Magalu (MGLU3) fala em disciplina e foco após queda no lucro no 1º trimestre de 2025
Empresas citadas na reportagem:
O Magazine Luiza (MGLU3) sentiu a piora no ambiente de consumo no on-line, e praticamente não cresceu em vendas totais de janeiro a março — algo que ocorre pela primeira vez, para este período, desde que o grupo passou a publicar a informação consolidada, em 2018. Ainda teve uma menor diluição de despesas frente à receita, e pior resultado financeiro, pelo efeito da alta nas taxa de juros.
Nesse ambiente, o lucro líquido contábil caiu 54,3%, para R$ 12,8 milhões — o valor ajustado recuou 62,5%, para R$ 11,2 milhões.
A varejista ainda fechou o trimestre no azul porque conseguiu uma melhora no Ebitda, de 11% (o indicador que mede lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação), com ajuda de sua financeira Luizacred, e porque seus custos com produtos vendidos cresceram menos que a receita, e isso ajudou na margem bruta.
Esse índice atingiu 30,6% de janeiro a março, alta de 0,7 ponto percentual frente a 2024, em parte, porque o Magalu manteve a estratégia, que já vem de alguns trimestres, de não trocar rentabilidade por mais venda — e nesse segmento, altamente dependente de crédito (caro) ao consumidor, é preciso fazer escolhas.
A margem tem vindo, em parte, do crescimento da receita de serviços, como comissão com o “marketplace”, publicidade digital e venda de seguros, que ajudou a compensar parte do efeito da escalada da taxa Selic.
Resultado Magalu (MGLU3)
Em sua mensagem no material de resultados, a diretoria fala que, pelo atual cenário macroeconômico, ainda é preciso “disciplina e foco”, mas que houve efeito de seu modelo de negócio no resultado final e nas margens.
Em entrevista, Roberto Bellissimo Rodrigues, diretor executivo financeiro e de relações com investidores, diz que o mercado de bens duráveis anda devagar, e mesmo assim, a empresa focou no repasse dos juros mais altos ao mercado consumidor (ela já havia feito isso quando mudou uma regra do ICMS em 2023) sem que a venda caísse.
“Não vamos voltar a crescer fazendo um ‘trade-off’ [entre receita e margem] num ambiente com juros a quase 15% ao ano. Isso não compensa. Nós ainda esperamos acelerar um pouco as vendas no ano de forma sustentável e com investimentos em ações que tragam rentabilidade e crescimento”, disse ele
Perguntado sobre o fôlego desse modelo, caso as vendas passem a desacelerar mais, Bellissimo cita estratégias em andamento que tendem a melhorar o resultado final, como lançamento de novos serviços financeiros neste ano, como empréstimos e opções de investimento de clientes em CDB, por meio de uma nova financeira já anunciada, e ações para tentar aumentar a venda de serviços de armazenagem e entrega (“fulfillment”) aos lojistas do marketplace.
Pelo balanço, a companhia perdeu vendas no comércio on-line de janeiro a março, com recuo de 2,3% frente ao ano anterior. Tanto a receita da empresa quanto de lojistas terceiros caíram no digital, num ambiente de consumo mais pressionado por juros.
Porém, o grupo cresceu 6,2% em lojas físicas, só que esse aumento não foi capaz de acelerar tanto a venda total. No trimestre, ao considerar on-line (estoque próprio e de terceiro) e as lojas, a venda geral subiu tímidos 0,2%, para R$ 16,1 bilhões.
De qualquer maneira, são as lojas físicas do Magalu que têm conseguido manter o índice total no campo positivo já há alguns meses, especialmente pelo bom desempenho das lojas mais antigas — aquelas com mais de 12 meses cresceram 7,1% de janeiro a março.
Houve alta de 0,9% na receita bruta, para R$ 11,6 bilhões, e o peso das despesas operacionais sobre a receita subiu de 22,5% para 23% — apesar da alta, a empresa diz estar em linha com trimestres anteriores.
No braço financeiro, as despesas responderam por 5,2% da receita líquida, alta de 0,9 ponto por causa da curva de juros.
Pelo lado do caixa, o Magalu conseguiu consumir menos recursos frente a 2024 — o consumo ocorre historicamente no primeiro trimestre, quando se paga a indústria das vendas de fim de ano.
Isso aconteceu porque a rede monetizou impostos no resultado e reduziu estoques, compensando parcialmente o volume de pagamentos a fornecedores.
“A gente deve continuar com a otimização dos estoques e monetização de impostos para melhorar a geração de caixa em 2025”, disse Bellissimo.
Ao final do primeiro trimestre, a posição total de caixa alcançou R$ 6,7 bilhões — menos que os R$ 9 bilhões de um ano atrás, por causa do pagamento de dívidas.
Sobre endividamento, eram R$ 4,6 bilhões em dívida bruta, e ao se descontar caixa, aplicações e recebíveis (a rede soma esse valor a receber nessa linha), sobra um caixa líquido de R$ 2,1 bilhões. Um ano atrás, esse caixa final era de R$ 2,4 bilhões.
Com informações do Valor Econômico
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