e busca soluções.
- A empresa projeta receita de US$ 7 bi a US$ 7,5 bi em 2025, crescimento de 20%.
- Entregas de aeronaves da Embraer cresceram 20% no primeiro trimestre de 2025.
- Eve, braço de mobilidade aérea da Embraer, planeja primeiro voo teste do eVTOL ainda em 2025 e entrada em operação comercial em 2027.
- A Eve prevê a oficialização de encomendas de 2,8 mil unidades do eVTOL gerando US$ 14 bilhões. Estreia dos BDRs da Eve na B3 deve acontecer ainda em 2025.
Empresas citadas na reportagem:
A imposição pelos Estados Unidos (EUA) de tarifas comerciais generalizadas não vai atrapalhar a meta da Embraer (EMBR3) de atingir uma receita líquida de US$ 10 bilhões nos próximos anos, disse nesta terça-feira (8) o presidente-executivo da fabricante brasileira de aeronaves, Francisco Gomes Neto
“Vamos atingir US$ 10 bilhões de receita (liquida) antes de 2030, isso excluindo os resultados da Eve”, disse Gomes Neto durante o Brazil Investment Forum, evento anual do Bradesco BBI.
Segundo o executivo, por razões específicas desse mercado, a indústria aeronáutica sempre operou com tarifas zeradas.
“Vamos entender isso melhor como isso vai ficar, mas a tendência é encontrar alguma solução”, disse Gomes Neto a jornalistas em seguida.
Analistas vêm traçando diferentes cenários para a companhia desde semana passada, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifas para praticamente todos os parceiros comerciais do país.
O Brasil foi um dos menos afetados, com alíquota de 10%.
O Citi estimou que as medidas terão impacto de 9% nas receitas da Embraer. O BTG Pactual não fez um estimativa, mas adiantou que a companhia deve ser uma das brasileiras mais atingidas pelas medidas, também porque os EUA são o principal destino de suas exportações.
Esse conjunto fez o valor de mercado da companhia cair cerca de 20% desde então.
Isso acontece num momento de fortes resultados da companhia. Na semana passada, a Embraer anunciou que suas entregas de aeronaves a clientes no primeiro trimestre de 2025 cresceram 20% ante mesma etapa do ano passado.
No mesmo evento do Bradesco BBI, o vice-presidente de finanças e relações com investidores da Embraer, Antonio Garcia, frisou que a expectativa da empresa é ter uma receita líquida de US$ 7 bi a US$ 7,5 bi neste ano, uma expansão de cerca de 20% ante os US$ 6,4 bilhões de 2024.
“A gente ainda não viu motivação para mexer nas previsões para este ano”, disse Garcia.
Eve decola ainda em 2025, na pista e na B3
Já Luís Carlos Affonso, vice-presidente de engenharia da Eve Air Mobility, atualizou as próximas etapas do processo de lançamento do eVTOL, táxi aéreo da companhia.
De acordo com o engenheiro, o primeiro voo teste do eVTOL acontecerá ainda neste ano. Com isso, a expectativa é de que os clientes, que têm cartas de intenção para compra de 2,8 mil unidades do modelo, oficializem as encomendas, que podem gerar um total de US$ 14 bilhões para a empresa.
A expectativa da Embraer é de que os primeiros eVTOL entrem em operação comercial em 2027.
Mas ainda neste ano, deve acontecer a estreia das negociações com BDRs (recibos de ações) da Eve na B3.
Ao contrário da Embraer, que tem ações na bolsa paulista e ADRs (recibos de ações) em Nova York, a Eve já é listada no mercado norte-americano.
Ainda segundo Affonso, à medida que o mercado de aviação se prepara para entrada em operação dos EVTOLs, a tendência é de que diminua o número de players, dadas as dificuldades técnicas, regulatórias e financeiras envolvidas.
No futuro, poucas empresas do setor vão sobreviver, provavelmente menos que 10, disse ele.
O executivo disse ainda que, a Eve já faz planos de ter outra fábrica de eVTOLs fora do Brasil, quando sua unidade atual, no interior paulista, atingir uma produção passar de 400 unidades por ano. Mas ele não revelou em que país deve ser a próxima fábrica.
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