Comércio ilegal de combustíveis é desafio do setor, afirma CEO da Rede Ipiranga
Rede Ipiranga, da Ultrapar (UGPA3), sofre com distribuidoras ilegais e a chamada 'bomba branca', disse executivo

O comércio irregular de combustíveis no Brasil é um entrave para o amadurecimento do mercado de distribuição no Brasil e “continua um desafio”, afirmou nesta sexta-feira (6) o CEO da rede de postos de combustível Ipiranga, Leonardo Remião Linden. A rede faz parte da holding Ultrapar (UGPA3).
Em evento com investidores da Ultrapar, Linden explicou que o mercado de combustíveis no Brasil vem se tornando cada vez menos dependente do suprimento da Petrobras, ao mesmo tempo em que se abre ao comércio internacional.
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A preocupação da Ultrapar (UGPA3) com clandestinas
O CEO da Ipiranga apontou que o mercado de combustíveis “vem crescendo consistentemente” no Brasil, apesar de discussões sobre alternativas sustentáveis.
Neste ano, o setor, que combina a distribuição de gasolina, etanol e diesel, deve crescer 5%, disse Linden. Contudo, a participação de distribuidoras que atuam no mercado irregular subiu de 13% para 17% em sete anos, de acordo com dados da Ultrapar (UGPA3)
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O executivo apontou motivos para o crescimento do comércio irregular. Entre eles, a importação irregular de nafta, material usado na produção de gás, e aumento do volume de entrada de combustíveis pelo Amapá.
Ao divulgar seu resultado de segundo trimestre, a Ultrapar (UGPA3) calculou que distribuidoras ilegais, inclusive àquelas ligadas ao crime organizado, geraram perda de R$ 30 bilhões ao grupo, incluindo a Ipiranga.
Linden também sinalizou aumento de casos da chamada ‘bomba branca’ em postos. Trata-se de uma estação de abastecimento de bandeira branca, portanto, sem marca definida, que autoriza a revenda de combustíveis de outras bandeiras.
A ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) permite a comercialização em postos de bandeira branca, desde que as bombas tenham o adesivo da distribuidora.
“É um elemento estranho no modelo (do mercado). Não faz o menor sentido, sabendo que é muito difícil de controlar. Não tem segregação. O tanque de gasolina abastece de três a quatro bombas, então não é apenas uma bomba branca”, indicou o CEO da Rede Ipiranga.
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Mas o CEO demonstrou otimismo com o cenário à frente.
“Foi aprovado o regime monofásico da gasolina e diesel, o que diminui um pouco as distorções tributárias”, disse Linden.
O diretor-executivo da rede de postos da Ultrapar comentou que cassações de licenças de distribuidoras “recorrentemente ilegais” e um ambiente de negócios mais combativo aliviam os problemas enfrentados.
“Estou há 34 anos no setor. Essa exposição e mobilização que vemos hoje sobre o mercado irregular eu nunca tinha visto. Eu vejo essa situação com grau de preocupação, mas também de otimismo.”
De acordo com relatório do Bradesco BBI, o aumento na fiscalização do mercado de combustível irregular beneficia não somente a Ultrapar (UGPA3). Ela tende a ajudar também a produtora de etanol Raízen (RAIZ4) e a distribuidora Vibra (VBBR3).