Suzano (SUZB3) lucra R$ 6,3 bilhões no 1º trimestre impulsionada por efeitos cambiais
CEO indica que companhia pretende direcionar esforços para aumentar nível de competitividade, sendo mais disciplinada com custos e investimentos
A Suzano (SUZB3), maior produtora de celulose de mercado do mundo, registrou lucro líquido de R$ 6,3 bilhões no primeiro trimestre, ante lucro de R$ 220 milhões um ano antes. O resultado positivo é explicado sobretudo pelo impacto positivo da desvalorização cambial sobre a dívida em moeda estrangeira e em operações com derivativos.
De janeiro a março, a companhia obteve receita líquida de R$ 11,5 bilhões, alta de 22% em relação ao mesmo período do ano passado. No intervalo, o preço médio líquido da celulose vendida pela Suzano no mercado externo ficou em US$ 556 por tonelada, 11% menor do que o registrado um ano antes. Já o preço médio líquido do papel avançou 12%, para R$ 7.750. Da receita líquida total, 81% foram gerados no mercado externo.
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As vendas em volume da Suzano somaram 3 milhões de toneladas, das quais 2,6 milhões de toneladas de celulose e 390 mil toneladas de papéis, 12% acima do registrado no primeiro trimestre de 2024. Em celulose, houve avanço de 10% e em papel, alta de 25% no volume comercializado.
O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da companhia cresceu 7%, para R$ 4,8 bilhões, com margem Ebitda de 42%, comparável a 48% um ano antes. Frente ao quarto trimestre, porém, a margem caiu quatro pontos percentuais. Já a geração de caixa operacional foi 5% maior na comparação anual, com R$ 2,6 bilhões.
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O resultado financeiro líquido da Suzano foi positivo em R$ 7,6 bilhões, comparável a R$ 3 bilhões em despesa financeira líquida no mesmo trimestre de 2024. As variações cambiais e monetárias aumentaram o resultado financeiro da companhia em R$ 5,2 bilhões em decorrência da valorização de 7% do real frente ao dólar de fechamento do quarto trimestre do ano passado.
A dívida líquida da Suzano medida em dólar ficou em US$ 12,9 bilhões, ante US$ 12,8 bilhões um ano antes, marcada pelo desembolso de juros sobre capital próprio de R$ 2,2 bilhões. Em dezembro, a alavancagem financeira da empresa estava em três vezes em dólar, ante 2,9 ao final de dezembro de 2024, dada a leve queda do Ebitda ajustado dos últimos 12 meses e a pequena elevação da dívida líquida.
O que esperar da Suzano (SUZB3) agora?
Em meio a um cenário de maior instabilidade global, a Suzano pretende direcionar seus esforços para aumentar seu nível de competitividade, sendo mais disciplinada com custos e investimentos.
“A estratégia da companhia está inalterada, mas é fundamental olhar o ambiente de risco. Seremos ainda mais criteriosos na alocação de capital, exigindo faixas de retorno e geração de valor diante de qualquer oportunidade”, disse Beto Abreu, presidente da Suzano, ao Valor.
Segundo Abreu, as tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump, ainda não impactaram na demanda da companhia, mas há cautela. “Precisamos de mais tempo para ver como as discussões entre EUA e China vão terminar, pois a preocupação é sempre com o crescimento da economia como um todo. Esse tipo de ambiente comercial traz mais inflação e menos demanda, e essa é a grande variável que qualquer setor está observando”, disse.
Por outro lado, a maior incerteza causada por essa disputa teve impacto nas negociações de preços da companhia. Desde dezembro, a Suzano vinha implementando aumentos consecutivos nos preços da celulose nos principais mercados em que atua.
Segundo Marcos Assumpção, diretor financeiro e de relação com investidores, os reajustes de janeiro e fevereiro foram realizados, mas os de março não avançaram. “As negociações de volume e preço acontecem no final do mês, e toda a questão sobre as tarifas acabou impactando negativamente nas discussões de preços”, afirmou. De janeiro a março, o preço médio líquido da celulose da Suzano foi de US$ 556 a tonelada, redução anual de 11%.
A companhia também acompanha com atenção o mercado de revenda (“resale”) de celulose, que teve uma queda de preços significativa desde o anúncio das tarifas, atingindo patamar inferior a US$ 500 recentemente. “Claro que vai depender do volume disponível que o ‘resale’ tem para vender, mas esse é um número que não ajuda nas negociações”, afirma Abreu.
Em relação à estratégia de alocação de capital, Abreu disse que a companhia “é agnóstica em relação a regiões” e que qualquer decisão será analisada “à luz do ambiente competitivo que temos hoje”. O Valor apurou que a Suzano é uma das interessadas nos ativos de celulose da International Paper na América do Norte. Também estariam na disputa a chilena CMPC e o grupo cingapurense Royal Golden Eagle (RGE) — dono da Bracell. A empresa não comenta.
Com informações do Valor Econômico